Mississippi vai aposentar bandeira associada ao racismo
29 de junho de 2020
Legisladores aprovam substituir bandeira do estado com antigo emblema dos confederados, que lutaram para preservar a escravidão. Votação ocorre na esteira de protestos pela remoção de símbolos associados ao racismo.
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Legisladores do estado americano do Mississippi aprovaram neste domingo (28/06) a remoção do símbolo confederado de sua bandeira. A decisão ocorre na esteira dos protestos antirracismo nos Estados Unidos, que deram novo impulso para a remoção de símbolos racistas do passado.
A medida foi aprovada por 91 votos contra 23 na Câmara dos Representantes do estado. Poucas horas depois, o Senado estadual aprovou o projeto por 37 votos a 14.
"Em nome da história, se você é preto ou branco, rico ou pobre, democrata ou republicano, peço que hoje você se posicione em nome da história", exortou o senador democrata Derrick T. Simmons a seus colegas antes da votação. "Vamos votar hoje no Mississippi de amanhã."
Senadores comemoraram o resultado com aplausos e abraços.
O Mississippi era o último estado americano a incorporar a antiga bandeira de batalha originalmente associada às tropas confederadas em sua bandeira oficial. Em 2003, o estado da Geórgia já havia aposentado o símbolo.
Quase 40% da população do estado é formada por negros. Críticos da bandeira afirmavam ser moralmente errado que a bandeira exibisse um símbolo associada a uma história de racismo. Já defensores mais neutros da bandeira argumentavam que o símbolo deveria permanecer por causa da tradição. Já grupos racistas defendiam a manutenção do símbolo justamente por causa da sua associação com a opressão.
Em 2001, um projeto submetido a uma consulta popular havia fracassado no estado, com os eleitores votando pela manutenção da bandeira com o símbolo confederado.
A bandeira com estrelas em linhas cruzadas foi usada inicialmente por algumas tropas do sul dos EUA durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), quando líderes de vários estados americanos lideraram uma tentativa de secessão do restante dos EUA para tentar preservar a escravidão. Em 1863, uma versão mais primitiva da bandeira foi adotada informalmente como o emblema dos Estados Confederados da América.
Nas décadas seguintes ao fim da guerra, vários dos estados que foram derrotados acabaram resgatando os antigos símbolos dos confederados, ao mesmo tempo em que impunham leis de segregação racial. O Mississippi, por exemplo, incorporou o símbolo confederado à sua bandeira em 1894. Nos anos 1940 e 1950, o símbolo passou a ser exibido com ainda mais veemência por brancos do sul que se opunham ao Movimento dos Direitos Civis que lutava contra o racismo.
Vários desses símbolos persistiram, mesmo após o fim da segregação. Estados como a Carolina do Sul, por exemplo, costumavam exibir a antiga bandeira confederada diante de prédios públicos até poucos anos atrás.
O projeto aprovado no domingo pede ainda que uma comissão de nove membros elabore uma nova bandeira para o Mississippi que não use o padrão confederado e inclua a frase "Em Deus confiamos".
A ideia é que os moradores do estado votem sobre o design de uma nova bandeira em novembro. Se o novo desenho for rejeitado, o Mississippi ficará sem uma bandeira estadual até que uma nova concepção seja aprovada.
O senador democrata John Horhn disse que mudar a bandeira foi um "grande passo no caminho que estamos dando para reconhecer a humanidade que Deus deu a todos nós".
O candidato presidencial democrata Joe Biden também elogiou a decisão. "O arco do universo moral hoje se inclinou um pouco mais", escreveu no Twitter, em referência a uma frase do ativista dos direitos civis Martin Luther King.
Os votos em ambas as Casas do estado ocorreu após semanas de pressão, levando o governador Tate Reeves a afirmar no sábado que sancionaria uma lei sobre uma eventual mudança da bandeira.
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês.
