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Montblanc: a escrita como artigo de luxo

(av/rw)11 de janeiro de 2006

A Rolls-Royce das canetas completa 100 anos. O modelo clássico custa 300 euros, certas edições limitadas ultrapassam os 120 mil euros. O que muitos não sabem: apesar do nome suíço, a Montblanc nasceu em Hamburgo.

A 'Meisterstück 149' da Montblanc está no MoMA de Nova YorkFoto: Montblanc

A firma Montblanc nasceu em Hamburgo, no norte alemão, em 1906, quando a própria invenção da caneta-tinteiro datava de pouco mais de 20 anos. De início, a fábrica trazia um nome modesto: Simplo Filler Pen Company. Mesmo assim, seus fundadores – o comerciante Claus-Johannes Voss, o banqueiro Christian Lausen e o engenheiro Wilhelm Dziambor – se haviam proposto nada menos do que produzir "a melhor caneta do mundo".

A designação Montblanc foi adotada somente quatro anos mais tarde. Sua inspiração foi a montanha mais elevada da Europa, localizada nos Alpes. A gravação do 4810, na pena de cada caneta-tinteiro, corresponde à altura da montanha. Um cartaz de 1910 mostra o pico do Mont Blanc coberto de neve, ao lado de uma gigantesca caneta com tampa de topo branco.

Segredo como a Coca-Cola

A fabricação das penas de luxo envolve muito trabalho manual, sobretudo feminino. As até 60 etapas de sua produção podem levar até um mês. Se as duas metades da pena não são absolutamente retas, ela arranha, ao invés de escrever. Para garantir a incomparável sensação de uma escrita macia a precisão absoluta é fundamental.

Penas exigem corte precisoFoto: dpa - Report

No caso da Montblanc, as penas são cuidadosamente cortadas com lâminas de diamante. Outro ponto crucial é o lustroso corpo da caneta, cuja matéria-prima é um granulado de resina nobre. Sua composição exata é um segredo comparável ao da fórmula da Coca-Cola.

Escrevendo com brilhantes

Quem tem muito dinheiro, uma certa noção de luxo e algo precioso a assinar, não poupa gastos. De executivos e casais de noivos a chefes de governo e Estado ou papas, só existe uma opção: a perfeição artesanal Montblanc.

Ela entrou para o olimpo das marcas de luxo em 1924, com a legendária série "Meisterstück". Seus exemplares passam de pai para filho e a Montblanc continua lhes fornecendo garantia perpétua. O próprio Museu de Arte Moderna de Nova York homenageia essa obra-prima do design, mantendo uma Meisterstück 149 em sua exposição permanente.

Mas a palheta de preciosidades da empresa está longe de se esgotar aí: não são raros os modelos banhados a ouro e prata e incrustados com pedras preciosas. A edição limitada "John Harrison" compõe-se de apenas 33 exemplares em todo o mundo. O corpo das canetas representa o globo, onde o Mont Blanc original está marcado com um pequeno brilhante.

Cada "John Harrison" custa, no mínimo, 9500 euros. Uma bagatela, comparado à "Solitaire Royal", cujo revestimento com mais de 4800 diamantes negros eleva seu preço a 116 mil euros.

Controle eletrônico de autenticidade

Mas onde confiança apenas não basta, a Montblanc desenvolveu o sistema intitulado "Quo Vadis" (para onde vais?). O clipe de cada caneta recebe um número único, gravado a laser, que corresponde a um código de barras.

Este é registrado com o número do cliente, no momento da entrega do produto. Assim, se sua caneta-tinteiro aparece num ponto de vendas não-autorizado, a firma sabe a quem perguntar como isso aconteceu.

Hoje, tradicional empresa familiar pertence ao grupo internacional Richemont (Cartier, Piaget, A.Lange & Söhne), e tem um faturamento anual de 3,7 bilhões de euros. Em todo o mundo, a Montblanc emprega 2500 funcionários, sendo 650 em Hamburgo.

O modelo clássico custa em torno de 300 euros. Uma jóia rara é o modelo com 4810 brilhantes, vendida ao preço de 125 mil euros, que em 1994 entrou para o Livro Guinnes de recorde como o instrumento de escrita mais caro do mundo. O presidente norte-americano George W. Bush quase chegou a ganhar uma das cobiçadas canetas-tinteiro cravejadas de brilhantes, só não pode aceitá-la porque o posto só lhe permite presentes de empresas com um valor limite de 200 dólares.

Depois que foi comprada pelo grupo suíço Richemont, a Montblanc passou de referência em canetas a símbolo de lifestyle. Uma "Meisterstück", hoje em dia, é sinônimo de poder, status e estilo. No centro financeiro de Wall Street, em Nova York, os economistas e analistas da bolsa de valores chamam a famosa caneta simplesmente de power pen, já que é usada (também) na assinatura de acordos importantes no mundo dos negócios.

Apostando em São Paulo

Valores de tal ordem atraem naturalmente para a marca a maldição de todos os artigos de luxo: a cobiça dos falsários. Por isso, a Montblanc aconselha seus clientes – ou candidatos – a só adquirir os produtos numa de suas butiques ou em sua rede internacional de revendedores autorizados. São Paulo foi a primeira cidade das Américas – antes mesmo dos Estados Unidos – a possuir uma butique Montblanc.

O diretor executivo da empresa no Brasil, Freddy Rabbat, explicou a necessidade de tantas filiais assim: "A cidade tem um potencial de crescimento de vendas no mercado de luxo muito grande. Brincamos que São Paulo, em termos de poder aquisitivo, concentra uma Bélgica inteira". As outras três lojas da Montblanc no país ficam no Rio de Janeiro, Campinas e Curitiba.

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