Moraes associa atentado a "gabinete do ódio" de Bolsonaro
Publicado 14 de novembro de 2024Última atualização 14 de novembro de 2024
Ministro do STF diz que ação de homem-bomba – chamada por Bolsonaro de "fato isolado" – é fruto do clima de extremismo no país. E descartou anistia a golpistas: "Pacificação, só com responsabilização de criminosos."
Ao discursar na manhã desta quinta-feira (14/11) numa aula magna do Conselho Nacional do Ministério Público, Moraes disse que o atentado está inserido num "contexto" que começou com o "gabinete do ódio" – estrutura paralela que teria sido criada no governo Bolsonaro para propagar mentiras e ataques a adversários e desafetos do ex-presidente.
"O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto", disse Moraes. "O contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso 'gabinete do ódio' começou a destilar discurso de ódio contra as instituições; contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente; contra a autonomia do Judiciário; contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro."
Segundo Moraes, ofensas, ameaças e coações cresceram sob o falso pretexto de liberdade de expressão. "Em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime. E isso foi se avolumando e resultou no 8 de janeiro."
O ministro elogiou o Ministério Público, afirmando que a instituição tem um trabalho importante no combate ao extremismo. "Nós precisamos continuar combatendo isso", apelou.
Anúncio
Sem anistia
Moraes afirmou ainda não acreditar em pacificação no país sem punição a criminosos – uma sinalização que deve preocupar o próprio Bolsonaro e apoiadores empenhados em anistiar os envolvidos (civis e militares) na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Há uma proposta sobre o tema atualmente em discussão na Câmara.
O ex-presidente, que está inelegível por decisão do STF até 2030 (num processo distinto, por abuso de poder), também quer abrir o caminho para uma candidatura em 2026.
Na noite anterior, Bolsonaro havia postado uma mensagem no X convocando "todas as correntes políticas e líderes das instituições nacionais" à "pacificação nacional" em prol do Brasil.
Para Moraes, a "necessária pacificação do país" só é possível com a "responsabilização de todos os criminosos".
"Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos", frisou o ministro. "A impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem, porque as pessoas acham que podem vir a Brasília, entrar no STF para explodir o STF."
Sem citar Bolsonaro nominalmente, Moraes disse que ataques à democracia foram "instigados por pessoas, algumas com altos cargos na República", ao ponto de chegarem a usar bombas.
Mais tarde, falando durante a sessão de abertura do STF, Moraes disse "lamentar" o que chamou de normalização do "contínuo ataque às instituições". "Essas pessoas não são só negacionistas na área da saúde, são negacionistas do Estado de direito, e devem ser responsabilizadas, e serão responsabilizadas."
Inquérito deve ser chefiado por Moraes
Moraes deve assumir a relatoria das investigações sobre o atentado provocado na noite de quarta-feira (13/11) pelo catarinense Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos.
Após tentativa frustrada de invadir o STF, ele se matou deitando-se sobre uma bomba na praça dos Três Poderes, em frente à Corte. Apesar de ter provocado outras explosões, a ação não deixou outros feridos. Nas redes sociais, o homem exibia sinais de radicalização política, dirigindo ameaças ao STF e a supostos "comunistas".
Para Moraes. o episódio não foi "um mero suicídio", e taxá-lo como tal por questões ideológicas seria "absurdo". "A nossa polícia judicial evitou que ele entrasse aqui para explodir e, na hora que seria preso, ele se explodiu."
O inquérito do caso deve fazer parte das investigações mais amplas sobre os atos golpistas realizados por apoiadores de Bolsonaro em 2023, que está sob responsabilidade de Moraes.
