Morre John Hume, idealizador da paz na Irlanda do Norte
3 de agosto de 2020
Hume ajudou a arquitetar o Acordo de Belfast, que resultou no fim do conflito entre católicos e protestantes no país. Em 1998, ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz, ao lado do então líder unionista David Trimble.
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O político norte-irlandês John Hume, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1998 por seu papel no processo que encerrou o conflito em sua terra natal, morreu nesta segunda-feira (03/08) aos 83 anos, anunciou sua família. A causa da morte não foi divulgada.
Fundador e ex-líder do católico Partido Social Democrata Trabalhista (SDLP), Hume foi um dos arquitetos do processo de paz na Irlanda do Norte. Ao lado de David Trimble, então líder do sindicalista Partido Unionista do Ulster (UUP), ele ajudou a idealizar o Acordo de Belfast, também conhecido por Acordo da Sexta-feira Santa, assinado em abril de 1998.
"Estamos profundamente tristes em anunciar que John faleceu pacificamente nas primeiras horas da manhã após uma curta doença", disse sua família em comunicado. "John foi um marido, pai, avô, bisavô e irmão. Ele era muito amado e sua perda será profundamente sentida por toda a família."
Hume sofria de demência e estava há alguns anos numa casa de repouso em Londonderry, no noroeste da Irlanda do Norte.
O ex-líder do SDLP ajudou a pôr fim a três décadas de conflitos sangrentos na Irlanda do Norte entre a comunidade nacionalista católica, que almejava que o país se una à Irlanda, e sindicalistas protestantes, que queriam que o país permanecesse parte do Reino Unido. Por essa contribuição, ele e Trimble receberam o Nobel da Paz em 1998.
Hume nasceu em Londonderry, em 18 de janeiro de 1937, no auge da Grande Depressão. Ele ingressou no movimento dos direitos civis da Irlanda do Norte na década de 1968.
Hume via o nacionalismo como uma força em declínio e lutou contra a discriminação presente em diversas áreas sociais. Ele buscou a ideia de estender o autogoverno à Irlanda do Norte, com o poder dividido entre os grupos que o formaram.
Em 1970, Hume ajudou a fundar o SDPL, que unia suas inclinações social-democratas com o desejo da minoria católica de reunir a ilha. Em 1979, Hume foi eleito para o Parlamento Europeu e Britânico, e também se tornou líder do SDLP, cargo que ocupou até 2001, quando se retirou da política alegando problemas de saúde.
"A Irlanda não é um sonho romântico, não é uma bandeira. São 4,5 milhões de pessoas divididas em duas tradições poderosas", disse Hume. "A solução não será encontrada com base na vitória de nenhum dos dois, mas com base no acordo e na parceria entre ambos. A verdadeira divisão da Irlanda não é uma linha traçada no mapa, mas nas mentes e nos corações de seu povo."
Enquanto Hume e Trimble creditavam o povo da Irlanda do Norte e da República da Irlanda, foi a diplomacia de Hume que deu impulso ao processo de paz. Hume conquistou um avanço no cenário político de Belfast em 1993 ao cortejar Gerry Admas, então chefe do Sinn Fein, a ala política do Exército Republicano Irlandês, na esperança de assegurar um cessar-fogo do IRA.
Hume idealizou uma ampla agenda para os debates, argumentando que estes deveriam ser conduzidos por uma cooperação estreita entre os governos do Reino Unido e da Irlanda. O processo foi supervisionado por atores neutros, como o mediador americano George Mitchell, e as decisões foram ratificadas por referendos públicos em ambas as partes da ilha irlandesa.
Na época em que os vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 1998 foram anunciados, Mitchell afirmou que "sem John Hume não teria havido um processo de paz, e sem David Trimble não haveria um acordo de paz".
O primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, afirmou que é "impossível expressar adequadamente a escala e o significado da vida de John Hume". "Ele foi uma das figuras da vida pública irlandesa do século passado", escreveu no Twitter. "Sua visão e tenacidade salvaram este país."
O SDLP, partido fundado por Hume, disse em comunicado: "Todos vivemos na Irlanda que ele idealizou – em paz e livres para decidir nosso próprio destino".
