Prêmio Nobel de Literatura morre aos 87 anos em Lübeck. Um dos principais escritores do pós-Guerra, Grass é mundialmente conhecido pela obra "O tambor", de 1959.
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O escritor alemão Günter Grass morreu nesta segunda-feira (13/04), aos 87 anos, em Lübeck, no norte da Alemanha, segundo comunicado divulgado pela editora Steidl. O museu Günter Grass Haus divulgou que o escritor morreu em decorrência de uma infecção, sem dar mais detalhes.
Grass, que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1999 pelo conjunto de sua obra, era um dos mais importantes escritores contemporâneos e um dos principais do pós-Guerra na Alemanha. Sua obra mais conhecida é O tambor, de 1959, que marcou sua estreia literária.
Grass, que nasceu em Gdansk (hoje na Polônia, na época Cidade Livre de Danzig, cidade-Estado de maioria alemã), sempre se envolveu em assuntos políticos. Durante os anos 1970, foi notório seu apoio ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao governo do chanceler federal Willy Brandt, principalmente à chamada Ostpolitik, de reaproximação da Alemanha Ocidental com os países do Leste Europeu, em especial a Polônia, incluindo o reconhecimento das fronteiras do pós-Guerra.
A última polêmica em que ele se envolveu foi em 2012, quando um poema seu criticou a política externa de Israel. Grass acusou o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de ser uma ameaça à paz mundial.
AS/dpa
Günter Grass – Estações de sua vida
O Prêmio Nobel de Literatura faleceu aos 87 anos. Politicamente engajado, o escritor alemão permaneceu intelectualmente ativo até o fim de sua vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Luto por Günter Grass
Laureado com o Nobel de Literatura, Günter Grass foi um dos mais importantes escritores alemães do pós-Guerra. Politicamente engajado, deu início a importantes debates intelectuais, tanto envolvendo temas da atualidade quanto outros historicamente polêmicos, como a culpa que a Alemanha carrega devido ao nazismo.
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Juventude em Danzig
Günter Grass nasceu em 16 de outubro de 1927 em Langfuhr, na periferia da então Cidade Livre de Danzig (hoje Gdansk-Wrzeszcz, na Polônia). De origens simples, foi coroinha e chegou a integrar a chamada Juventude Hitlerista, em cujo jornal "HJ" foram publicados seus primeiros poemas.
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Ingresso na Waffen-SS
Para escapar à opressão do ambiente familiar, como justificaria mais tarde, alistou-se voluntariamente na Wehrmacht, as Forças Armadas da Alemanha nazista. Um ano depois, em 1944, aos 17 anos, foi recrutado pela Waffen-SS, uma tropa paramilitar de elite, desvinculada das Forças Armadas. Quase no final da Segunda Guerra, tornou-se prisioneiro dos americanos.
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Formação como artista
Após a guerra, Grass começou um aprendizado como escultor e depois passou a estudar artes gráficas e escultura em Düsseldorf. Seguiram-se estações em Berlim e Paris, e logo vieram as primeiras exposições. Por toda a sua vida, manteve-se fiel às artes plásticas, sendo responsável até pelas capas de seus livros.
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Descoberto pelo Grupo 47
Nos ano de 1950, Grass passou a dedicar-se mais ativamente à literatura. Em 1955, despertou a atenção do Grupo 47, um clube de escritores que constituiu uma plataforma de discussão literária e reflexão social na Alemanha do pós-Guerra. Em uma das sessões do fórum, Grass leu dois capítulos de seu até então inédito romance "O tambor".
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Sucesso literário
"O tambor" lhe trouxe reconhecimento internacional em 1959. Em 1979, a história ganharia uma versão para cinema. Com "Gato e rato" (1961) e "Anos de cão" (1963), completou-se a chamada "Trilogia de Danzig", que lidava com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória histórica do Terceiro Reich. Grass sempre cobrou dos alemães que lidassem abertamente com os crimes nazistas.
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Engajamento político
Grass também era politicamente engajado, tendo lutado ativamente pela reaproximação entre a Alemanha e a Polônia após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nos anos 1960, chegou a fazer campanha pelo Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). No entanto, foi filiado ao partido somente por dez anos, de 1982 a 1992. Seu apoio aos social-democratas, no entanto, estendeu-se por toda a vida.
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Críticas a Grass
Em 1995, o renomado crítico literário Marcel Reich Ranicki literalmente "destruiu" o romance "Um campo vasto", no qual Grass traça um panorama da história política da Alemanha de 1848 até a Reunificação, e lançou um caloroso debate ao acusar Günter Grass de falsificar a História.
Laureado com o Nobel de Literatura
Quatro anos mais tarde, Grass foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura. O comitê justificou sua escolha elogiando o autor por "ilustrar a face esquecida da História" e salientou que "O tambor" permaneceria entre as "obras literárias inesquecíveis do século 20".
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Sucesso de público e crítica
Em 2002, Grass obteve grande sucesso de público e crítica com a novela "Passo de caranguejo", que narra a catástrofe envolvendo o navio Wilhelm Gustloff, afundado por um submarino soviético em 1945, quando levava nove mil refugiados alemães, militares e civis. A crítica o elogiou pela envolvente narrativa de um tema tão complexo.
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Credibilidade em jogo?
Sua autobiografia, "Descascando a cebola", deu início a um intenso debate na Alemanha. Nela, Günter Grass admitiu pela primeira vez ter ingressado na tropa de elite nazista Waffen-SS, levando críticos a questionarem sua credibilidade e sua integridade moral.
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Críticas a Israel
Em 2007, Grass recebeu grandes homenagens por ocasião de seu 80º aniversário. Porém, em abril de 2012, voltou a sofrer fortes críticas devido a um poema que publicou no jornal "Süddeutsche Zeitung". Intitulado "O que precisa ser dito", o poema critica a política externa do governo de Israel. O texto não apenas foi criticado estilisticamente, como rendeu-lhe acusações de antissemitismo.
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Intelectualmente ativo até o fim
Em dezembro de 2013, Grass estava entre os 562 assinantes da petição "Writers Against Mass Surveillance", que conclamava à resistência contra as práticas de vigilância dos serviços secretos dos Estados Unidos. O autor permaneceu intelectualmente ativo até sua morte, em 13 de abril de 2015.