Misterioso trem gera especulação sobre visita de Kim à China
27 de março de 2018
Mídia asiática noticia esquema de segurança incomum e chegada e posterior partida de um trem blindado de Pequim, de aparência similar aos usados pelos líderes da Coreia do Norte. Governo chinês não confirma rumores.
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O governo chinês manteve nesta terça-feira (27/03) silêncio sobre uma possível visita do presidente norte-coreano, Kim Jong-un, a Pequim, onde uma caravana diplomática percorreu vários pontos da capital e um misterioso trem foi visto, gerando expectativa e especulações entre veículos de imprensa internacionais.
"Não estou a par de nenhuma informação neste momento. Se tivermos algo, divulgaremos em seu devido momento", disse, em entrevista coletiva, a porta-voz do Ministério do Exterior chinês Hua Chunying.
Embora Hua não tenha confirmado o que poderia ser a primeira viagem à China de Kim desde que chegou ao poder, há seis anos, afirmou que ambos países são "amigos" e "ainda mantêm intercâmbios normais", apesar das sanções recentes de Pequim a Pyongyang em aplicação a resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
A possível presença de Kim seguiria, assim, o mesmo esquema das viagens que o pai dele, Kim Jong-il, realizava a Pequim: deslocamento em um trem especial, segurança reforçada em pontos da capital chinesa e silêncio absoluto das autoridades de ambos os lados até que o líder norte-coreano retornasse ao seu país.
A Coreia do Sul afirmou que monitorou na segunda-feira a chegada de um trem a Pequim com aparência similar àquele usado pelos líderes norte-coreanos anteriores. A mídia japonesa informou que um trem especial norte-coreano chegou a Pequim sob um forte e incomum esquema de segurança.
Uma grande caravana com mais de 20 policiais em motos e vários veículos foi observada saindo da residência para dirigentes estrangeiros de Diaoyutai, em Pequim.
A caravana foi vista posteriormente na estação central de Pequim, de onde saem os trens com destino ao nordeste (direção da Coreia do Norte), e em torno da qual foi detectado muito movimento e medidas de segurança.
O principal veículo da caravana era uma grande limusine especial de marca alemã, enquanto os líderes estrangeiros que visitam Pequim (com exceção dos americanos) costumam utilizar veículos cedidos pelo governo chinês: os Hongqi.
O trem blindado no qual supostamente viajaria Kim (ou talvez algum outro funcionário norte-coreano de alto nível) saiu pouco depois, nesta terça-feira, da estação central da capital chinesa, segundo informou a agência de notícias japonesa Kyodo.
Em torno da embaixada da Coreia do Norte, qualquer pessoa que chegasse com uma câmera era rapidamente rodeada por policiais com e sem uniforme, que lhe pediam identificação e depois solicitavam que deixasse o local, como ocorreu com duas jornalistas da agência de notícias Efe.
Por outro lado, a Praça da Paz Celestial (Tiananmen) estava aberta nesta terça-feira aos turistas, depois de ontem ter permanecido fechada por várias horas e com uma forte presença de segurança. Nessa praça está, entre outros locais simbólicos do Estado chinês, o Grande Salão do Povo, sede do Legislativo e local de recepção para dirigentes estrangeiros.
Após a suposta visita secreta à china, espera-se que Kim participe de um encontro de cúpula com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, no final de abril, e se reúna com o presidente americano, Donald Trump, em maio.
MD/afp/dpa/ap
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Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”