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História

Morre na Alemanha ex-guarda nazista extraditado dos EUA

10 de janeiro de 2019

Deportado para a Alemanha no ano passado, Jakiv Palij, de 95 anos, viveu por mais de quatro décadas nos Estados Unidos sem ser descoberto. Ele foi guarda no campo de concentração nazista de Trawniki.

Jakiv Palij, em foto de 2003
Jakiv Palij, em foto de 2003, ano em que teve sua cidadania americana revogadaFoto: picture-alliance/AP Photo/S. DeChillo

O ex-guarda de campo de concentração Jakiv Palij, que foi deportado dos Estados Unidos em agosto do ano passado, morreu aos 95 anos num asilo de idosos em Ahlen, na Alemanha. Ele foi o último criminoso de guerra nazista investigado nos EUA.

Segundo noticiou nesta quinta-feira (10/01) o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, Palij faleceu na quarta-feira.

Palij viveu por décadas nos EUA, primeiramente como desenhista, depois como aposentado, até que, 25 anos atrás, uma investigação pela primeira vez o confrontou com seu papel na Segunda Guerra.

Em 1993, quando os investigadores do Departamento de Justiça bateram em sua porta em Nova York, ele admitiu ter entrado nos EUA com uma mentira: a de que passou a guerra trabalhando como agricultor e como operário numa fábrica.

"Eu nunca teria recebido um visto se tivesse contado a verdade. Tudo mundo mentiu", contou aos oficiais na ocasião, sobre sua chegada aos EUA.

Sua presença nos Estados Unidos foi denunciada por um antigo colega de campo de concentração, após investigadores americanos encontrarem seu nome numa antiga escala de serviço nazista. 

Heinrich Himmler cumprimenta recém-recrutados no campo de Trawniki, em 1942Foto: picture-alliance/AP Photo

Nascido em 1923 numa região que na época era leste da Polônia e hoje faz parte da Ucrânia, Palij entrou nos EUA em 1949, por Boston. Anos depois, conseguiu a cidadania americana.

A cidadania foi revogada em 2003 por um juiz americano, sob a justificativa de que ele "participou de atos contra civis judeus" como guarda do campo de concentração nazista de Trawniki, na Polônia ocupada.

Foi em Trawniki, em 3 de novembro de 1943, que seis mil homens, mulheres e crianças judias foram mortos a tiros, num dos maiores massacres do Holocausto.

Desde 2004, os Estados Unidos tentavam deportá-lo. Mas como Alemanha, Polônia e Ucrânia se recusavam a recebê-lo, ele continuou a viver tranquilamente, numa espécie de limbo, em sua casa no bairro do Queens ao lado da mulher, Maria, de 86 anos.

Sua presença gerou indignação entre a comunidade judaica e atraiu frequentes protestos ao longo dos anos diante de sua casa.

A Justiça alemã sustentava que só aceita ex-criminosos nazistas que possuam ou tenham possuído cidadania alemã ou enfrentem um processo no país. Palij não se enquadrava em nenhum dos dois casos: nunca teve a cidadania alemã e a última investigação aberta contra ele, pela promotoria de Würzburg, não encontrou provas suficientes para indiciá-lo.

CN/epd/ap/ots

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