Morre Ernest Medina, figura-chave no massacre de My Lai
15 de maio de 2018
Ernest Medina faleceu aos 81 anos nos Estados Unidos. Ele era o capitão da companhia americana que atacou vilarejo no Vietnã em março de 1968. Durante ação, mais de 500 civis desarmados foram executados.
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O ex-capitão do Exército dos Estados Unidos Ernest Medina, acusado pelo massacre de My Lai durante a guerra do Vietnã, morreu aos 81 anos, no estado americano de Wisconsin. Seu funeral ocorreu nesta segunda-feira (14/05).
Medina era o capitão da companhia Charlie, que em 16 de março de 1968 atacou o vilarejo vietnamita My Lai e executou 504 de civis desarmados, na sua maioria mulheres, crianças e idosos. O massacre só veio a público um ano depois do ataque.
O massacre é um dos episódios mais nefastos da guerra do Vietnã e da história do Exército americano. Acusado pela morte de ao menos 182 pessoas, Medina foi absolvido por uma corte marcial em 1971, alegando que não tinha sido informado do desenvolvimento da operação.
O tenente William Calley, que liderou o pelotão durante o massacre, foi o único condenado entre os 25 acusados. Calley disse que recebeu a ordem de limpar a localidade, suspeita de ser um ponto de apoio da guerrilha Vietcong, mas que, na realidade, estava cheia de civis desarmados. Condenado a prisão perpétua, ele acabou sendo libertado em 1974, graças a uma intervenção do então presidente Richard Nixon.
Apesar da absolvição, o julgamento foi o fim da carreira de Medina no Exército americano. Em 1971, ele se mudou com sua família para Marinette, em Wisconsin, onde trabalhou como vendedor para um fabricante de helicópteros e posteriormente como agente imobiliário. Medina morreu em 8 de maio. A causa da sua morte não foi revelada pela família.
CN/ap/lusa
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A Guerra do Vietnã
Em 1975, com a queda de Saigon, terminava a Guerra do Vietnã. Nenhum outro acontecimento mobilizou tanto a opinião pública nos anos 1970 como o conflito, que representou a maior derrota militar da história dos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Van Es
A entrada na guerra
As hostilidades começaram em 1956, quando o Vietnã do Norte, apoiado por China e União Soviética, decidiu não convocar eleições. Os EUA passaram a fortificar suas posições no Sul, com o objetivo de conter a expansão comunista. Em 1964, o bombardeio norte-vietnamita a barcos americanos, no Golfo de Tonquin, foi o estopim para o presidente Lyndon Johnson decidir entrar na guerra.
Foto: Getty Images/P. Christain
Opinião pública mobilizada
Nenhum outro acontecimento mobilizou tanto a opinião pública internacional na década de 70 como a Guerra do Vietnã (1964-1975). O conflito representou a maior derrota militar da história dos EUA. Pela primeira vez, as crueldades de uma guerra foram exibidas no horário nobre da programação de TV. Na foto, John Lennon e Yoko Ono: "A guerra acabou"
Foto: F. Barratt/Keystone/Getty Images
Selva e estratégia de guerrilha
Em 1969, no auge dos combates, 543 mil soldados dos EUA estavam nas frentes de batalha. Os norte-vietnamitas, vindos de uma guerra com a França, usaram melhor estratégias de guerrilha e aproveitaram a vantagem geográfica (selva fechada e calor de mais de 40ºC) para derrotar os americanos.
Foto: Getty Images
Bombas, minas e veneno
Milhões de hectares de terra, minados ou envenenados, se tornaram incultiváveis. Os EUA gastaram cerca de 200 bilhões de dólares com o movimento bélico e lançaram um milhão de toneladas de bombas por ano. O uso de substâncias como o agente laranja deixou sequelas que permanecem até hoje nos vietnamitas e nos soldados americanos.
Foto: picture-alliance/akg-images
Negociações de paz
O descontentamento da opinião pública americana forçou a abertura de negociações de paz, em 1971. Em 1973, um cessar-fogo foi assinado em Paris. O acordo não foi implementado, mas os EUA começaram a retirar suas tropas. Em 1975, completada a retirada dos EUA, o regime sul-vietnamita, já sem ajuda financeira americana, entrou em colapso. Na foto, tanque invade palácio presidencial em Saigon.
Foto: picture-alliance/dpa
A queda de Saigon
No dia 30 de abril de 1975, a cidade de Saigon (atual Ho Chi Minh), então capital do Vietnã do Sul, foi capturada pelo Exército norte-vietnamita e pelos vietcongues. Era o fim da guerra do Vietnã e o início de um período de transição para a reunificação do país, sob regime comunista.
Foto: AFP/Getty Images
Mais de um milhão de mortos
Após a queda de Saigon, a evacuação de nove mil americanos foi feita às pressas, na última hora. Mesmo assim, ainda foram resgatados cerca de 150 mil vietnamitas. A guerra deixou mais de 58 mil americanos mortos e 153 mil feridos; do lado vietnamita, um milhão de mortos e 900 mil crianças órfãs.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Fuga da cidade
Sob chuvas torrenciais, helicópteros dos EUA viajavam entre um porta-aviões e Saigon, em dramática operação de evacuação. O pânico reinava na embaixada americana. Além de cidadãos dos EUA, foram poucos os que tiveram acesso ao heliporto sobre o prédio da sede diplomática(foto), última chance para fugir de Saigon naquele 30 de abril.