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Retrospectiva

14 de janeiro de 2011

Vampiros e figuras esdrúxulas – as personagens lendárias do cinema alemão – assombram no momento Nova York. Em uma ampla retrospectiva, o Museu de Arte Moderna de Nova York exibe filmes produzidos entre 1919 e 1933.

O criminoso Dr. Mabuse

Nem mesmo na Alemanha já houve uma mostra tão completa dos primórdios do cinema nacional, como a que o MoMA exibe no momento, com mais de 75 filmes reunidos na retrospectiva O Cinema de Weimar, 1919-1933: Sonhos Acordados e Pesadelos (Weimar Cinema, 1919-1933: Daydreams and Nightmares), que prossegue até o próximo 17 de março, com muitos longas a serem redescobertos ou revistos. Entre os convidados de honra da inauguração esteve presente a atriz de 98 anos Marta Eggert, que assistiu à exibição de seu filme Das Blaue vom Himmel (O Azul do Céu), de 1932.

"A retrospectiva do MoMA prova o significado da herança cinematográfica alemã, que vem há gerações influenciando cineastas e chega também ao público de hoje", diz Eberhard Junkersdorf, presidente do grêmio de curadores da Fundação Friedrich Wilhelm Murnau, sediada em Wiesbaden, que, junto à Cinemateca Alemã de Berlim, é responsável pela mostra no MoMA.

Vampiro no cinema: 'Nosferatu', de MurnauFoto: Friedrich-Wilhelm-Murnau-Stiftung

O departamento de cinema do MoMA é uma das principais instituições no que diz respeito à herança da sétima arte. Já nos anos 1930, ali eram colecionados filmes, entre os quais várias obras do cinema alemão. Muitos gêneros que são hoje cultuados em Hollywood, gerando somas milionárias em todo o mundo, foram inventados ou desenvolvidos por diretores alemães.

Sobretudo temas ligados à fantasia, como os filmes de terror (Nosferatu) e aventura, policiais (Dr. Mabuse, o Jogador) e ficção científica (Metropolis) vieram de estúdios alemães. Vários desses filmes serão exibidos em Nova York dentro da atual retrospectiva, possibilitando ao espectador norte-americano seguir o rastro das raízes do atual popular cinema de entretenimento, berço do cinema norte-americano contemporâneo.

De acordo com a curadora alemã Eva Orbanz, "da grandiosa retrospectiva sobre temas e técnica usada pelo cinema durante a República de Weimar fazem parte também filmes que são hoje bem menos conhecidos". Esse é, segundo ela, o mérito real da mostra. Um propósito claro dos curadores norte-americanos e alemães foi o de não selecionar uma mostra composta apenas por clássicos.

'Da Aurora à Meia-Noite': primórdios do expressionismo alemãoFoto: Edition Filmmuseum

Alguns dos filmes nunca haviam sido exibidos anteriormente nos EUA, salienta Thomas Zeipelt, diretor da Fundação Murnau, lembrando que o interesse dos norte-americanos pelo cinema alemão é enorme.

O espectador em Nova York tem acesso a musicais, comédias e filmes expressionistas. Especialmente as comédias musicais lembram os americanos de que o gênero não foi uma invenção nacional, mas tem suas raízes na cinematografia alemã. A comédia musical Viktor und Viktoria (1933), do diretor Reinhold Schünzel, serviu, por exemplo, de inspiração para Victor/Victoria, dirigido por Blake Edwards em 1982 – uma informação que agora não se restringe mais apenas ao círculo dos cineastas. O fato de Marlene Dietrich ter aparecido algumas vezes na tela em filme alemães, antes de O Anjo Azul (1930), também surpreende muitos.

Comédias alemãs populares, como Die Drei von der Tankstelle (Os Três do Posto de Gasolina), com Heinz Rühmann e Willy Fritsch, ou o estudo sociológico Die Strasse (A Rua), de 1923, dirigido por Karl Grune, e Hintertreppe (Escada de Serviço), de 1921, com direção de Leopold Jessner e Paul Leni, foram muito poucos exibidos nos EUA nas últimas décadas. Mesmo na Alemanha, muitos dos 75 filmes mostrados pelo MoMA são pouco conhecidos.

Autor: Jochen Kürten (sv)

Revisão: Roselaine Wandscheer

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