Um dos principais nomes do cinema italiano morre aos 77 anos. Ele recebeu o Oscar por "O último imperador" e alcançou estrelato com o polêmico "Último tango em Paris".
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O cineasta Bernardo Bertolucci, um dos mais conhecidos nomes do cinema italiano da segunda metade do século 20, com obras como Último tango em Paris, 1900 e O último imperador, morreu em Roma aos 77 anos, disseram assessores.
Ele foi o único diretor italiano a receber o Oscar de melhor filme, por O último imperador, de 1987. O drama sobre o último imperador chinês recebeu nove estatuetas, ou todas em que foi indicado.
Bertolucci ficou famoso por Último Tango em Paris, de 1972, com Marlon Brando e Maria Schneider. O filme sempre foi polêmico por causa da controversa cena de sexo anal entre Brando e Schneider, então com 19 anos. A polêmica aumentou ainda mais nos últimos anos, depois de declarações de Schneider de que não sabia que a cena seria gravada.
Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, em 2007, Schneider afirmou que se sentiu de fato estuprada e que deveria ter telefonado para seu agente antes de gravar a cena. Ela negou que tenha havido sexo durante a gravação.
Em resposta, Bertolucci disse que a cena constava do roteiro e que Schneider não havia sido informada de que seria usada manteiga. "Eu queria a reação dela como menina, não como atriz", afirmou o cineasta em 2013. Ele disse se sentir culpado e lamentou não ter pedido desculpas à atriz, que morreu em 2011, aos 58 anos.
Em 2011, Bertolucci recebeu a Palma de Ouro honorária pela sua obra, em Cannes. Ele também recebeu homenagem semelhante do Festival de Veneza.
AS/efe/afp/ap
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O legendário estúdio cinematográfico italiano celebra jubileu. Após a época de ouro nas décadas de 50 e 60 e subsequente declínio, a Cinecittà volta a ser palco de grandes produções no século 21.
Foto: Imago/Anan Sesa
Portão do cinema italiano
O nome Cinecittà evoca hoje um estúdio cinematográfico com uma trajetória movimentada. Criado pelo regime de Mussolini, ele está entre os centros de produção mais famosos da história do cinema ocidental. Porém, muitas décadas já separam a "Cidade do Cinema" de sua época de ouro.
Foto: Imago/Anan Sesa
No espírito do fascismo
A Cinecittà foi criada em 1936-37, após o regime fascista italiano reconhecer o poder do cinema como meio de propaganda. O ditador Benito Mussolini esteve presente em pessoa ao lançamento da pedra fundamental do estúdio, em 29 de janeiro de 1936, diante dos portões de Roma.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Neorrealismo
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Cinecittà transcendeu a fama de produtora de comédias e filmes de diversão, transformando-se no local do nascimento do movimento neorrealista. De forma impiedosamente crua e carregada de crítica social, cineastas como Roberto Rossellini (foto), Luchino Visconti e Vittorio de Sica mostraram o mundo destroçado da Itália do pós-guerra.
Foto: picture-alliance / dpa
Descoberta por Hollywood
Como rodar nos grandes estúdios de Hollywood se tornara caro demais, produtores e diretores americanos passaram a trabalhar na Itália, marcando o apogeu do estúdio, nos anos 50 e 60. Filmes românticos legendários – como "A princesa e o plebeu", de 1953, escrito por Dalton Trumbo e estrelado por Audrey Hepburn e Gregory Peck – foram criados na metrópole de Roma e nas dependências da Cinecittà.
Foto: picture-alliance/KPA
Dramas monumentais
No entanto o estúdio italiano deveu sua fama, sobretudo, a monumentais dramas históricos, produzidos com luxo e esmero sem precedentes. William Wyler, que já dirigira "A princesa e o plebeu", retornou à Cinecittà seis anos mais tarde para rodar "Ben Hur", com Charlton Heston no papel-título.
