Mundialmente prestigiado, regente austríaco morre aos 86 anos, poucos meses após anúncio de sua aposentadoria. Harnoncourt foi pioneiro em projetos experimentais em obras clássicas renascentistas e barrocas.
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O prestigiado maestro austríaco Nikolaus Harnoncourt morreu no sábado, aos 86 anos, anunciou sua família neste domingo (06/03). O maestro tinha anunciado em dezembro sua aposentadoria profissional devido a problemas de saúde.
"Nikolaus Harnoncourt morreu serenamente rodeado de sua família. A dor e agradecimento são grandes. Foi uma relação maravilhosa", afirmou sua esposa, Alice Harnoncourt, num curto comunicado.
Thomas Angyan, diretor da famosa sala de concertos Musikverein de Viena, da qual Harnocourt era membro de honra, expressou a consternação do mundo da música.
"Uma era chegou ao fim", lamentou. "Nunca esperei que entre a sua aposentadoria do mundo dos concertos e a sua morte houvesse um período tão curto. Ele era o original do seu original [...]. Devemos continuar o legado musical que nos deixa."
O conde Nikolaus de la Fontaine und d'Harnoncourt-Unverzagt nasceu em Berlim em 1929, mas passou a sua infância na cidade austríaca de Graz, onde anos depois criou o festival Styriate, que se realiza anualmente. Ele foi violoncelista da Orquestra Sinfônica de Viena e professor de Interpretação na Universidade Mozarteum, de Salzburgo.
O Concentus Musicus Wien, criado por Harnoncourt em 1953 quando tocava violoncelo naquela orquestra, dedicou-se à interpretação de música renascentista e barroca europeia usando instrumentos de época. A partir de numerosos projetos de investigação, principalmente de obras de Johan Sebastian Bach, Ludwig van Beethoven e Joseph Haydn, ajudou a revolucionar a interpretação desta música.
Harnoncourt deixou a Orquestra Sinfônica de Viena em 1969, depois de causar incômodos com seu questionamento das normas estabelecidas na cena da música clássica.
Como maestro, Harnoncourt trabalhou com os principais solistas e as grandes orquestras europeias e o seu trabalho discográfico engloba óperas, oratórios e obras sinfônicas dos séculos 18 e 19. Em 2001, ele recebeu um prêmio Grammy pela gravação da obra "Paixão Segundo São Mateus", do compositor alemão Bach.
"A morte de Nikolaus Harnoncourt é uma insubstituível perda para vida musical austríaca e internacional", declarou o presidente da Áustria, Heinz Fischer, que está em visita de Estado à Colômbia.
PV/lusa/dw
Dez músicas dedicadas a Berlim
De David Bowie a Bloc Party, passando por Ramones e Rufus Wainwright: todos eles se encataram pela capital alemã. E todos declararam seu amor pela cidade fazendo o que sabem fazer melhor.
Foto: picture-alliance/dpa
Marlene Dietrich: "Ich hab noch einen Koffer in Berlin"
A relação entre Marlene Dietrich e sua cidade natal era conturbada. A ascensão do nazismo levou a estrela a um exílio eterno – mas seu anseio conflituoso por Berlim nunca cessou. E acabou capturado, de forma comovente, em "Ich hab noch einen Koffer in Berlin" (Eu ainda tenho uma mala em Berlim). Ela só voltou à terra natal em 1992, para ser enterrada ao lado da mãe.
Foto: picture-alliance/dpa
Iggy Pop: "The Passenger"
"The Passenger" fala sobre como é ver o mundo passando da janela de um metrô de Berlim e se tornou um hino da contracultura. Gravado no legendário Hansa Studios, próximo ao Muro, enquanto Iggy Pop estava no exílio autoimposto na cidade dividida, a música do álbum "Lust for Life" (1977) impulsionou o ex-vocalista dos Stooges ao sucesso comercial.
