Célebre por suas caretas, voz esganiçada e trapalhadas, o americano teve raras oportunidades de provar que também era um grande ator. Entre suas últimas participações cinematográficas, a ponta numa comédia brasileira.
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Jerry Lewis, o príncipe americano da chanchada no palco e nas telas, "Professor Aloprado", "bagunceiro arrumadinho", "mensageiro trapalhão", "Rei da Comédia", morreu neste domingo (20/08), aos 91 anos de idade.
"O famoso comediante, ator e humorista legendário Jerry Lewis faleceu pacificamente hoje, de causas naturais, em seu lar em Las Vegas, tendo a família a seu lado", comunicaram seus familiares. Segundo sua porta-voz, Candi Cazau, a morte ocorreu às 09h30, hora local (13h30 em Brasília).
Certa vez, o profissional nascido em 16 de março de 1926 em Newark, Nova Jersey, resumiu assim sua trajetória: "Tive grande sucesso em ser um grande idiota." Seu segredo era manter sempre uma qualidade infantil ao representar.
Em novembro de 2002, em entrevista à agência de notícias Reuters, explicou melhor: "Eu olho o mundo através dos olhos de uma criança porque tenho nove anos. Eu fiquei desse jeito, fiz uma carreira com isso. É um lugar maravilhoso para se estar."
Careteiro, ator de peso e figura beneficente
A carreira de Jerry Lewis deslanchou no início dos anos 50, como parceiro cômico do cantor e ator romântico Dean Martin. Em meio século de atividade, participou de 45 produções para o cinema. De uma comédia campeã de bilheteria a outra, em certa época seu salário era um dos maiores de Hollywood.
Aclamado por muitos, esnobado por outros devido a suas personagens irresistivelmente excêntricas, vesgas, careteiras e de voz esganiçada, Lewis teve algumas oportunidades de provar que o excelente ator que era. Entre os pontos altos artísticos de sua carreira madura destacam-se as tragicomédias O Rei da Comédia (1982), ao lado de Robert de Niro e dirigido por Martin Scorsese, e Rir é viver (1995), do inglês Peter Chelsom.
O comediante contava 87 anos quando estrelou sua última produção hollywoodiana, Max Rose, em que encarna um pianista de jazz que passa a questionar seu casamento de 65 anos ao descobrir que a esposa talvez lhe tenha sido infiel. No mesmo ano de 2013 fez uma ponta na comédia brasileira Até que a $orte nos separe 2.
Lewis não deixou de empregar sua fama para fins nobres: em 1966 lançou – e apresentou até 2010 – a maratona televisiva The Jerry Lewis MDA Labor Day Telethon, com o fim de angariar donativos para pacientes de distrofia muscular. Até 2009, a campanha realizada anualmente na véspera do Dia do Trabalho havia coletado um total 2,45 bilhões de dólares.
AV/rtr,ap,afp
Os melhores comediantes do cinema
Charles Chaplin, Mr. Bean ou Loriot – todos são mestres da comédia. Em homenagem aos 125 anos do nascimento de Oliver Hardy – de "O Gordo e o Magro" – relembramos os melhores humoristas do cinema.
Foto: Imago/EntertainmentPictures
O famoso duo de palhaços
Stan & Ollie (Stan Laurel e Oliver Hardy) atuaram juntos em cerca de 200 filmes, muitos deles na época do cinema mudo. Qualquer coisa que a dupla – conhecida no Brasil como "O Gordo e o Magro" – tramasse, invariavelmente terminava em desastre. A dupla de comediantes mais bem-sucedida dos EUA foi, sem dúvida, mestre na arte de fazer rir.
Foto: Imago/United Archives
Muito além da palhaçada
Charlie Chaplin não economizou na palhaçada, por exemplo, em "O vagabundo", mas ele também teceu críticas sociais em seus filmes. Na obra "Em Busca do Ouro", de 1925, a pobreza foi o tema e seu personagem estava tão faminto que comeu solas de sapatos. "Tempos Modernos", de 1936, atacou o capitalismo e o filme "O Grande Ditador" satirizou Adolf Hitler.
