Morre irmão de menino sírio de foto que virou símbolo
20 de agosto de 2016
Garoto de 10 anos não resiste aos ferimentos sofridos no mesmo ataque aéreo em Aleppo que feriu seu irmão mais novo Omran. Foto do mais jovem rodou o mundo e chamou a atenção para as vítimas da guerra civil na Síria.
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Menino sírio retirado dos escombros
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O irmão mais velho do menino sírio Omran – cuja imagem que o mostra coberto pela poeira e sangrando após um ataque aéreo rodou o mundo – não resistiu aos ferimentos e morreu em Aleppo, afirmou neste sábado (20/08) o fotógrafo da imagem emblemática, Mahmoud Raslan. A notícia foi confirmada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, por testemunhas e pelo conselho local.
"Ali, de 10 anos, morreu no hospital de Aleppo vítima dos ferimentos que sofreu em seu estômago", disse Raslan. As duas crianças, juntamente com os pais e outros dois irmãos, haviam sido resgatadas nesta quarta-feira dos escombros no distrito de Qaterji, que é controlado pelos rebeldes.
"Ali foi operado no dia do ataque. Ele estava estável ontem, mas hoje sua saúde se deteriorou e nós o perdemos", afirmou Raslan. O fotógrafo disse que esteve com a família de Ali e Omran e que ofereceu suas condolências. Segundo Raslan, os familiares estão sendo discretos porque temem uma possível retaliação depois que as imagens de seu filho se tornaram públicas.
A foto de Omran, atordoado e coberto de poeira e sangue, dentro de uma ambulância depois de um ataque aéreo, foi publicada por jornais do mundo inteiro.
Tanto a força aérea síria e seus aliados da Rússia têm realizado ataques aéreos frequentes em áreas de Aleppo controladas por rebeldes. Moscou negou que caças de sua Força Aérea tenham atingido civis. A Anistia Internacional tem acusado a Rússia e o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, de bombardear áreas residenciais e de aparentemente alvejar hospitais de forma deliberada.
PV/dpa/rtr
Amor em tempos de guerra na Síria
Apesar dos contínuos bombardeios sobre sua cidade natal, um casal de Homs recusou-se a abandonar a esperança, usando as ruínas como cenário para seu álbum de casamento. A agência AFP deu projeção mundial às imagens.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Vida e amor entre ruínas
Nada Merhi, de 18 anos, e o soldado Hassan Youssef, de 27, escolheram um pano de fundo inusitado para suas fotos de casamento: as ruínas de sua cidade natal, Homs, na Síria, destroçada por bombardeios. A ideia foi do fotógrafo Jafar Meray, com a intenção de mostrar que "a vida é mais forte do que a morte".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
"O amor reconstrói a Síria"
Um mês depois de o casal sírio posar na cidade bombardeada, a agência de notícias francesa AFP divulgou uma série feita por um de seus fotojornalistas, documentando a iniciativa. O fotógrafo Meray postou o inusitado álbum de casamento no Facebook, sob o título "O amor reconstrói a Síria".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Cidade dilacerada
A guerra civil na Síria já fez mais de 250 mil vítimas, a maior parte delas civis. Terceira maior cidade síria, Homs tem sofrido tremendamente com as ofensivas das forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Ela foi uma das primeiras cidades a se opor ao governo em 2012, embora em vão. Desde então, o governo conseguiu expulsar de Homs a maioria dos combatentes rebeldes.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destroços cinzentos, vestido branco
Em meio à antes próspera metrópole, o branco do vestido de noiva de Nada realça a destruição que circunda o jovem casal. Buracos de bala, prédios abandonados, ruínas incendiadas e estradas desertas são um lembrete constante das vidas que Homs abrigava antes da guerra civil.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Ataques continuam
Homs continua sendo alvo frequente de ataques armados. Em 26 de janeiro de 2016, 22 pessoas foram mortas e mais de cem feridas num atentado suicida a bomba no bairro de Al-Zahra. A maioria da população local é de alauítas, a seita islâmica minoritária a que também pertencem o presidente Assad e sua família. A milícia jihadista do "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ato terrorista.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Homs não é única vítima
Desde 30 de setembro de 2015, aviões de combate russos têm realizado ofensivas aéreas em apoio às forças de Assad. Homs não é a única cidade síria atingida: em 15 de fevereiro, um hospital perto de Murat al-Numan, a cerca de 280 quilômetros de Damasco, foi atingido por bombardeios. Ao menos nove pessoas morreram.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Pressão internacional
Numa entrevista à agência de notícias AFP, Assad afirmou que continuaria a lutar, apesar da pressão internacional crescente no sentido de um cessar-fogo. O ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir, rebateu, falando a um jornal alemão: "Não vai mais haver um Bashar al-Assad no futuro. Ele não vai mais arcar com a responsabilidade pela Síria."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destaque na Conferência de Munique
O sofrimento contínuo dos habitantes nas áreas sitiadas da Síria foi um dos pontos centrais de debate na Conferência de Segurança de Munique, realizada de 12 a 14 de fevereiro de 2016 e dedicada à segurança. O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou: "Em nossa opinião, a grande maioria dos ataques da Rússia foi contra grupos oposicionistas legítimos."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Repercussão na rede social
Alguns usuários do Facebook comentaram as imagens de Jafar Meray de forma emocional. "Sinto-me como o noivo na foto", escreveu um deles. Outro desejou: "Que Deus esteja com vocês e com todos os sírios. Obrigado por todas estas fotos e por partilhá-las com o mundo." Um terceiro propôs um título alternativo: "Amor em tempos de guerra".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Prova de que a vida continua
As fotografias de Meray se tornaram um sucesso tão grande que, além de comentá-las, seus seguidores no Facebook criaram sequências de slides com a série e a transformaram em vídeos para o YouTube. Para um usuário, o trabalho de Meray é "prova de que a vida continua, mesmo em Homs, a cidade mais devastada da Síria".