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SaúdeChina

Missão da OMS em Wuhan encerra quarentena

28 de janeiro de 2021

Especialistas deixam hotel num ônibus e devem iniciar em breve investigação para determinar origem do novo coronavírus. Presença deles é sensível para o regime chinês, que quer evitar responsabilidade pela pandemia.

Especialistas da OMS deixam hotel onde estavam hospedados, em Wuhan
Especialistas deixam hotel onde estavam hospedados, em WuhanFoto: Ng Han Guan/AP Photo/picture alliance

Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) encerraram nesta quinta-feira (28/01) o período de quarentena obrigatório, devido à pandemia de covid-19, após terem entrado na China, e deverão iniciar em breve sua investigação sobre a origem do novo coronavírus.

Eles foram vistos saindo do hotel onde cumpriram os 14 dias de quarentena, em Wuhan, e entrando num ônibus, que os levou para outro hotel, a cerca de 30 minutos de distância. O itinerário deles nos próximos dias não foi divulgado pela OMS.

O objetivo inicial da missão é encontrar a possível origem animal do coronavírus Sars-CoV-2, causador da covid-19, e identificar através de quais canais ele foi transmitido aos seres humanos. Wuhan é a cidade onde o novo coronavírus foi pela primeira vez detectado, no fim de 2019.

Segundo o diretor regional para a Europa da OMS, Hans Kluge, a equipe usou os primeiros 14 dias para a troca de informações com colegas chineses. Ele avaliou as duas primeiras semanas como produtivas. A missão permanecerá mais duas semanas na China.

Especialistas da OMS e independentes já disseram que pode levar anos para que se determine a origem do novo coronavírus e que não há garantias de que respostas serão encontradas.

China e EUA trocam acusações

A China criticou comentários feitos pelo governo dos Estados Unidos sobre a missão e acusou Washington de tentar politizar a investigação sobre a origem do novo coronavírus.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que os EUA vão avaliar a credibilidade do relatório sobre a investigação e expressou preocupação com a desinformação oriunda da China. "É imperativo chegar ao fundo desta questão", afirmou.

O governo da China afirmou, em resposta, que os comentários são uma interferência política desnecessária no trabalho dos especialistas, "o que não é propício a resultados científicos sérios".

O ex-presidente americano Donald Trump acusou a OMS de estar sob as ordens de Pequim e retirou os EUA da organização.

Missão sensível para Pequim

A presença de dez especialistas internacionais é considerada sensível para o regime chinês, que quer evitar qualquer responsabilidade por uma pandemia que já matou mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo.

A imprensa estatal e as autoridades têm difundido informações que indicam que o vírus teve origem no exterior, possivelmente via importação de alimentos congelados, o que é rejeitado pela OMS. Por vezes apontam para a Itália, outras vezes para Estados Unidos ou até para Índia como locais de origem da doença.

"Não é uma questão de encontrar um país ou autoridades responsáveis. É uma questão de entender o que aconteceu para reduzir os riscos no futuro", ressaltou o epidemiologista Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch, responsável pela prevenção e controle de doenças na Alemanha. "É preciso entender o que aconteceu para evitar que volte a acontecer", acrescentou o cientista, que participa da missão.

as/lf (Lusa, AP, AFP, DPA)

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