Você sabia que "Ísland" significa "terra do gelo" e Irlanda ("Éire" em irlandês) remonta a uma deusa da fertilidade, o que faz do país "um lugar fértil"? Conheça a origem da denominação de Estados do Velho Continente.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Galuschka
Portugal vem de "Portus Cale"
Muitos dos nomes de países europeus tiveram origem na Antiguidade romana, como Portugal, que remonta à atual cidade do Porto (foto). No tempo dos romanos, ela se chamava "Portus Cale" e se localizava na Galécia, território que hoje corresponde à Galícia e ao norte de Portugal. Mais tarde, essa última região passou a ser denominada Condado Portucalense e deu origem ao Reino de Portugal.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Galuschka
Galo, Gália, França
Os francos eram uma tribo germânica que, com a decadência do Império Romano, passou a ocupar lentamente a província da "Gallia Belgica". Entre os séculos 5° e 6°, fundou-se o Reino dos Francos, dando origem à atual França. Já a Gália designava uma região ocupada pelos celtas ("galli", em latim). A palavra também se refere ao galo, o que explica por que esse animal é hoje um dos símbolos da França.
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Coelhos espanhóis
"Hispania" era como os romanos chamavam a Península Ibérica. A palavra tem origem fenícia. Apesar de controversa, acredita-se que sua etimologia se encontre na antiga Cartago, cujos habitantes chamavam a região de "i-spn-ea" ou "terra dos damões", confundindo o coelho-europeu com um mamífero muito semelhante no norte da África (foto). Os romanos herdaram o nome da região dos cartagineses.
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Mel de Malta
O arquipélago maltês deve seu nome, provavelmente, aos fenícios que o transformaram num entreposto comercial por volta do ano 1000 a.C., chamando a maior das ilhas de M-L-T ("malet" ou refúgio). O termo também pode ter se desenvolvido do grego "melitta" (abelha, mel). É interessante observar que, na Antiguidade, a ilha era conhecida pela qualidade do seu mel. Na foto, vê-se a capital Valetta.
Foto: Fotolia/schneiderpics
Alemanha, Deutschland
Na Gália, os francos tiveram de conter outra tribo germânica: os vizinhos alamanos. A terra dos alamanos passou a se chamar "Allemagne" ou Alemanha. Em alemão arcaico, a palavra "diutisc" (relativa a povo) era a designação que os germanos davam a si mesmo, dando origem ao alemão "deutsch", de onde vem o termo "Deutschland" ou "terra do povo". A foto mostra o Portão de Brandemburgo em Berlim.
Foto: picture alliance/chromorange/SPA
Holanda, Países Baixos
Holanda e Países Baixos descrevem o mesmo país. Num sentido mais estrito, porém, Holanda (do germânico "holt" e "land" ou "terra de florestas") se refere somente às províncias da Holanda do Norte e Holanda do Sul. Já o termo Países Baixos provém, inicialmente, da forma como os borgundos dividiram os seus territórios na Idade Média: em terras altas e terras baixas, que incluíam a atual Holanda.
Foto: NBTC Holland Marketing
Godos na Dinamarca
Dinamarca, do germânico "Tanne" e "Mark" (região de fronteira), era como os godos, povo que habitava a Escandinávia, chamavam a floresta que separava a sua terra ("Gothland") da "Scania", província no sul da Suécia que pertenceu à Dinamarca. Outras fontes apontam a raiz indo-europeia "dhen" (baixo, plano) e "Mark", ou seja, "terra plana" como origem do nome. Foto: a "Pequena Sereia de Copenhague".
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Polônia camponesa
A etimologia do nome Polônia remonta ao povo eslavo ocidental dos "polonos", que no século 5° se fixou entre os rios Oder e Vístula. Esses, por sua vez, se derivam da palavra "pole", que quer dizer "campo, planície". Ou seja, os poloneses eram aqueles que cultivavam a terra. Assim, Polônia significa "terra de camponeses". Na foto, bandeiras são agitadas na praça da catedral de Cracóvia.
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Rússia viking
Rússia tem origem na tribo dos Rus. Esse povo viking emigrou da Escandinávia para a Europa Oriental, chegando até o Mediterrâneo. Para a maioria dos cientistas, Rus vem de "ruotsi" ou remadores, nome dado pelos finlandeses aos suecos. Stalin tentou negar essa origem, já que, para os soviéticos, era inaceitável aceitar a fundação do Estado russo por povos não eslavos, principalmente por germânicos.
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Islândia, Irlanda e Finlândia
Em islandês, "Ísland" significa "terra do gelo". Já Irlanda ("Éire" em irlandês) remonta a Eriu, deusa celta da fertilidade, o que faz do país "um lugar fértil". E em Finlândia (foto) se encontra o radical germânico "finn" (relacionado com "find", procurar): os finlandeses eram nômades dedicados à caça e à coleta. Em finlandês, o país se chama "Suomi", que vem de "suo" (pântano) e "maa" (terra).