No Chile há duas décadas, ex-política alemã morre aos 89 anos em Santiago, após luta contra o câncer. Margot foi ministra da Educação da extinta RDA, e seu marido, Erich Honecker, o último ditador antes da Reunificação.
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Margot Honecker, viúva do ex-líder da Alemanha Oriental Erich Honecker, morreu nesta sexta-feira (06/05) em Santiago, capital do Chile, aos 89 anos. Segundo familiares citados pela imprensa local, ela lutava contra um câncer há anos.
Conhecida como "bruxa roxa", por conta da cor de seu cabelo e sua postura linha-dura, Honecker foi ministra da Educação da República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha Oriental, entre 1963 e 1989, e implantou formação militar obrigatória nas escolas à época.
Seu marido, Erich Honecker (1912-1994) supervisionou a construção do Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961 e passou a liderar a RDA em 1976. Ele foi forçado a renunciar seu cargo político pouco antes de o Muro cair, em 9 de novembro de 1989.
Com a Reunificação alemã, o casal pediu asilo à embaixada do Chile em Moscou em dezembro de 1991. Sete meses depois, após negociação diplomática, Erich Honecker foi entregue para julgamento às autoridades alemãs, e Margot foi enviada ao Chile junto com a filha Sonia, casada com um chileno.
Erich, acusado na Alemanha por crimes cometidos durante a Guerra Fria, foi libertado por razões humanitárias em 1993, por conta de um câncer no fígado. Ele viveu brevemente com sua mulher em Santiago do Chile até morrer, em 1994.
Até pouco tempo atrás, Margot – que sempre foi fiel a seus princípios comunistas – costumava viajar uma vez por ano à Cuba para realizar exames médicos.
Em 2012, em uma das pouquíssimas vezes que quebrou o silêncio, a viúva do ex-ditador deu uma entrevista à emissora alemã ARD e defendeu veementemente a Alemanha comunista, chamando de "estúpidos" aqueles que morreram tentando escapar para o oeste por cima do Muro.
Em 2014, Margot participou de um grande evento organizado pelo Partido Comunista do Chile em Santiago, a chamada Fiesta de los Abrazos (Festa dos Abraços). Um ano mais tarde, esteve presente na cerimônia em homenagem à líder comunista chilena Gladys Marín, morta em 2005.
EK/afp/dpa/efe/rtr
Fotos históricas da Alemanha dividida
Criatividade das fotos de Rudi Meisel revela semelhanças entre as antigas Alemanha Oriental e Ocidental. Seu trabalho pode ser visto na mostra "Compatriotas 1977-1987", na Amerika Haus, em Berlim.
Foto: Rudi Meisel
Paradoxo de prosperidade
Um garoto solta uma pipa no meio da autoestrada A42, pouco antes de ela estar pronta e aberta ao público, no Vale do Ruhr, no oeste alemão. No fundo, vê-se a fumaça saindo das chaminés de siderúrgicas de Duisburg. A foto de Rudi Meisel, tirada em 1979, retrata uma era de prosperidade na Alemanha Ocidental.
Foto: Rudi Meisel
Coração dividido
Espera, separação, amor – esta imagem de 1980 reflete questões prementes envolvendo a divisão da alma alemã, nove anos antes da queda do Muro de Berlim. As pessoas na foto esperam pelo metrô na estação Alexanderplatz na antiga Berlim Oriental. Como fotojornalista, Rudi Meisel viajou extensivamente pelas duas Alemanhas.
Foto: Rudi Meisel
Habitação social no Leste
A imagem mostra um moderno complexo residencial na cidade de Halle-Neustadt, na Alemanha Oriental, em 1983. A perspectiva do fotógrafo lança os edifícios sob uma luz irônica. Ofuscados pela chuva, eles parecem bem menos imponentes, enquanto o foco recai sobre a rua inacabada e enlameada.
Foto: Rudi Meisel
Parquinho de todos
A foto foi tirada em que Alemanha? Nas imagens de Meisel, muitas vezes, é difícil responder a essa pergunta. Ele foi um dos poucos fotógrafos a ser autorizado a trabalhar nas duas Alemanhas antes de 1989. A foto foi feita em 1980 no local da antiga estação ferroviária Anhalter Bahnhof, no bairro de Kreuzberg, em Berlim Ocidental. Danificada durante a Segunda Guerra, a estação foi fechada em 1952.
Foto: Rudi Meisel
Mundos colidem
Uma mulher elegantemente vestida e um tanque militar: dois mundos diferentes se encontram na foto que Rudi Meisel fez na Alemanha Ocidental, em 1980, num dia comemorativo dedicado aos militares. Durante a Guerra Fria, tais armas eram expostas como troféus.
Foto: Rudi Meisel
Sombria monotonia
Ruas cinzentas, chuva, monotonia alemã-oriental: Rudi Meisel fez essa foto numa esquina da avenida Schönhauser Allee com a rua Dimitroffstrasse em Berlim Oriental. Em 1984, era difícil imaginar que o bairro de Prenzlauer Berg viria a se tornar, menos de uma década depois, a parte mais descolada da cidade unificada. A mostra "Compatriotas 1977-1987" pode ser visitada até 1° de novembro em Berlim.