Foto: picture-alliance/dpa
David Bowie: "Where are we now"
Na sequência de especulações sobre sua saúde, Bowie levou frenezi ao mundo da música com o single "Where are we now?" Ele gravou a maior parte da "Berlin Trilogy" na cidade, nos anos 1970 – incluindo a obra-prima "Heroes". Mas "Where are we now?" revisita a cidade como um senhor idoso. Um passeio nostálgico pela Berlin que ele chamou de casa: "A man lost in time near KaDeWe".
Foto: imago/LFI
Lou Reed: "Berlin"
Diferentemente de Bowie e Iggy Pop, Lou Reed nunca morou em Berlim. Mas isso não o impediu de inspirar-se na cidade para seu álbum no estilo Kurt Weill chamado "Berlin", de 1973. A letra da faixaque leva o mesmo nome do disco evocou perfeitamente o espírito da época de uma geração: "In Berlin, by the Wall / You were five feet, ten inches tall / It was very nice / candlelight and Dubonnet on ice".
Foto: Getty Images/Afp/Stringer
Leonard Cohen: "First we take Manhattan"
Como judeu, Cohen sempre teve problemas com Berlim. Mas, como compositor, ele se sentiu atraído pela história explosiva da cidade no século 20. Em seu clássico cult "First we take Manhattan", de 1987, o canadense faz referências diretas à cidade e canta: "First we take Manhattan…then we take Berlin". A poderosa crítica à hegemonia global estimulou inúmeras versões cover.
Foto: F. Coffrini/AFP/Getty Images
U2: "Zoo station"
Em 1991, o U2 procurava um recomeço após "Rattle and Hum", que dividiu a crítica. E Bono procurou uma nova inspiração em Berlim. Ao fugir para o Hansa Studios, compôs uma música que definiria uma nova e ousada época: "Zoo station". Batizada em homenagem à estação de trem, a banda usou a metáfora para uma Berlim reunida e a nova ordem mundial, intitulando o álbum de "Zooropa".
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Hayward/The Canadian Press
Bloc Party: "Kreuzberg"
No início deste século, Berlim tornou-se santuário para os que buscavam se achar, atraídos por este lugar entre o velho e o novo século. Os integrantes da banda britânica de rock alternativo Bloc Party estava entre eles e tentavam dar um novo sentido às suas vidas. O single "Kreuzberg", de 2007, alfinetou: "There is a wall that runs right through me / Just like this city, I will never be joined".
Foto: picture-alliance/Jazzarchiv
Rufus Wainwright: "Tiergarten"
Enquanto a maioria é atraída a Berlim por causa da história mais recente da cidade, Rufus Wainwright foi buscar inspiração no cabaré e na decadência dos anos 1920, na República de Weimar. "Tiergarten" provou ser uma de suas baladas mais duradoras. Muitos perderam o fôlego com o refrão: "Won't you walk me through the Tiergarten / Doesn't matter if it's raining / Won't you walk me through it all".
Foto: picture-alliance/AP Photo
Black Rebel Motorcycle Club: "Berlin"
O que você faz quando está em uma das bandas mais descoladas do mundo? Você escreve, claro, uma música para uma das cidades mais descoladas do planeta. Segunda faixa do álbum "Baby 81", de 2007, "Berlin" não faz nenhuma referência particular à capital alemã, ainda que o som da progressão de acordes da guitarra seja inconfundível como Berlim: petulante, provocativa e sexy.
Foto: picture-alliance/Geisler-Fotopress
The Ramones: "Born to die in Berlin"
Desde o primeiro "hey ho, let's go", a banda Ramones não escondeu sua fascinação por todas as coisas teutônicas – e, de forma provocativa, deu o nome "Blitzkrieg Bop" ao seu single de estreia, de 1976. Dee Dee Ramone, principal compositor da banda, é filho de uma alemã e cresceu em Berlim. E seu amor pela capital (e as drogas) ficariam para sempre na história com "Born to die in Berlin", de 1995.