Foto: picture-alliance / United Archives/TopFoto
Enlouquecer de rir
Chico, Harpo, Groucho, Gummo e Zeppo – os Irmãos Marx – foram os primeiros a realmente se concentrar na linguagem em seus filmes, revezando esquetes visuais e verbais. As observações irreverentes de Groucho, em particular, fizeram o público soltar gargalhadas. Via de regra, os filmes se passavam em ambientes fechados, como uma casa de ópera.
Foto: picture-alliance/dpa/Impress
Gatilho rápido nas piadas
Olhos escancarados, queixo protuberante e um sorriso manhoso: as expressões faciais de Bob Hope eram, por si só, engraçadas. Críticos também adoravam a sagacidade no uso das palavras, bem no estilo dos Irmãos Marx. Nos Estados Unidos, o comediante recebeu o apelido "Midas da Comédia".
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Gigante da comédia francesa
O público adorava Louis de Funès, o pequeno ator francês que explodia em ataques de loucura, o caráter colérico que prestava reverências às autoridades, mas intimidava todo mundo em seus filmes nas décadas de 60 e 70. As obras de Funès – na França, chamado pelo apelido carinhoso de "Fufu" – foram sucessos internacionais de bilheteria.
Foto: picture alliance/United Archives
Situações absurdas
Rowan Atkinson desenvolveu o personagem Mr. Bean durante dez anos, antes de estreá-lo, em 1990, no Reino Unido. Hilário, bobo, egoísta – ao todo, um fanfarrão simpático. Mr. Bean apresentava as soluções mais estranhas e desajeitadas para situações cotidianas. Ele raramente fala alguma coisa, mas compensa a falta de comunicação com caretas.
Foto: Getty Images/Stuart C. Wilson/Universal Pictures Home Entertainment
Humor inteligente
O estilo de humor do grupo Monty Python é absurdo, surreal e anárquico. A imagem acima retrata a cena legendária do filme "A Vida de Brian", de 1979, com homens crucificados cantando felizes "Always Look on the Bright Side of Life". O humor do grupo de comediantes britânicos é inteligente, combinando com referências filosóficas e históricas em seus filmes e suas muitas encenações.
Foto: picture-alliance
Rei alemão da comédia
Por décadas, Vicco von Bülow, conhecido por Loriot, entreteu milhões de alemães com peças, quadrinhos e longas-metragens. Seu humor muitas vezes se concentrava na falta ou em erros de comunicação, e ele invariavelmente ridicularizava cenários do cotidiano burguês. Loriot foi um prolífico humorista, escritor, ator e um talentoso cartunista.
Foto: picture alliance/dpa/W.Jahnke
A arte da comédia cara de pau
O papel do tenente da polícia Frank Drebin catapultou o ator canadense Leslie Nielsen à fama internacional da comédia no fim da década de 80. O que parecia ser apenas um amontoado de galhofadas, a trilogia "Corra que a Polícia Vem Aí" conseguiu mais do que apenas algumas risadas. Nielsen também adorava imitar o olhar de Oliver Hardy – uma clara homenagem à dupla.
Foto: picture alliance/ZUMA Press/g49
A máscara colossal
Ninguém faz expressões faciais extremas como Jim Carrey. Ele incorporou o talento de sua marca registrada em seus personagem em "O Máscara" e "Débi & Lóide - Dois Idiotas em Apuros", dando a eles um olhar inconfundível. A comédia romântica "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", de 2004, demonstra a amplitude das habilidades de Carrey.
Foto: picture-alliance/United Archives
Sem limites
Usando acentos e disfarces para retratar os personagens fictícios Ali G, Borat ou Brüno, o ator britânico Sacha Baron Cohen faz perguntas absurdas e repletas de clichês raciais aos próprios entrevistadores. Seus "mocumentários", uma combinação de documentário e ficção, são retratos reveladores sobre a sociedade.