Morre último combatente do Levante do Gueto de Varsóvia
23 de dezembro de 2018
Simcha Rotem foi um dos judeus que sobreviveram à primeira revolta de civis na Europa ocupada pelos nazistas, em abril de 1943. Após uma vida de luta pela memória do Holocausto, ele morre aos 94 anos em Jerusalém.
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Simcha Rotem, o último homem sobrevivente entre os combatentes do Levante do Gueto de Varsóvia, morreu aos 94 anos em Jerusalém. Ele será enterrado neste domingo (23/12) em Harel, no centro de Israel, um dia após sua morte.
Rotem, também conhecido como Kazik, foi um dos judeus que se rebelaram contra os nazistas em abril de 1943, após iniciadas as deportações em massa na capital da Polônia.
Milhares de judeus morreram nessa que foi a primeira revolta de civis na Europa ocupada pelos nazistas. A maioria deles foi queimada viva, e muitos foram enviados para campos de concentração. Rotem ajudou a salvar a vida dos últimos sobreviventes do levante ao contrabandeá-los para fora do gueto em chamas através de túneis de esgoto.
Ele morreu no sábado, após lutar contra uma longa doença. "Nesta noite nos despedimos de Simcha Rotem, o último dos combatentes do Gueto de Varsóvia", anunciou o presidente israelense, Reuven Rivlin. "Ele se juntou à revolta e ajudou a salvar a vida de dezenas de combatentes. Obrigado por tudo, Kazik. Prometemos tentar todos os dias ser merecedores da descrição 'humano'."
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O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, também lamentou a morte do judeu, afirmando que "a história dele e a história do levante acompanharão nosso povo para sempre".
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, declarou que Rotem foi um "herói de duas nações: a polonesa e a israelense". "Que sua memória viva", escreveu no Twitter.
"Perdemos uma voz muito importante. Kazik foi um verdadeiro lutador, no sentido completo da palavra", afirmou, por sua vez, Avner Shalev, diretor do museu Yad Vashem, que lembra as vítimas judaicas do Holocausto, em Jerusalém.
"[Kazik] foi um valente e hábil jovem lutador. Não foi uma figura política, mas um homem que lutou pela memória do Holocausto na mais pura de suas formas", acrescentou Shalev.
Com a morte de Rotem, tem-se conhecimento de apenas mais uma sobrevivente do Levante do Gueto de Varsóvia: Aliza Vitis-Shomron, de 90 anos, que distribuia panfletos e contrabandeava armas durante a revolta.
Ela lamentou a morte do colega. "É difícil. Eu sou a última que restou, e não há mais ninguém para manter a história viva", disse Vitis-Shomron à agência de notícias AP. "[Rotem] era o último combatente. Vou continuar falando até meu último dia, mas ninguém vive para sempre. Depois de mim, quem vai falar?"
Simcha Rotem
Rotem nasceu em Varsóvia em 1924 e, aos 12 anos, ingressou no movimento juvenil sionista Hanoar Hatzioni. No início da Segunda Guerra Mundial perdeu sete membros de sua família – entre eles seu irmão Israel, seus avôs e dois tios – num bombardeio alemão sobre a sua residência. Ele e sua mãe ficaram feridos.
Em 1942 entrou no Gueto de Varsóvia como membro da organização judaica ZOB. Ali lutou e mediou contatos entre o gueto e a resistência no exterior durante o levante.
Quatro anos depois migrou à então Palestina durante o mandato britânico (1920-1948) e foi preso pelos britânicos num centro de detenção. Então se juntou à Haganá, uma organização paramilitar judaica de caráter sionista, com quem lutou na guerra árabe-israelense no final dos anos 1940.
Em 1984 Rotem publicou um livro autobiográfico, que foi traduzido para diversos idiomas.
Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.