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Sigmar Polke

11 de junho de 2010

Sigmar Polke morreu de câncer nesta sexta-feira, aos 69 anos de idade. Um dos principais artistas plásticos contemporâneos, com obras avaliadas em milhares de euros, ele era avesso à mídia e pouco aparecia em público.

Foto: picture alliance/dpa

Nascido em 1941 em Oleśnica (hoje território polonês), Polke estabeleceu como estilo a ausência de estilo, não se deixando enquadrar em nenhum padrão. Sua obra – pintura, fotografia, desenho, gravura e objetos – costuma ser exposta separadamente, mídia por mídia, pois os curadores acreditam que esta seja a melhor forma de ordenar a complexa criação do artista.

Na Alemanha, o nome de Polke era associado de imediato a uma aura de "mistério", já que ele se mantinha muito arredio à publicidade e pouco aparecia em público. Nem mesmo curadores e diretores de museus importantes tinham acesso ao artista. Ao lado de nomes como Joseph Beuys (seu ex-professor), Gerhard Richter, Georg Baselitz e Jörg Immendorff, Polke fez parte de uma geração de artistas que marcou a arte alemã no pós-guerra.

Figura mais importante da arte do pós-guerra

Para Kasper König, diretor do Museu Ludwig, de Colônia, Polke foi "a figura mais importante desta arte do pós-guerra no país". Nas listas dos principais artistas contemporâneos da atualidade, o nome de Polke ocupava há anos um dos primeiros lugares. No mês passado, o artista recebeu a última de suas várias premiações: 100 mil euros por sua trajetória, concedidos pela Fundação suíça Roswitha Haftmann.

Fotografias de Polke na Kunsthalle de HamburgoFoto: picture alliance/dpa

Para criar, Polke se servia sem pudores de elementos da pop art, do construtivismo e do minimalismo, além de se considerar herdeiro de movimentos como o Fluxus e a Arte Povera. Adepto da imprevisibilidade, foi um dos cofundadores do que chamou de "realismo capitalista", uma corrente artística ancorada, por um lado, no cotidiano (assim como a pop art), mas que se via como uma vertente irônica do realismo socialista e criticava o consumismo exacerbado e o Zeitgeist dos anos de milagre econômico na Europa Ocidental.

Beleza e horror: lado a lado

Uma característica peculiar das obras de Polke é o humor, que o auxiliava a manter uma distância irônica do mundo e de suas trivialidades. "Ele era um artista para quem a beleza e o horror andavam lado a lado", analisa König, ao ressaltar que Polke nunca teve qualquer preocupação em agradar ao mercado ou a quem quer que seja que esperava algo de sua produção.

Parte dos trabalhos de Polke remetem a seu ex-professor Beuys e muitas de suas obras foram criadas com grandes tiragens, construídas com o uso de copiadoras e computadores. O resultado desses procedimentos artísticos feitos para uma suposta distribuição em grande escala são hoje, todavia, tudo menos democráticos, sendo comercializados a preços astronômicos no mercado.

"Alquimista da arte"

Nos anos 1970, Polke viajou por países como México, Austrália e Paquistão, em busca de novos motivos e mitos a serem trabalhados em suas obras. Em 1986, durante a Bienal de Veneza, apresentou um espetáculo inusitado no pavilhão alemão: pinturas que, de acordo com a temperatura ambiente, reluziam em outra cor. O trabalho recebeu o Leão de Ouro da Bienal na época.

'Praia': obra de Polke de 1966Foto: picture-alliance/dpa

Chamado de "alquimista da arte", Polke manteve durante toda sua trajetória a maestria na mistura de gêneros e estilos, usando à vontade elementos de histórias em quadrinhos, da publicidade ou do cinema.

Em Colônia, onde vivia, o artista experimentava incessantemente como se estivesse em um laboratório de química. Na mesma cidade, consta que ele dividia com um marceneiro as instalações de uma antiga fábrica, que lhe servia de ateliê. Pouco se sabe sobre sua vida privada.

SV/dpa/apn

Revisão: Roselaine Wandscheer

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