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Adeus, Saramago

18 de junho de 2010

O premiado escritor português faleceu em sua casa nas Ilhas Canárias. Nobel de Literatura e autor do aplaudido "Ensaio sobre a cegueira", Saramago teve sua vasta obra editada em mais de 30 países.

Saramago gerou polêmicas e recebeu inúmeros prêmiosFoto: AP

O escritor português José de Sousa Saramago faleceu nesta sexta-feira (18/06) em sua casa no arquipélago espanhol das Ilhas Canárias.

Conhecido por criar um universo próprio entre o real e o fantástico, Saramago nasceu em 16 de novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga, às margens do Tejo. Antes de completar três anos, mudou-se para Lisboa com os pais, onde ingressaria no jornalismo e na literatura.

Saramago foi serralheiro, desenhista, funcionário público, editor e tradutor. Finalmente, começou a colaborar como crítico literário na revista Seara Nova e como comentarista político no Diário de Lisboa. Em 1975, atingiu o posto de diretor adjunto do Diário de Notícias.

Seu primeiro livro – Terra do Pecado – foi publicado em 1947. Depois, o autor ficaria sem publicar até 1966, quando saíram Os poemas possíveis. Somente dez anos depois passaria a viver exclusivamente da literatura, primeiro como tradutor e depois como autor.

Produtivo até o fim

Cartaz de 'Ensaio sobre a cegueira', de Fernando MeirellesFoto: image.net

Saramago foi presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores, entre 1985 e 1994. Durante este período, em 1991, publicou o mais polêmico de seus romances – O Evangelho segundo Jesus Cristo. No ano seguinte, o livro recebeu o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, de cuja primeira direção Saramago havia sido membro.

Após a mudança para Lanzarote – ilha canária onde viveria até sua morte –, Saramago iniciou a publicação dos Cadernos de Lanzarote, em 1994. No ano seguinte, chamou a atenção com o romance Ensaio sobre a cegueira. Aclamado pela crítica, ele foi adaptado para o cinema pelo brasileiro Fernando Meirelles, em 2008.

Quase uma década após o primeiro, Saramago geraria polêmica com a publicação de um novo ensaio: Ensaio sobre a lucidez, de 2004, critica a democracia portuguesa e recomenda o voto em branco como sinal de protesto.

Além do Nobel de Literatura em 1998, o autor português foi reconhecido inúmeras vezes pelo conjunto de sua obra, tendo sido contemplado com o Prêmio Camões e o Prêmio Internacional Literário Mondello, entre outros.

Saramago seguiu produzindo até o fim da vida. Seu último romance, Caim, foi publicado em 2009.

LPF/afp/lusa
Revisão: Augusto Valente

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