Mobilização na Rússia criticada ao incluir velhos e doentes
25 de setembro de 2022
Autoridades russas aliadas de Putin acusam "erros" após idosos e estudantes serem incluídos na campanha de recrutamento para a guerra na Ucrânia. Presos em protestos já somam mais de 2 mil.
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As autoridades russas aliadas do presidente Vladimir Putin pediram neste domingo (25/09) a correção de "erros", depois que idosos, doentes e estudantes foram incluídos na campanha de recrutamento lançada em todo o país.
Quando Putin, anunciou a chamada "mobilização parcial" de reservistas para a Ucrânia na quarta-feira, ele disse que apenas pessoas com conhecimento ou experiência militar "relevantes" seriam convocadas. Mas muitos expressaram indignação ao ver casos, às vezes absurdos, de convocação de pessoas inaptas para servir nas Forças Armadas.
Na região de Volgogrado, no sudoeste do país, um centro de treinamento enviou de volta para casa um militar aposentado de 63 anos com diabetes e problemas cerebrais. Na mesma região, o diretor de uma pequena escola rural, Alexander Faltin, 58 anos, recebeu uma ordem de convocação apesar de não ter experiência militar. Sua filha postou um vídeo nas redes sociais que viralizou. Ele foi autorizado a voltar para casa depois que seus documentos foram revisados, de acordo com a agência de notícias Ria Novosti.
Críticas
A presidente da câmara alta do Parlamento, Valentina Matviyenko, chamou neste domingo a atenção dos governadores, que supervisionam as campanhas de mobilização. "Os erros de mobilização estão provocando reações ferozes na sociedade, e com razão", reconheceu Matviyenko, em mensagem no Telegram. "Certifiquem-se de que a mobilização parcial seja feita respeitando plenamente os critérios. E sem um único erro", ordenou.
Esses erros são novos exemplos dos problemas logísticos ocorridos desde o início da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia em fevereiro.
No sábado, a Rússia anunciou a substituição do vice-ministro da Defesa, o principal general encarregado da logística, em plena campanha de mobilização.
Embora as autoridades apresentem a mobilização de pessoas teoricamente isentas como casos isolados, suas declarações expressam uma forma de preocupação com a reação indignada de uma parte da população.
Valeriy Fadeev, presidente do conselho de direitos humanos do Kremlin, pediu ao ministro da Defesa, Sergei Shoigu, que "resolva urgentemente os problemas" para evitar "minar a confiança do povo". Ele citou várias aberrações, como o recrutamento de 70 pais de famílias numerosas no extremo leste do país e de enfermeiras e parteiras sem formação militar.
Fadeev disse que todos eles foram convocados "sob a ameaça de julgamento criminal". Ele também criticou aqueles que "distribuem convocações às 2 da manhã, como se estivessem já considerando todos como desertores", alertando que tais métodos estão criando "descontentamento".
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Convocação de estudantes e manifestantes
Vários estudantes disseram à agência de notícias AFP que receberam ordens de convocação, apesar de as autoridades terem prometido que eles não seriam incluídos na campanha de mobilização.
No sábado, Putin assinou um decreto confirmando que estudantes de centros de formação profissional e do ensino superior estariam isentos de mobilização.
Outra situação que gerou polêmica é o caso de manifestantes contra a ofensiva na Ucrânia que receberam ordens de mobilização enquanto estavam detidos. O Kremlin disse que nesses casos "não havia nada de ilegal".
Neste sábado, pelo menos 821 pessoas foram detidas em 34 cidades nos protestos contra a mobilização militar, segundo o mais recente balanço divulgado pela organização de direitos civis OVD-Info. Com isso, já passa de 2 mil a cifra de presos desde que Putin anunciou sua "mobilização parcial" para a guerra na Ucrânia. No primeiro dia de protestos, mais de 1.300 pessoas foram presas, segundo a OVD-Info.
md (AFP, Lusa)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."