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OMS interrompe testes com hidroxicloroquina
A Organização Mundial da Saúde decidiu interromper os experimentos com hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença. A decisão diz respeito aos ensaios clínicos do estudo Solidarity, patrocinado pela OMS e realizado em mais de 400 hospitais em dezenas de países do mundo. (17/06)
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O Parlamento da Hungria aprovou a suspensão do estado de emergência que concedeu ao primeiro-ministro Viktor Orbán poderes quase ilimitados em meio à pandemia de covid-19. A lei aprovada agora, que devolve os poderes ao Parlamento, teve o apoio unânime dos 192 deputados presentes. Críticos haviam acusado Orbán de se aproveitar da crise para minar ainda mais a democracia húngara. (16/06)
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Movimentos antidemocráticos na mira da Justiça
A Polícia Federal realizou uma operação contra membros de movimentos antidemocráticos e cumpriu seis mandados de prisão, após autorização do STF. Um dos alvos foi a líder do movimento de extrema direita "300 do Brasil" Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter. O grupo, que apoia o presidente Jair Bolsonaro, prega o fechamento do STF e do Congresso. (15/06)
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Gilmar Mendes diz que incentivar invasão de hospitais é crime
O ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou que estimular a invasão de hospitais em meio à pandemia é um crime e pediu que o Ministério Público tome medidas contra quem defender essa prática. A declaração ocorreu dois dias após o presidente Jair Bolsonaro pedir para que seus apoiadores entrassem em hospitais públicos e filmassem as alas para verificar se os leitos estão livres ou ocupados. (14/06)
Foto: Getty Images/I. Estrela
Onze bairros de Pequim voltam a adotar quarentena
Autoridades de Pequim isolaram onze bairros após o registro de novas infecções por coronavírus. Nove escolas e jardins de infância também foram fechados. As sete novas infecções estão relacionadas a um mercado de carne. Em Pequim já havia sido registrado um caso de infecção local nas 24 horas anteriores, o primeiro em 55 dias e o primeiro caso de contágio local na China em 18 dias. (13/06)
Foto: Getty Images/AFP/G. Baker
Brasil passa Reino Unido e é o segundo país com mais mortes por covid-19
Quase três meses após registrar a primeira morte por covid-19, o Brasil atingiu a marca de 41.828 óbitos. Foram mais 909 registros em 24 horas. Com essa nova marca trágica, o Brasil ultrapassou o Reino Unido e assumiu a segunda posição no ranking de países com mais vítimas. Com 828 mil casos, o Brasil também é o segundo país com mais infectados diagnosticados. (12/06)
Foto: picture-alliance/dpa/PPI
Discórdia sobre encenação
Maior autoridade militar do país, o general Mark Milley diz que sua presença no ato do dia 2 de junho, em que Trump posou para uma foto diante de uma igreja, deu impressão de envolvimento de militares na política americana. Em discurso gravado em vídeo, o chefe do Estado Maior dos EUA pediu desculpas publicamente por ter participado da encenação do presidente americano. (11/06)
Foto: Reuters/T. Brenner
Suécia encerra investigação da morte do premiê Olof Palme
Mais de 34 anos depois do assassinato do premiê Olof Palme, investigadores da Suécia afirmaram que o caso foi encerrado porque o principal suspeito do crime já morreu. Palme foi morto a tiros no centro de Estocolmo em 1986. O procurador responsável pelo caso identificou o atirador como sendo o homem que, no início da investigação, era o principal suspeito, Stig Engström, morto em 2000. (10/06)
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Holmstrom
Última homenagem a George Floyd
O funeral de George Floyd, morto durante uma ação policial nos Estados Unidos, reuniu centenas de pessoas numa igreja em Houston, no Texas, a cidade onde ele cresceu. Ele será enterrado junto de sua mãe. Além da família e amigos de Floyd, artistas, políticos e atletas famosos participaram da homenagem. (09/06)
Foto: Reuters/G. A. Vasquez
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A Nova Zelândia removeu todas as medidas restritivas após a última paciente com covid-19 receber alta, informou a premiê Jacinda Ardern. Apesar de manter rigidez nos controles de fronteira, medidas como distanciamento social e limites de reuniões públicas não são mais necessárias. "Estamos confiantes de que eliminamos, por ora, as transmissões do vírus", disse a premiê. (08/06)
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Várias cidades brasileiras, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, registraram protestos a favor da democracia, contra o governo do presidente Jair Bolsonaro e contra o racismo e o fascismo. Atos pró-Bolsonaro também ocorreram, mas em menor escala. Em meio à pandemia, manifestantes se aglomeraram, a maioria usando máscaras. (07/06)
Foto: Reuters/D. Vara
Protestos antirracistas pelo mundo
Milhares de pessoas participaram em várias cidades do mundo de protestos antirracistas e contra a violência policial organizados em apoio às manifestações que ocorrem há dias nos Estados Unidos, apesar de restrições impostas pela pandemia de covid-19. Em Berlim, ato reuniu cerca de 15 mil manifestantes. (06/06)
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O secretariado da ONU para o clima lançou uma nova iniciativa de combate às mudanças climáticas. Com o lema "Race to Zero" ("corrida para o zero"), a campanha tem como objetivo eliminar as emissões de gases causadores do efeito estufa, como o dióxido de carbono, até, o mais tardar, 2050. Meta já conta com a adesão de centenas de cidades, empresas e universidades. (05/06)
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Autores pedem retratação de estudo sobre cloroquina
Três dos quatro autores de um estudo alvo de críticas sobre a cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 publicado pela revista científica "The Lancet" pediram a retratação da publicação. Eles argumentaram que não é possível garantir a veracidade dos dados utilizados. Com o pedido, a revista cancelou a validade do artigo. Estudo levou à suspensão de pesquisas em todo o mundo. (04/06)
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Nova pista no caso Madeleine
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Protesto contra racismo termina em confronto em Paris
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Proteção sarcástica
A criatividade nas medidas protetoras contra o coronavírus ganha também tons macabros, como no caso deste motorista de ônibus colombiano. O humor amargo não é totalmente sem motivo: ele participa de um protesto em Bogotá, estando há quatro meses sem trabalho nem salário devido às restrições ditadas pela pandemia. (01/06)