Músico de origem judaica sobreviveu a três campos de concentração nazistas, onde era obrigado a tocar para os oficiais da SS. Sua vida foi retratada em um musical de sucesso em 2012.
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Morreu neste domingo (28/01) o guitarrista de jazz alemão e sobrevivente do Holocausto Coco Schumann, aos 93 anos, após mais de sete décadas dedicadas à música.
"Não apenas seu talento musical, mas também seu senso de humor e calor humano animavam e encantavam as plateias vez após vez" afirmou o selo Trikont em comunicado nesta segunda.
Heinz Jakob Schumann nasceu em Berlim em 1924, filho de mãe judia e pai convertido ao judaísmo. Ele começou a tocar em bandas de jazz e swing ainda adolescente. O músico ganhou o apelido de Coco de uma namorada francesa que não conseguia pronunciar seu nome corretamente.
Após a ascensão do nazismo e o início da Segunda Guerra Mundial, Coco foi deportado em 1943 para o campo de concentração Theresienstadt, onde se tornou membro de uma banda chamada Ghetto Swingers. Os músicos eram obrigados a tocar para os oficiais da SS que administravam o local.
No ano seguinte, os músicos do Ghetto Swingers foram transferidos para o campo de concentração de Auschwitz na Polônia ocupada, onde tinham que tocar para os prisioneiros recém-chegados e os que eram encaminhados para trabalhos forçados.
Schumann ainda sobreviveu a outro campo nas proximidades de Dachau e a uma das chamadas "marchas da morte", enquanto os guardas nazistas fugiam do avanço das tropas aliadas. Ele uma vez declarou que sua vida foi salva pela música.
"Theresienstadt. Auschwitz. Dachau. Ninguém acredita que eu realmente estive nesses lugares", diz. "Por um longo tempo, senti que ninguém entenderia o que eu vi. Eu mesmo não entendia."
O guitarrista acabaria libertado por soldados americanos, permanecendo na Alemanha após a guerra. Sua carreira renasceu nos anos após a queda do nazismo. Schumann começou a escrever e compor música. Ele chegou a tocar com Ella Fitzgerald e Louis Armstrong.
Coco foi o primeiro guitarrista de jazz alemão a usar guitarra elétrica, se tornando um dos mais conhecidos e realizando diversos concertos na Alemanha e no exterior com o quarteto Coco Schumann.
O músico fez turnês pela Europa, tocou em navios de cruzeiro e ficou conhecido como o mais famoso guitarrista de swing da Alemanha.
Assim como muitos sobreviventes do Holocausto, ele evitava falar sobre o período em que passou nos campos de concentração, rompendo o silêncio apenas anos mais tarde.
"Sou um músico que foi preso em campos de concentração", dizia, "e não um prisioneiro de campo de concentração que tocava música". Em 1997, sua autobiografia se tornou um best-seller, sendo retratada como um musical de sucesso em Hamburgo em 2012.
A causa da morte de Coco Schumann não foi divulgada.
RC/afp/dpa
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Dez filmes sobre o Holocausto
A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
Foto: picture-alliance
Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
Foto: absolut Medien GmbH
A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
Foto: picture alliance / United Archives/IFTN
Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
Foto: picture-alliance/dpa
O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
Foto: imago stock&people
O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.