OEA vê uso sem precedentes de "fake news" no Brasil
25 de outubro de 2018
Chefe da missão de observação nas eleições brasileiras diz que é primeira vez que se observa uso do Whatsapp para ampla disseminação de notícias falsas.
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A chefe da missão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) nas eleições no Brasil, Laura Chinchilla, declarou nesta quinta-feira (25/10) que o fenômeno das notícias falsas durante a campanha eleitoral brasileira talvez não tenha precedentes em outra democracia.
Chinchila se encontrou em São Paulo na manhã desta quinta-feira com o candidato do PT, Fernando Haddad, que apresentou uma série de denúncias sobre violência política, divulgação de notícias falsas e financiamento ilegal.
Segundo Chinchilla, a OEA tomou nota das acusações, transmitiu-as às autoridades eleitorais e comprometeu-se a dar prosseguimento a elas.
Após o encontro com Haddad, a chefe da missão da OEA afirmou que o Whatsapp é uma rede que apresenta muitas complexidades para as autoridades poderem acessá-la e fazer investigações.
"É a primeira vez numa democracia que estamos observando o uso do WhatsApp para disseminar maciçamente notícias falsas, como no caso do Brasil", disse a ex-presidente da Costa Rica.
Segundo Chinchilla, tal uso requereu "instrumental técnico e jurídico" diferente daquele utilizado na eleição nos EUA, onde as redes sociais usadas para divulgar fake news foram principalmente o Twitter e o Facebook.
O organismo regional manifestou preocupação com a intensificação da disseminação de conteúdo falso no Brasil e assegurou que as autoridades se viram "esmagadas" diante desse fenômeno.
"A questão das notícias falsas está pegando de surpresa quase todas as democracias do mundo. Já vimos que muitas vezes as autoridades estão sobrecarregadas pelo fenômeno das fakenews porque ele é recente e de dimensões ainda não consideradas", afirmou a chefe da missão da OEA.
Chinchilla afirmou que a OEA não teve a oportunidade de discutir o assunto com o candidato Jair Bolsonaro ou qualquer membro de seu partido, mas expressou a disposição da organização de se encontrar com ele antes da eleição de domingo. Ela disse que também recebeu denúncias do PSL, as quais, segundo ela, foram enviadas às autoridades eleitorais.
Na semana passada, a Polícia Federal abriu um inquérito investigar a disseminação em massa de mensagens falsas contra Haddad e Bolsonaro.
Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou uma investigação, a pedido do PT, para averiguar se empresas financiaram o envio maciço de mensagens falsas para beneficiar a campanha do capitão reformado do Exército.
CA/efe/ots
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1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.