1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Desarmamento

(stu/rw)28 de abril de 2007

Com suspensão do Tratado de Armas Convencionais, Putin segue tendência mundial. Ao mesmo tempo em que acordos de controle armamentista estão expirando ou foram suspensos, está em andamento uma nova corrida por armas.

Míssil balístico intercontinental norte-americano Titã 2, em seu silo subterrâneoFoto: npb

Foi uma demonstração de força para o público russo ou apenas um blefe? Ou há razões estratégicas por trás do anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, de suspender o Tratado de Armas Convencionais na Europa?

Observadores tentam interpretar a argumentação de Putin, que critica a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por estar ampliando suas bases militares na fronteira com a Rússia e planeja a construção do sistema antimísseis na República tcheca e na Polônia.

Medo da supremacia

Os Estados Unidos insistem que o sistema de defesa planejado para o Leste europeu não impedirá mísseis russos. "Moscou também não vê nisso uma ameaça direta e sim mais um passo na série de alterações geoestratégicas sistematicamente perseguidas pelos Estados Unidos para manter a Rússia pequena" acredita Harald Müller, diretor da Fundação de Pesquisas sobre Paz e Conflitos de Hessen.

Tropas especiais russas intervêm num seqüestro em NalchikFoto: dpa

Entre esta série de medidas, ele cita a ampliação da Otan para o Leste europeu , a presença de tropas norte-americanas no Cáucaso e na Ásia Central e a almejada supremacia no espaço.

Com a suspensão do tratado, a Rússia pode aumentar se estoque de armas convencionais. Mais significativo para o governo russo deve ser o fato de que, com a moratória, estaria livre para mobilizar mais tropas nas fronteiras no nordeste e sudeste. A agitada região do Cáucaso sempre foi vista como um problema à segurança russa.

Acusações mútuas

O Tratado de Armas Convencionais não entrou em vigor até hoje porque os países da Otan condicionam sua ratificação à retirada das tropas russas da Geórgia e da região da Transnístria, na Moldávia. "Quem critica os russos por congelar o tratado é cego de um olho", critica Müller.

O fim do Tratado de Armas Convencionais na Europa seguiria uma tendência que já está sendo verificada há muito tempo. "Quase todos os acordos sobre controle de armamentos foram suspensos ou estão expirando", assinala Martin Kalinowski, especialista em armamentos e físico da Universidade de Hamburgo.

Em 2002, os Estados Unidos cancelaram de forma unilateral o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM), assinado 30 anos antes com a Rússia. Em reação, Moscou suspendeu o Acordo Start 2, de redução do número de ogivas estratégicas.

Já o Start 1, que limita o arsenal nuclear dos EUA e da Rússia em 6 mil ogivas atômicas para cada um, expira em 2008. O Tratado de Interdição Completa de Testes Nucleares fracassou em 1999, com não-ratificação pelo Senado norte-americano.

Resta o Tratado de Moscou (Tratado sobre Reduções Estratégicas Ofensivas, ou SORT), de 2002, em que Rússia e EUA se comprometeram a reduzir o número de ogivas nucleares a um máximo de 2.200 unidades.

Só que as ogivas não estão sendo sucateadas. Elas apenas estão desaparecendo do arsenal. A meta deve ser cumprida até 31 de dezembro de 2012. Após esta data, o tratado expira, explica Müller.

Encorajando outros países

O Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT) está em crise há anos, pois as potências atômicas não cumprem suas responsabilidades – e com isso encorajam outras nações a não respeitarem o acordo, acusa. Os esforços pelo desarmamento na década de 1990 foram substituídos por uma corrida armamentista.

Jacques Chirac visita ao submarino nuclear Le Vigilant em janeiro de 2006Foto: AP

Os Estados Unidos estão pesquisando uma nova geração de ogivas no projeto chamado Substituição Confiável de Ogivas Nucleares (RRW). Há algumas semanas, o Reino Unido decidiu investir até 30 bilhões de euros na renovação de seu arsenal atômico.

Também a França está ampliando sua "força de ataque". Em três anos, o submarino nuclear lança-mísseis Le Terrible se juntará às outras três "rampas de lançamento submarinas". A Rússia está desenvolvendo foguetes com ogivas múltiplas controláveis, a China está modernizando seu arsenal e a Índia e o Paquistão provavelmente não querem ficar para trás nesta disputa.

Pular a seção Mais sobre este assunto