Foto: Imago
Taylor, Burton e o Egito
Em 1963, "Ben Hur" seria superado em luxo por outro épico, "Cleópatra". Não só os cenários e figurinos eram ainda mais extravagantes e caros: o burburinho midiático em torno dos protagonistas, o casal hollywoodiano Elisabeth Taylor e Richard Burton, superou tudo o que já se vira no estúdio romano. A Cinecittà estava em todas as bocas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Attenni
Comédias de sucesso
Na década de 1960 também foram produzidos na Cinecittà numerosos clássicos do cinema internacional de comédia. Peter Sellers e Capucine fizeram rir milhões com o policial "A Pantera Cor-de-Rosa", dirigido por Blake Edwards.
Foto: picture alliance/dpa/United Archives/IFTN
Western-spaghetti
Antes que começasse o declínio da Cinecittà nos anos 70, uma alentada safra de westerns-Western-spaghetti garantiu a subsistência dos estúdios. Ainda assim, produziram-se alguns pontos altos da arte cinematográfica: em 1968, Sergio Leone encenou o hoje "cult" "Era uma vez no Oeste", com Henry Fonda, Charles Bronson e Claudia Cardinale, entre outros.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Percossi
A doce vida
Um indiscutível clímax artístico na história da Cinecittà é "La dolce vita", de Federico Fellini, de 1960. Intensidade emocional, trama metacinematográfica, sequências surrealistas sintetizaram o espírito de uma época. Igualmente essencial é a atuação de Marcello Mastroianni, ator favorito de Fellini, apoiado por belezas internacionais como a francesa Anouk Aimée e a sueca Anita Ekberg (foto).
Foto: picture alliance / dpa
Coproduções internacionais
Nos anos 70 e 80 rodou-se cada vez menos na Cinecittà, e em geral produções de TV, em vez de para o cinema. Mas a internacionalidade se manteve uma constante: a filmagem em 1986 do romance "O nome da rosa", do italiano Umberto Eco, por exemplo, reuniu o ator escocês Sean Connery, o diretor francês Jean-Jacques Annaud e o produtor alemão Bernd Eichinger.
Foto: picture-alliance/dpa
China Imperial em Roma
Outro cineasta "cult" italiano que prestigiou a Cinecittà, mesmo após a época áurea, foi Bernardo Bertolucci. Em seus estúdios ele rodou boa parte do épico de cinco horas de duração "1900", lançado em 1976. E, embora a maioria das tomadas da Cidade Proibida em "O último imperador" tenha sido filmada in loco, na China, algumas sequências importantes foram encenadas em Roma.
Foto: picture-alliance/dpa
Despertar após longo silêncio
Após anos de declínio, apenas no século 21 os lendários estúdios começaram lentamente a reviver o sucesso passado. Inaugurando essa nova era, em 2000 Ridley Scott lançou o monumental épico romano "Gladiador", com elenco estelar, encabeçado por Russell Crowe no papel de Maximus Decimus, general rebaixado a gladiador.
Foto: imago
Nova York reconstruída
Ainda assim, as superproduções cinematográficas permaneceram exceção na nova Cinecittà. Uma delas foi "Gangues de Nova York" (2002), de Martin Scorsese, com Leonardo di Caprio e Daniel Day-Lewis. Partes da metrópole americana, como era no fim do século 19, foram reproduzidas nos estúdios romanos.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Cristo polêmico
A violenta e controvertida "Paixão de Cristo" (2004), do australiano Mel Gibson, foi igualmente filmada nas proximidades da Cidade Sagrada. Para tal, os cenógrafos reproduziram a Jerusalém histórica nos estúdios da Cinecittà.
Foto: picture-alliance/dpa
"Roma" em Roma
Em 2005 e 2007 saiu dos estúdios da Cinecittà a série televisão ítalo-britânica-americana "Roma", que traça o declínio da república nas últimas décadas antes do nascimento de Jesus Cristo. Como uma das mais caras produções televisivas de todos os tempos, seus 22 episódios fortaleceram a posição da Cinecittà. Um dos últimos filmes rodados em seus estúdios é a comédia hollywoodiana "Zoolander 2".