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Moro propôs ação contra defesa de Lula, diz site

15 de junho de 2019

Em novo diálogo divulgado pelo "Intercept", ex-juiz Sergio Moro conversa com procuradores da Lava Jato, sugerindo que Ministério Público divulgasse nota centrada em "contradições" do depoimento de Lula sobre triplex.

Justizminister Sergio Moro
Site "The Intercept" divulga novos chats entre ex-juiz Sergio Moro e força-tarefa da Lava JatoFoto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

Em novas mensagens atribuídas ao ex-juiz Sergio Moro, divulgadas pelo site The Intercept na noite desta sexta-feira (14/06), o atual ministro da Justiça conversa com o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima sobre como rebater a defesa de Lula após o depoimento do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá.

O site tornou público um chat onde Moro, então juiz no caso do triplex, pedia aos procuradores que divulgassem uma nota à imprensa para se contrapor à defesa do ex-presidente: "talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele", escreveu Moro, "por que a defesa já fez o showzinho dela."

Segundo o site, Carlos Fernando respondeu: "Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal. Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua [de Moro]".

Depois, segundo o Intercept, Santos Lima encaminhou sua conversa com Moro ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, que respondeu num grupo que reúne integrantes do MPF: "então temos que avaliar os seguintes pontos: 1) trazer conforto para o juízo e assumir o protagonismo para deixá-lo mais protegido e tirar ele um pouco do foco; 2) contrabalancear o show da defesa."

Essas mensagens foram enviadas depois de Moro tomar conhecimento de uma coletiva da defesa de Lula, em 10 de maio de 2017, dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ouvido por Moro pela primeira vez no processo em que ele era acusado – e pelo qual seria preso – de receber como propina um apartamento triplex no Guarujá.

Segundo o Intercept, os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e distribuíram uma nota à imprensa, repercutida pelos principais veículos de comunicação e agências do país, com notícias centradas justamente na palavra desejada pelo juiz: "contradições".

Na época, a nota de imprensa apontou como contradições: "a imputação de atos à sua falecida esposa, a confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e a ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência".

O site escreveu que essa seria "mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex."

De acordo com o Intercept, Moro disse em entrevista na sexta-feira ao jornal O Estado de S. Paulo que considera "absolutamente normal'" o fato de um juiz conversar com procuradores. O Intercept retrucou, afirmando: "Agora, está evidente que não se trata apenas de 'contato pessoal' e 'conversas', como diz o ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se comportar."

O Intercept relatou que teria procurado a equipe do ministro na sexta-feira, apresentando com antecedência todos os pontos mostrados na reportagem.

A assessoria enviou a seguinte nota, escreveu o site: "O Ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente".

No último domingo, o site divulgou as primeiras conversas entre Moro e membros do MPF no aplicativo Telegram entre 2015 e 2018. Segundo o Intercept, elas teriam sido repassadas por uma fonte anônima.

CA/ots

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