Habitantes da ilha no Pacífico se mostram preocupados com a troca de ameaças entre Washington e Pyongyang, mas dizem confiar nos militares americanos. "Não há onde se esconder se um ataque acontecer", diz moradora.
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Após a Coreia do Norte ameaçar atacar Guam, no Oceano Pacífico, habitantes do território americano manifestaram preocupação com a escalada na guerra verbal entre Washington e Pyongyang, mas, ao mesmo tempo, disseram ter confiança nas Forças Armadas americanas, fortemente presentes na ilha.
Após o regime de Kim Jong-un declarar nesta quarta-feira (09/08) que estava "examinando cuidadosamente" um ataque com mísseis a Guam, Pyongyang detalhou o plano nesta quinta e afirmou que ele deverá estar concluído até meados de agosto.
A ameaça de Pyongyang de atacar Guam foi uma resposta à declaração do presidente americano, Donald Trump, de responder com "fogo e fúria" às ameaças norte-coreanas.
Após o Conselho de Segurança da ONU impor novas sanções à Coreia do Norte no último fim de semana, devido a recentes disparos de mísseis intercontinentais, o país asiático advertiu que continuará desenvolvendo seu programa nuclear e ameaçou com retaliação em caso de hostilidade.
Cerca de 160 mil pessoas vivem no território americano, que abriga duas bases dos EUA – uma da Força Aérea e uma da Marinha. Nelas estão estacionados 6 mil soldados americanos.
"Sinto que a presença dos militares em Guam nos ajudará muito", disse Virgie Matson, residente de Dededo, o vilarejo mais populoso da ilha. "Eles estão aqui para proteger a ilha caso algo aconteça."
"A Coreia do Norte sempre ameaçou outros países. Eles ameaçaram os EUA, outros países, e ameaçam Guam. É propaganda", afirmou Gus Aflague, morador de Guam e cujos avô e irmão serviram na Marinha americana. "Sinto-me seguro com a presença militar aqui."
O governador de Guam, Eddie Calvo, disse que a ilha já foi invadida pelo Japão na Segunda Guerra Mundial, atingida por incontáveis terremotos e tufões, e que não há comunidade dos EUA mais bem preparada para enfrentar a ameaça norte-coreana.
"Estamos preocupados com essas ameaças, mas, ao mesmo tempo, queremos garantir que as pessoas não entrem em pânico e sigam adiante com suas vidas, aproveitem as praias", disse.
Muitos turistas parecem realmente não ter se deixado intimidar. Nesta quinta-feira, a principal praia da ilha estava lotada de banhistas, descansando sob as árvores ou nas espreguiçadeiras de hotéis cinco estrelas. Guam é um destino muito procurado no Japão e na Coreia do Sul.
Mas também há quem demonstre medo. "O que o presidente [Trump] está fazendo para nos proteger? Eu o culpo. Eu simplesmente não concordo com isso. É assustador", disse o morador Lou Menu. "Vivemos numa pequena ilha. Não há onde se esconder se um ataque acontecer", afirmou outra habitante, Louie Joyce.
"É uma loucura. Fico olhando para as pessoas aqui agindo como se não fosse um problema, mas acho que é um grande problema para nós", disse o morador Victor Bilon. "Acho que eu deveria voltar para casa e passar mais tempo com meus filhos."
Ameaça concreta?
A possibilidade de um confronto nuclear é considerada remota, mas o alerta internacional vem aumentando nos últimos dias. Num comunicado divulgado pela mídia estatal da Coreia do Norte, o general Kim Rak Gyom, chefe do comando de mísseis do país, disse que o país "está prestes" a agir militarmente nas proximidades de Guam.
Ele disse que o plano a ser finalizado até meados de agosto prevê que quatro mísseis de médio alcance sejam disparados e atinjam águas a uma distância de 30 a 40 quilômetros da ilha.
Está não é a primeira vez que a Coreia do Norte ameaça o território americano, que é um ponto crucial e estratégico para as forças americanas no Pacífico.
Masao Okonogi, professor da universidade japonesa de Keio, vê as declarações da Coreia do Norte mais como um anúncio de mudança de seu programa de mísseis – transferindo os testes do Mar do Japão para as áreas ao redor de Guam – do que uma ameaça de ataque.
Já Lee Choon-geun, pesquisador do Instituto de Política de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, afirmou haver o risco de que um míssil caia muito mais perto de Guam do que o planejado. "Se o míssil cair em suas águas territoriais, os EUA considerariam isso um aparente ataque e, considerando os riscos envolvidos, provavelmente tentariam derrubar os mísseis antes que eles caíssem em qualquer ponto próximo a Guam", disse à agência de notícias Reuters. "Isso poderia elevar as ameaças a um nível sem precedentes."
LPF/ap/rtr/dpa/afp
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.