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Moraes ordena prisões de Torres e de ex-chefe da PM do DF

10 de janeiro de 2023

Polícia Federal cumpre mandado na casa do ex-secretário de Segurança Pública do DF acusado de facilitar atos golpistas. Torres, que está nos EUA, diz que vai retornar ao Brasil e se apresentar à Justiça.

Anderson Torres
Torres nega que tenha participado de uma trama para os atos golpistas do dia 8 de janeiroFoto: Agencia Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (10/01) a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, suspeito de facilitar os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília por grupos de bolsonaristas radicais.

Pouco depois, Torres, que se encontra nos Estados Unidos, anunciou que vai regressar ao Brasil para se apresentar à Justiça. "Irei me apresentar à Justiça e cuidar da minha defesa", afirmou numa rede social.

Torres, que atuou como ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, não estava em Brasília no dia em que os extremistas depredaram os edifícios do STF, do Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Depois de assumir o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro, ele partiu em uma viagem de férias aos Estados Unidos.

A Polícia Federal (PF) realizou buscas na residência de Torres e deve cumprir o mandado de prisão do bolsonarista no momento em que ele retornar ao país, o que estava inicialmente programado para ocorrer no fim de janeiro.

Torres foi exonerado em meio aos ataques em Brasília pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), antes de este ser afastado do cargo por Moraes.

A decisão de prender Torres veio após um pedido do advogado-geral da União, Jorge Messias, que solicitou a detenção em flagrante do ex-secretário e de outros agentes públicos que participaram dos ataques às sedes dos Três Poderes ou os facilitaram. Ele o acusou de violação do Estado democrático de Direito.

Sabotagem

O interventor do governo federal na segurança pública do DF, Ricardo Garcia Cappelli, acusou Torres de estar por trás de uma sabotagem nas forças de segurança da capital federal, que teria sido orquestrada pelo então secretário da Segurança Pública.

"Foi um ato de sabotagem do secretário Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, que assumiu a Secretaria de Segurança no dia 2, mudou todo o comando e viajou. Não foi por acaso", disse Cappelli.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, avaliou que a quantidade de policiais na Esplanada dos Ministérios no dia dos ataques era insuficiente. "Havia um efetivo planejado e um efetivo real, em um certo momento esse efetivo era três ou quatro vezes menor que o planejado", observou.

Torres rejeitou as acusações de que teria sido leniente. "Não houve leniência, é a primeira vez que tiro férias em muito tempo", afirmou o ex-secretário ao jornal Folha de S. Paulo. Ele também negou que tivesse ido aos EUA para se encontrar com Bolsonaro, que viajou para a Flórida antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Não me encontrei com ele em nenhum momento. Estou de férias com a minha família. Não houve nenhuma trama para que isso ocorresse", declarou, referindo-se aos atos golpistas.

Na mira do STF

Em nota divulgada em suas redes sociais, Torres negou uma possível associação com os golpistas que atacaram a sede do Poder na capital federal. "Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries a que assistimos."

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu também a Moraes a investigação e responsabilização civil e criminal dos perpetradores de atos ilícitos no domingo, além da apreensão de "todos os veículos e demais bens utilizados para transporte e organização dos atos criminosos".

Torres já havia sido apontado por Moraes – que é o relator das investigações sobre atos antidemocráticos no STF – como envolvido na live nas redes sociais de Bolsonaro realizada em 29 de julho, uma das ocasiões nas quais o ex-presidente atacou as urnas eletrônicas e o sistema de votação no Brasil.

Ex-comandante da PM preso

O ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fabio Augusto Vieira foi preso nesta terça-feira, também após ordem de Moraes. Ele era o comandante da corporação no domingo passado e já havia sido afastado do cargo por Cappelli por suspeita de conivência com os extremistas bolsonaristas.

A atuação da polícia e do governo do DF durante os atos golpistas vem sendo questionada, em meio a suspeitas de conivência por parte das autoridades locais. Imagens registradas pelos próprios bolsonaristas mostram policiais permitindo a entrada de grupos de bolsonaristas na sede do Congresso Nacional.

rc/as (ots)

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