Com extensa carreira, cantora espanhola fez quase 4 mil apresentações. Vozes da política e da música lamentam a morte da artista, descrita como grande dama da ópera e uma das sopranos mais importantes da história.
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Considerada uma das melhores sopranos de todos os tempos, a espanhola Montserrat Caballé morreu neste sábado (06/10) aos 85 anos. Ela estava internada no Hospital San Pau, em Barcelona, desde meados de setembro devido a um problema na vesícula. A causa da morte não foi divulgada.
Nascida em Barcelona, Caballé começou a cantar já na infância. Ela estudou ópera em Milão e em 1956 ingressou na Ópera de Basileia, na Suíça, onde interpretou seu primeiro grande papel naquele mesmo ano, como Mimi, em La Boheme, de Giacommo Puccini.
Ao longo de sua extensa carreira, Caballé dividiu o palco com grandes artistas, como Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras. Considerada uma diva da ópera, ela interpretou 90 papéis e fez quase 4 mil apresentações. Muitos críticos a consideram a melhor soprano do século 20.
Sua carreira decolou em 1965, quando protagonizou Lucrezia Borgia, de Donizetti, no Carnergie Hall de Nova York. Outro destaque de sua trajetória foi a interpretação, ao lado de Freddie Mercury, da canção Barcelona, hit de 1987. Após a morte de Mercury, a canção foi tema da abertura dos Jogos Olímpicos de 1992.
Vozes do mundo da política e da cultura lamentara a morte de Caballé. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, classificou a perda de uma "triste notícia". "Morreu uma grande embaixadora do nosso país, uma soprano de ópera reconhecida internacionalmente. Montserrat Caballé, sua voz e sua doçura permanecerão sempre conosco", escreveu no Twitter.
O rei da Espanha, Felipe 6º, expressou suas condolências pela morte da soprano. Caballé foi "a grande dama da ópera, uma lenda da cultura universal, a melhor entre os melhores", disse o monarca por meio de sua conta oficial no Twitter. "Sua personalidade e sua voz inigualável vão nos acompanhar para sempre."
O Teatro do Liceu de Barcelona, onde Caballé atuou mais de 200 vezes, também se manifestou, lamentando a morte "de uma das sopranos mais importantes da história".
"De todas as sopranos que escutei ao vivo em teatros, nunca escutei ninguém cantar como Caballé", disse o tenor espanhol José Carreras em entrevista radiofônica concedida neste sábado.
A cantora conquistou um prêmio Grammy e foi agraciada com o Príncipe das Astúrias das Artes em 1991, a mais alta distinção concedida na Espanha. Ela se engajou em várias organizações de caridade e foi Embaixadora da Boa Vontade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ela também criou uma fundação para atender crianças carentes em Barcelona.
Caballé vinha tendo problemas de saúde nos últimos anos. Em outubro de 2012, sofreu um acidente vascular cerebral durante uma atuação na Rússia. Ao cair inconsciente, ela fraturou o úmero. E a saúde não foi a única fonte de desgosto nos últimos anos de vida da cantora. Em dezembro de 2015, ela foi condenada a seis meses de prisão e a pagar uma multa de quase 250 mil euros por evasão fiscal.
LPF/dpa/ap/efe
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Considerada uma das mais belas casas de ópera da Europa, a Semperoper tornou famoso o autor do projeto, o arquiteto Gottfried Semper, por causa da excelente acústica.
Foto: Fotolia/Sabine Kipus
História turbulenta
Ela é um destaque do centro histórico de Dresden. Poucos sabem que este prédio já é a terceira versão da Ópera Semper. A primeira, de 1840, foi totalmente destruída por um incêndio. A segunda foi arrasada pelas bombas da Segunda Guerra Mundial. A cuidadosa reconstrução de edifício se deve também à insistência dos habitantes da cidade.