ra (ots)
O mês de novembro em imagens
O mês de novembro em imagens
Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP/dpa/picture alliance
Biden dá as boas-vindas a Trump para iniciar a transição
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o atual mandatário, Joe Biden, estiveram reunidos hoje no Salão Oval da Casa Branca inaugurando formalmente a transição para o governo do republicano, que toma posse em 20 de janeiro. Trump enfatizou que "política é difícil" em seu retorno, embora tenha agradecido a Biden por seus esforços para garantir uma transição pacífica. (13/11)
Foto: AP/dpa/picture alliance
Eleições antecipadas à vista
O partido SPD, do chanceler Olaf Scholz, e a sigla de oposição CDU chegaram a um acordo: as eleições antecipadas para o Bundestag (parlamento alemão) serão realizadas em 23 de fevereiro. A decisão veio uma semana depois da demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do neoliberal FDP, que selou o fim da coalizão tripartidária à frente do país, que contava ainda com os verdes. (12/11)
Foto: Fabian Sommer/dpa/picture alliance
Holanda impõe controles de fronteira para barrar ilegais
O governo holandês anunciou a imposição de controles extras em suas fronteiras terrestres para combater a imigração ilegal. "É hora de enfrentar o tráfico de migrantes de maneira concreta", disse ministra holandesa da Migração, Marjolein Faber. Medida tem caráter temporário, de acordo com as normas da União Europeia. (11/11)
Foto: Marcel van Hoorn/ANP/AFP
Ucrânia lança ataque de drones contra Moscou
Bombardeada com um número recorde de 145 drones, a Ucrânia reagiu atacando Moscou com ao menos 34 drones, na mais pesada investida contra a capital russa desde o início da guerra, em 2022. O ataque ucraniano interrompeu o tráfego aéreo em três grandes aeroportos de Moscou e feriu ao menos uma pessoa em um vilarejo nos subúrbios da cidade. (10/11)
Foto: Tatyana Makeyeva/AFP/Getty Images
Ataque suicida deixa mais de 20 mortos no Paquistão
Um ataque suicida executado em uma estação ferroviária da cidade paquistanesa de Quetta, na conturbada província do Baluchistão, deixou pelo mais de 20 mortos e 40 feridosl. O grupo separatista Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) assumiu a responsabilidade em um comunicado divulgado nas redes sociais.(09/11)
Foto: Banaras Khan/AFP/Getty Images
Cúpula da UE termina sob espectro da reeleição de Trump
Líderes da UE prometeram dar novo impulso à economia do bloco europeu ao término da cúpula que reuniu chefes de governo dos 27 Estados-membros na Hungria. Resultado das eleições nos EUA motivou europeus a avançarem medidas para aumentar competitividade do bloco. Cúpula termina com promessa de reforçar defesa e combater alta nos custos de energia. (08/11)
Foto: Mehmet Ali Ozcan/AA/picture alliance
Biden pede união e promete transição pacífica nos EUA
“Você não pode amar seu país somente quando vence. Você não pode amar seu vizinho somente quando concorda. Algo que esperamos que possamos fazer, não importa em quem você votou, é nos vermos não como adversários, mas como concidadãos americanos. Reduzam a temperatura”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso na Casa Branca (07/11)
Foto: Ron Sachs/Pool/CNPZUMA Press Wire/IMAGO
Scholz demite ministro das Finanças e governo alemão fica por um fio
A tríplice coalizão partidária que governa a Alemanha desmoronou após o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o ministro das Finanças, Christian Lindner, que também é presidente do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão). Num pronunciamento na televisão, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ex-ministro. (06/11)
Foto: ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images
Trump derrota Kamala e retorna à Presidência dos EUA
Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, protagonizando um retorno dramático e triunfal à Casa Branca. O republicano derrotou de maneira decisiva sua rival democrata Kamala Harris ao superar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral dos EUA. E, em contraste com sua vitória anterior, em 2016, Trump ainda ficou à frente no voto popular. (06/11)
Foto: Brian Snyder/REUTERS
EUA vão às urnas para escolher o novo presidente
Os EUA foram às urnas para definir quem vai comandar a maior potência econômica e militar do mundo. Na disputa estão a democrata Kamala Harris – que pode ser eleita a primeira mulher a ocupar a Casa Branca – e o republicano Donald Trump – que tenta um retorno à Presidência quase quatro anos após deixar Washington em desgraça, na esteira de uma tentativa de golpe. (05/11)
Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
Após mais de 60 anos de carreira artística, morreu o carioca Agnaldo Rayol, em consequência de uma queda em sua residência. Cantor romântico, com o auge do sucesso na década de 1960, também protagonizou telenovelas e filmes em papéis de galã, e apresentou programas próprios na TV. Descendente de imigrantes, tocou os corações de seus fãs com canções em italiano, até nos anos 90. (04/11)
Foto: Fotoarena/IMAGO
População joga lama em rei da Espanha durante protestos pós-enchentes
Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, no leste do país, terminou em confusão. Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva e hostilizou as autoridades com gritos de "assassinos". O barro atingiu o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia. (03/11)
Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
Espanha intensifica busca por sobreviventes após enchente
O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana. Esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz. A inundação já é considerada a segunda mais mortal deste século na Europa. (02/11)
Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
Alemanha facilita mudança legal de gênero
Maiores de 18 anos poderão requerer a alteração dos registros oficiais, adotando um novo prenome e gênero, ou até eliminando a indicação de gênero. Menores acima dos 14 anos também podem recorrer às novas regras, sob aprovação paterna ou por recurso legal. Em Berlim, que tem comunidade LGBT+ atuante, cerca de 1.200 requerimentos foram apresentados no primeiro dia de vigência da nova lei. (01/11)