Monitoramento brasileiro de florestas inspira plataforma internacional
25 de fevereiro de 2014O sistema de monitoramento de devastação da Amazônia inspirou um projeto internacional desenvolvido pelo Google, Programa das Nações das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma) e Word Resources Institute (WRI). No ar desde a semana passada, a plataforma Global Forest Watch oferece um mapa interativo, mostra os pontos de ganho e perda de áreas verdes e oferece um quadro geral sobre o desmatamento no mundo.
"O Brasil foi o único país do mundo que criou um sistema de alertas sobre o desmatamento de áreas verdes. A perda de cobertura florestal foi reduzida na Amazônia em parte por causa desse mecanismo", explica Nigel Sizer, diretor da Iniciativa Global de Florestas do WRI.
A iniciativa internacional foi baseada no projeto do instituto de pesquisas Imazon, com sede em Belém, no Pará, fundado em 1990. A organização sem fins lucrativos mapeia a devastação no bioma por meio Sistema de Alerta de Desmatamento, ou Sad. O Sistema de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal, mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também serviu como base para a criação do Global Forest Watch.
Vigilância e denúncias
Com a atualização dos dados de satélites da Nasa, a agência espacial norte-americana, a ferramenta colaborativa é atualizada em tempo real. Além de obter informações sobre a gestão das florestas em todo o globo, os usuários têm a oportunidade de contribuir, publicar histórias e fotos sobre a situação do desmatamento na região onde vivem. Instituições, ONGs, empresas e poder público também podem lançar alertas sobre a má conservação das florestas.
"Empresas podem utilizar o sistema, por exemplo, para monitorar a indústria extrativa e saber se, nesses locais, as florestas estão sendo devastada", explica Sizer. "Um pequeno grupo local também pode usar o site para identificar pontos de desmatamento na sua comunidade e mobilizar ações para mudar esse cenário."
Sistema de alertas
No portal, estão disponíveis informações sobre as dimensões da cobertura verde, a legislação florestal e as convenções ratificadas por cada país do mundo.
No tópico “Mudança Florestal“, por exemplo, o usuário pode filtrar a observação do mapa por diferentes tipos de alerta. A Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, oferece um quadro geral sobre ganhos e perdas de cobertura vegetal a cada ano, enquanto que o alerta FORMA (sigla para Forest Monitoring for Action) apresenta dados sobre o desmatamento nos trópicos, mês a mês.
Em "Nasa Incêndios Ativos", dados de satélite conseguem identificar onde estão ocorrendo queimadas, e essas informações são atualizadas diariamente.
No ano passado, o governo da Indonésia utilizou os serviços da WRI para identificar quais empresas estavam provocando incêndios florestais. "O governo agiu contra isso e as indústrias foram punidas. Esperamos que o mesmo aconteça com o uso do Global Forest Watch", afirma Sizer.
Ao lado da Rússia, Canadá, Estados Unidos e Indonésia, o Brasil é um dos países com os maiores índices de desmatamento. De acordo com levantamento da Universidade de Maryland e do Google, o mundo perdeu 2,3 milhões de quilômetros quadrados de florestas entre 2000 e 2012. É como perder uma área florestal equivalente a 50 campos de futebol a cada minuto.
A plataforma também está disponível em português no endereço www.globalforestwatch.org.