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Morre Mário Soares, pai da democracia em Portugal

Guilherme Correia da Silva lpf
7 de janeiro de 2017

Cofundador do Partido Socialista português, ex-presidente morre aos 92 anos em Lisboa. Após lutar contra a ditadura de Salazar, ele governou o país de 1986 a 1996 e foi primeiro-ministro por dois mandatos.

Portugal Mario Soares
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Franca

O histórico dirigente socialista e ex-presidente de Portugal Mário Soares morreu neste sábado (07/01), aos 92 anos. Ele estava internado no Hospital da Cruz Vermelha de Lisboa desde o último dia 13 de dezembro.

Um dos fundadores do Partido Socialista português, Soares foi presidente de Portugal entre 1986 e 1996 e primeiro-ministro por dois mandatos, de 1976 a 1978 e de 1983 a 1985. Ele é considerado o pai da democracia moderna em Portugal.

Nascido em 7 de dezembro de 1924, Soares lutou contra a ditadura fascista de António de Oliveira Salazar. Foi preso 12 vezes pela polícia política, a PIDE. Em 1968, foi deportado para São Tomé. Dois anos depois, Soares foi forçado ao exílio, na França.

Leia mais: Líderes lamentam morte de Mário Soares

Mário Soares começou a lutar contra o fascismo nas fileiras do Partido Comunista. Depois, afastou-se, inicialmente acossado pela ideia de ter de entrar para a clandestinidade, longe da vida burguesa, a que se acostumara. A social-democracia europeia estendeu-lhe as mãos.

Apoio de chanceler alemão

Em 1973, Soares fundou, com outros dissidentes, o Partido Socialista (PS) português, em Bad Münstereifel, perto de Bonn, na Alemanha. O então chanceler federal alemão, Willy Brandt, apoiou a criação do partido.

O apoio do social-democrata estendeu-se além da Revolução dos Cravos, de 25 de abril de 1974, para garantir que o novo governo português não caísse em mãos comunistas.

"Os sociais-democratas alemães ajudaram a impedir a criação de uma nova ditadura, uma ditadura comunista", afirmou Brandt no Parlamento alemão, em 8 de abril de 1976.

Descolonização e integração à Europa

Foi no exílio que Soares recebeu a notícia do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, que pôs fim à ditadura do chamado Estado Novo, que inspirou o homônimo regime de Getúlio Vargas no Brasil.

Assim que soube o que estava ocorrendo, Soares apanhou um trem com destino a Portugal. O ex-líder do Partido Socialista contou, em entrevista à DW em 2014, que regressou a Portugal com três ideias para o país: democratizar, desenvolver e descolonizar.

Como ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro-governo pós-ditadura, Soares participou ativamente no processo de descolonização das antigas colônias portuguesas.

Aproximar Portugal do resto da Europa foi também uma ambição de que Soares nunca abdicou. Em junho de 1985, como primeiro-ministro, ele assinou o tratado de adesão à CEE, hoje União Europeia.

Após dois mandatos como presidente, Soares candidatou-se pela terceira vez ao cargo em 2006, aos 81 anos, mas ficou em terceiro lugar. Desde então, foi se afastando da vida política ativa, mas fez duras críticas à política nacional e internacional.

Nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, em 2014, Soares juntou-se aos militares que coordenaram o golpe de Estado que derrubou a ditadura fascista. Comemorou na rua, com os populares, recusando-se a participar das cerimônias oficiais na Assembleia da República.

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