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Mito do Titanic é cada vez mais forte, um século após naufrágio

14 de abril de 2012

Em 14 de abril de 1912, o Titanic se chocou contra um iceberg a caminho de Nova York, afundando no Oceano Atlântico. Desde então a história da tragédia tem sido recontada muitas vezes, com novos fatos e curiosidades.

Foto: AP

O Titanic é o navio mais famoso do mundo. Sua viagem inaugural no início do século 20 acabou em tragédia. Mil e quinhentos dos 2.200 passageiros perderam suas vidas. Mas o interesse pelo Titanic e por seu mito não pode ser justificado pelo grande número de vítimas. Antes e depois do naufrágio ocorreram outros, com números ainda maiores de vítimas. O mito Titanic tem razões sociais e históricas.

Início de uma era tecnológica

Em 1990, a rota marítima entre Europa e América do Norte tinha enorme importância. Centenas de milhares de emigrantes tentavam sua sorte nos Estados Unidos e vendiam suas posses e bens por uma passagem de navio. A viagem era vista como uma jornada para uma vida nova e melhor. Para a classe alta, a passagem do navio era uma diversão luxuosa, um passeio exclusivo para destacar seu nível social. A diferença entre ricos e pobres eram extremas, não existia na época a classe média como conhecemos hoje.

Os progressos tecnológicos diminuíram o tempo da travessia de meses para dias. Apenas sete anos após o desastre do Titanic, um avião atravessaria o Atlântico pela primeira vez em um voo direto.

A transmissão em Morse era uma tecnologia muito moderna. Os navios eram o meio de transporte para longas distâncias e também os exemplos mais expressivos de progresso. A crença nas possibilidades ilimitadas desse avanço, na onipotência da tecnologia, afundou junto com o Titanic. A natureza triunfou sobre a cultura.

Maior, mais rápido e acima de tudo, mais bonito

Construção do Titanic na cidade de BelfastFoto: dapd

Tudo no Titanic era superlativo. Até mesmo o nome, assim como seus navios irmãos, Olympic e Gigantic.  Com 269 metros de comprimento e 45 mil toneladas brutas, o Titanic foi em sua época o maior navio do mundo. Cerca de 50 mil HP proporcionavam uma velocidade máxima de 24 nós.

Isso não é nada comparado aos enormes navios de hoje. Só que na época este navio foi um dinossauro da técnica construído por seres humanos, um monumento a um tempo de glória e ao futuro. Não era necessária uma quarta chaminé no Titanic, mas ela foi adicionada para causar mais imponência e se assemelhar à estética dos navios a vela.

Para os 420 convidados da primeira classe, nada pôde faltar. Os camarotes eram grandes e exuberantes. Decoração e luxo eram mais importantes que conveniência. O que mais tarde seria chamado de "spa", já havia em abundância no navio, como sauna, piscina aquecida e espaçosas quadras de squash, todos com um toque de ambiente aristocrático.

O ponto culminante da elaborada arquitetura era uma escada de painéis de madeira com uma grande cúpula de vidro que ligava os seis conveses da primeira classe. Em uma das cozinhas melhor equipadas do mundo, chefs preparavam refeições exclusivas para os hóspedes endinheirados. O Titanic se assemelhava mais a um hotel flutuante de cinco estrelas do que a um navio de passageiros.

Uma das relíquias vendidas nos leilões de objetos do TitanicFoto: Reuters

O mundo inteiro num navio

Na descrição da tragédia do navio é sempre enfatizado que a imagem da sociedade estava reunida no Titanic: ricos, pobres e emergentes, lado a lado, perderam a vida juntos. Alguns dos homens mais ricos do mundo e outras personalidades conhecidas estavam a bordo do navio.

Entre eles, os empresários John Jacob Astor IV e Benjamin Guggenheim, bem como o fabricante têxtil nova-iorquino Martin Rothschild. Até uma história de amor proeminente o Titanic presenciou. A estrela de tênis e mais tarde banqueiro Karl Howell Behr reservou uma passagem de primeira classe para pedir em casamento sua amada, Helen Newsom. Ambos sobreviveram à tragédia. Como também o vigarista Alfred Nourney.

Mídia, estudiosos e colecionadores enriquecem a lenda

A história do Titanic já foi contada em milhares de livros, peças radiofônicas e teatrais e, de tempos em tempos, diretores de cinema revivem o tema nas telas de cinema. Centenas de artigos de jornais publicados na semana do naufrágio deram origem a dois filmes mudos em 1912.

No primeiro filme, rodado um mês após a tragédia, Dorothy Gibson interpretou a personagem principal, uma sobrevivente do Titanic. Em 1929, foi lançado o primeiro filme sonoro sobre a história. A memória do acidente manteve-se viva durante todo o século 20. O mito foi formado e expandido.

O filme de James Cameron foi sucesso de bilheteriaFoto: AP/Paramount Pictures

O exemplo mais famoso é o filme de 1997 dirigido por James Cameron, uma megaprodução, onde três quartos do navio foram reconstruídos em sua escala original. O longa-metragem foi um sucesso nas bilheterias e a versão em 3D está sendo relançada na mesma época do centésimo aniversário da viagem inaugural e tragédia do Titanic.

Em 1985, o pesquisador Robert Pallard conseguiu que o Titanic aparecesse novamente nas manchetes mundiais, ao descobrir seus destroços a 3.800 metros no fundo do mar.

Teorias envolvendo o Titanic com uma grande fraude de seguradora, e ainda leilões espetaculares contribuíram para manter a atenção do público até hoje. Museus ao redor do mundo documentam sempre novos fatos sobre a história do navio. Com o bairro Titanic, a cidade de Belfast erigiu um monumento arquitetônico a si mesma e à embarcação.

A narração de fatos reais ou imaginários deu uma dinâmica própria a este mito, que já não pode mais ser freada. Sem dúvida, quando escassearem os mistérios sobre o navio e o naufrágio, serão criados novos.

Autor: Günther Birkenstock (aks)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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