Megaoperação policial deixou 121 mortos no Rio, diz governo
Publicado 29 de outubro de 2025Última atualização 29 de outubro de 2025
Moradores do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, acharam na manhã desta quarta-feira (29/10) ao menos 72 corpos em uma área de mata. Mais de 60 corpos foram levados para a Praça São Lucas, no centro da comunidade, onde ficaram expostos para registro da imprensa e depois foram cobertos com lençóis. A ação ocorre um dia depois da operação policial mais letal da história recente do Brasil.
Os corpos, todos de homens, estavam no chão, lado a lado, à vista de moradores e jornalistas que chegavam ao local. A comunidade aguarda a retirada dos corpos pelo Instituto Médico-Legal (IML).
Até a manhã desta quarta-feira, as autoridades locais contabilizavam oficialmente entre 58 e 64 mortos – sendo quatro policiais – na operação que ocorreu no dia anterior nos complexos da Penha e do Alemão.
No entanto, o aparecimento de dezenas de corpos recolhidos e expostos pelos moradores indicou que o número poderia crescer ainda mais. E assim aconteceu: durante a tarde, o governo local finalmente confirmou pelo menos 121 mortes, cifra que supera matanças como o massacre do Carandiru de 1992.
Durante a noite, mais seis corpos encontrados em área de mata no Complexo do Alemão foram levados para o Hospital Getúlio Vargas. A operação de resgate, realizada em áreas de mata próximas à comunidade, foi liderada principalmente por mulheres em busca de seus companheiros, irmãos ou filhos.
Corpos retirados de área de confronto
O site de notícias G1 informou que os corpos estavam na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde se concentraram os confrontos entre as forças de segurança e traficantes. Moradores afirmaram aos repórteres do G1 que ainda havia cadáveres no alto do morro.
O ativista Raull Santiago, morador do complexo, fez uma transmissão ao vivo e denunciou a "chacina que entra para a história do Rio de Janeiro, do Brasil e marca com muita tristeza a realidade do país."
À Folha de S.Paulo, a advogada Flávia Fróes, que acompanhou a ação dos moradores, contou que alguns dos corpos têm marcas de tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas. Já a mãe de um dos mortos contou que encontrou o filho com o pulso amarrado.
A megaoperação mobilizou cerca de 2.500 agentes e teve como objetivo cumprir cem mandados de prisão contra membros do Comando Vermelho, um dos principais grupos criminosos do Brasil.
Os narcotraficantes responderam bloqueando diversas vias na Zona Norte do Rio, região onde a operação ocorreu.
As operações e os bloqueios causaram interrupções no serviço de cerca de cem linhas de ônibus e o fechamento de dezenas de escolas e postos de saúde.
Nesta quarta-feira, a cidade amanheceu sem novos bloqueios e com o trânsito normalizado.
O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, disse que 113 pessoas foram presas na megaoperação, sendo que 33 eram de outros estados.
Apesar do massacre, o governador Cláudio Castro considerou a operação como "um sucesso" e disse que as vítimas são apenas os quatro policiais mortos. Ele não comentou sobre os corpos encontrados pelos moradores.
as/jps (Agência Brasil, Efe, OTS)