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Moradores de Guam tentam manter a calma

10 de agosto de 2017

Habitantes da ilha no Pacífico se mostram preocupados com a troca de ameaças entre Washington e Pyongyang, mas dizem confiar nos militares americanos. "Não há onde se esconder se um ataque acontecer", diz moradora.

As belas praias do território americano atraem muitos turistas, principalmente do Japão e da Coreia do SulFoto: Reuters/E. de Castro

Após a Coreia do Norte ameaçar atacar Guam, no Oceano Pacífico, habitantes do território americano manifestaram preocupação com a escalada na guerra verbal entre Washington e Pyongyang, mas, ao mesmo tempo, disseram ter confiança nas Forças Armadas americanas, fortemente presentes na ilha.

Saiba mais sobre Guam, um território estratégico dos EUA no Pacífico

Após o regime de Kim Jong-un declarar nesta quarta-feira (09/08) que estava "examinando cuidadosamente" um ataque com mísseis a Guam, Pyongyang detalhou o plano nesta quinta e afirmou que ele deverá estar concluído até meados de agosto.

Opinião: A perigosa retórica de Trump com a Coreia do Norte

A ameaça de Pyongyang de atacar Guam foi uma resposta à declaração do presidente americano, Donald Trump, de responder com "fogo e fúria" às ameaças norte-coreanas.

Após o Conselho de Segurança da ONU impor novas sanções à Coreia do Norte no último fim de semana, devido a recentes disparos de mísseis intercontinentais, o país asiático advertiu que continuará desenvolvendo seu programa nuclear e ameaçou com retaliação em caso de hostilidade.

Cerca de 160 mil pessoas vivem no território americano, que abriga duas bases dos EUA – uma da Força Aérea e uma da Marinha. Nelas estão estacionados 6 mil soldados americanos.

Base da Marinha dos EUA em GuamFoto: Reuters/Naval Base Guam/Major Jeff Landis, USMC (Ret.)

"Sinto que a presença dos militares em Guam nos ajudará muito", disse Virgie Matson, residente de Dededo, o vilarejo mais populoso da ilha. "Eles estão aqui para proteger a ilha caso algo aconteça."

"A Coreia do Norte sempre ameaçou outros países. Eles ameaçaram os EUA, outros países, e ameaçam Guam. É propaganda", afirmou Gus Aflague, morador de Guam e cujos avô e irmão serviram na Marinha americana. "Sinto-me seguro com a presença militar aqui."

O governador de Guam, Eddie Calvo, disse que a ilha já foi invadida pelo Japão na Segunda Guerra Mundial, atingida por incontáveis terremotos e tufões, e que não há comunidade dos EUA mais bem preparada para enfrentar a ameaça norte-coreana.

"Estamos preocupados com essas ameaças, mas, ao mesmo tempo, queremos garantir que as pessoas não entrem em pânico e sigam adiante com suas vidas, aproveitem as praias", disse.

Muitos turistas parecem realmente não ter se deixado intimidar. Nesta quinta-feira, a principal praia da ilha estava lotada de banhistas, descansando sob as árvores ou nas espreguiçadeiras de hotéis cinco estrelas. Guam é um destino muito procurado no Japão e na Coreia do Sul.

Mas também há quem demonstre medo. "O que o presidente [Trump] está fazendo para nos proteger? Eu o culpo. Eu simplesmente não concordo com isso. É assustador", disse o morador Lou Menu. "Vivemos numa pequena ilha. Não há onde se esconder se um ataque acontecer", afirmou outra habitante, Louie Joyce.

"É uma loucura. Fico olhando para as pessoas aqui agindo como se não fosse um problema, mas acho que é um grande problema para nós", disse o morador Victor Bilon. "Acho que eu deveria voltar para casa e passar mais tempo com meus filhos."

Ameaça concreta?

A possibilidade de um confronto nuclear é considerada remota, mas o alerta internacional vem aumentando nos últimos dias. Num comunicado divulgado pela mídia estatal da Coreia do Norte, o general Kim Rak Gyom, chefe do comando de mísseis do país, disse que o país "está prestes" a agir militarmente nas proximidades de Guam.

Ele disse que o plano a ser finalizado até meados de agosto prevê que quatro mísseis de médio alcance sejam disparados e atinjam águas a uma distância de 30 a 40 quilômetros da ilha.

Está não é a primeira vez que a Coreia do Norte ameaça o território americano, que é um ponto crucial e estratégico para as forças americanas no Pacífico.

Masao Okonogi, professor da universidade japonesa de Keio, vê as declarações da Coreia do Norte mais como um anúncio de mudança de seu programa de mísseis – transferindo os testes do Mar do Japão para as áreas ao redor de Guam – do que uma ameaça de ataque.

Já Lee Choon-geun, pesquisador do Instituto de Política de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, afirmou haver o risco de que um míssil caia muito mais perto de Guam do que o planejado. "Se o míssil cair em suas águas territoriais, os EUA considerariam isso um aparente ataque e, considerando os riscos envolvidos, provavelmente tentariam derrubar os mísseis antes que eles caíssem em qualquer ponto próximo a Guam", disse à agência de notícias Reuters. "Isso poderia elevar as ameaças a um nível sem precedentes."

LPF/ap/rtr/dpa/afp

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