Foto: AP
Projeto desenhado no exílio
Assim era a primeira versão da Ópera Semper, que pegou fogo em 1869. O arquiteto Gottfried Semper, autor do projeto, foi encarregado de reconstruir o edifício, mas não podia voltar à cidade, por ser procurado pela polícia, acusado de participar das revoluções de 1848. Ele projetou a nova construção no exílio, em Viena, e seu filho Manfred liderou as obras em Dresden, seguindo as instruções do pai.
Foto: DW/S. Bartlick
Destruição na Segunda Guerra
Mas a segunda versão da Ópera Semper também não durou muito. O bombardeio de Dresden, em fevereiro de 1945, destruiu palco e auditório. O resto do edifício foi consumido por um incêndio. Nos anos do pós-guerra, a fachada foi refeita, e a reconstrução do interior começou em 1977. Exatamente 40 anos depois de sua destruição, a ópera foi reaberta em 13 de fevereiro de 1985.
Foto: picture alliance/zb
Gesso minimiza risco de incêndio
Graças aos inúmeros esboços originais de Semper, muitos detalhes puderam ser reconstruídos. Nos trabalhos no teto do foyer, os restauradores descobriram até mesmo alguns afrescos originais. O revestimento da parede, que parece de carvalho, é feito de gesso pintado. Com a ideia, Semper visou reduzir o risco de incêndio.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
Suntuosas escadarias
As colunas de mármore no hall de entrada, através do qual o visitante se aproxima do salão, o ponto alto da casa, também são imitações. Elaboradas meticulosamente, elas não se prestaram a reduzir custos, mas a corresponder ao estilo escolhido por Semper: o alto renascimento italiano.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
Camarote para convidados
No salão da Ópera Semper, a reconstrução trouxe algumas mudanças. Para uma melhor visualização, o piso e as fileiras de assentos foram ligeiramente inclinados. Para ganhar mais espaço, a parede foi colocada uns poucos metros para fora. Em troca, diversos camarotes deixaram de existir. Apenas um sobrou, bem no meio, reservado a convidados do governo do estado da Saxônia.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
Lugares cobiçados
Concertos, óperas e balés são realizados neste palco frequentemente com casa lotada. A Ópera Semper, com seus 1.300 assentos, é a casa de ópera economicamente mais lucrativa da Alemanha. Atores e cantores não precisam de microfone, graças à excelente acústica. A orquestra da casa, a Sächsische Staatskapelle, está entre as mais antigas do mundo.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
Original derretido
O lustre, pendurado no teto ornamentado do salão, pesa 1,9 tonelada e é preso por inúmeras cordas. Ele sobreviveu, como por milagre, às bombas na Segunda Guerra, mas não à sede por metais não ferrosos dos primeiros anos da Alemanha Oriental. O original foi derretido. O lustre atual é uma réplica.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
Foyer principal
Estes corredores arqueados do saguão principal no primeiro andar encantam os visitantes da ópera nas pausas dos espetáculos. Aqui também os ornamentos do teto em estuque puderam ser restaurados de acordo com os desenhos originais de Semper. As grandes janelas convidam a um olhar para fora, onde fica a Theaterplatz, a praça mais importante de Dresden do ponto de vista da história da arquitetura.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
Theaterplatz
Nos arredores da Theaterplaz (praça do teatro) estão a igreja barroca Katholische Hofkirche e o palácio renascentista Residenzschloss, onde residiam os reis, e que foi recentemente restaurado. No canto direito, o Schinkelwache, prédio em estilo clássico. No verão, a praça é palco de concertos ao ar livre.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
A Florença do Elba
A Ópera Semper (no canto direito) é uma das várias atrações turísticas reconstruídas do centro antigo de Dresden. Para os habitantes de Dresden, ela é mais do que uma mera casa de ópera. Graças à sua restauração, o edifício devolveu à cidade um pedaço de sua antiga silhueta, assim como de sua identidade, se tornando um sinal de reconciliação com o passado.