Semion Rosenfeld fugiu do campo de extermínio nazista onde mais de 250 mil judeus foram assassinados em pouco mais de um ano. Ele faleceu em Israel aos 96 anos.
Anúncio
O último sobrevivente conhecido do campo de extermínio nazista de Sobibor, Semion Rosenfeld, morreu aos 96 anos nesta segunda-feira (03/06) em Israel. Ele deixa dois filhos e cinco netos.
Nascido na Ucrânia em 1922, Rosenfeld se juntou ao Exército Vermelho em 1940. Sua família inteira foi morta pelos nazistas na vila onde viviam. Em julho de 1941, ele foi ferido e feito prisioneiro pelos alemães. Primeiro, foi levado a um campo de concentração em Minsk, em Belarus, e, em setembro de 1943, transferido para Sobibor, na Polônia.
Em 14 de outubro de 1943, Rosenfeld participou da mais famosa revolta num campo de concentração nazista. Os participantes do levante mataram 11 guardas, e cerca de 300 prisioneiros fugiram. Apenas 50, no entanto, sobreviveram. Os nazistas recapturaram e mataram a maioria dos fugitivos.
Rosenfeld sobreviveu ao se esconder na floresta por meses até a primavera de 1944, quando se juntou novamente ao Exército Vermelho. Ele participou da queda de Berlim. "Não estava com medo. Não tive tempo para pensar sobre isso, só queria sobreviver", afirmou Rosenfeld depois da fuga.
Em março, numa entrevista a uma emissora de televisão israelense, Rosenfeld disse que o destino fez dele um herói. Após a guerra, Rosenfeld voltou a viver na Ucrânia. Em 1990, ele emigrou para Israel com a esposa e os filhos.
Antes do fim da guerra, os nazistas demoliram Sobibor para destruir os vestígios do campo de extermínio. Ao menos 250 mil judeus, a maioria do leste da Polônia, mas também da Holanda, República Tcheca e Eslováquia, foram mortos no local entre 1942 e 1943.
Rosenfeld foi um dos cerca de 50 prisioneiros de Sobibor que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial, segundo Yad Vashem, centro de memória do Holocausto em Jerusalém. "Com as últimas testemunhas desaparecendo, é nossa responsabilidade contar seus feitos heroicos", afirmou o presidente da instituição, Avner Shalev, em comunicado.
CN/afp/dpa
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
Foto: picture-alliance
Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
Foto: absolut Medien GmbH
A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
Foto: picture alliance / United Archives/IFTN
Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
Foto: picture-alliance/dpa
O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
Foto: imago stock&people
O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.