Autor de grande parte das descobertas da astrofísica moderna tinha 76 anos de idade. Doença degenerativa não impediu que ele revolucionasse a compreensão humana sobre o universo.
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O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira (14/03) aos 76 anos de idade, em sua casa em Cambridge, informou sua família em comunicado.
O cientista, conhecido por seu trabalho na área da relatividade, é autor de grande parte das descobertas da astrofísica moderna, como a nova teoria do espaço-tempo e a radiação dos buracos negros.
"Estamos profundamente tristes com a morte do nosso amado pai no dia de hoje. Foi um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado permanecerão por muitos anos", escreveram os filhos do cientista, Lucy, Robert e Tim.
Hawking é um dos cientistas de maior destaque desde o físico alemão Albert Einstein, o autor da teoria da relatividade. Nascido em Oxford, no dia 8 de janeiro de 1942, em uma família de intelectuais, ele iniciou seus estudos em em 1959 na Universidade de Oxford, e obteve seu doutorado em Física Teórica e Cosmologia em Cambridge.
Big Bang e Teoria de Tudo
Após conseguir seu doutorado, Hawking se dedicou à pesquisa e ao ensino ensino na faculdade de Gonville e Caius. Em 1977, ingressou no Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica de Cambridge, onde foi professor de Física Gravitacional.
Três anos depois, chegou a titularidade da cátedra Lucasiana de Matemática Aplicada e Física Teórica, a mais importante de Cambridge, que foi ocupada por Isaac Newton em 1663.
Frases de um gênio chamado Stephen Hawking
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Seu trabalho tinha como objetivo desvendar as leis que governam o universo. Junto com seu colega Roger Penrose, Hawking mostrou que a teoria da relatividade implica que o espaço e o tempo devem ter um ponto inicial, que denominou Big Bang, e um final, dentro dos buracos negros.
Nos anos 1970, ele descobriu que a combinação das leis da mecânica quântica e da relatividade geral evitariam que os buracos negros fossem completamente negros, uma vez que emitiam uma radiação, que passou a ser conhecida como "radiação Hawking".
Como professor de matemática na universidade de Cambridge, Hawking participou de uma das mais importantes pesquisas na área da física, sobre a chamada "Teoria de Tudo", que resolveria as contradições entre a teoria geral da relatividade – que descreve as leis da gravidade que determinam o movimento de corpos como planetas – e a teoria da mecânica quântica, que lida com partículas subatômicas.
Hawking chegou a afirmar que a Teoria de Tudo permitiria à humanidade "conhecer a mente de Deus". O nome pesquisa foi utilizado no título de um filme de 2014 que retrata a vida pessoal e acadêmica do cientista.
"Uma Breve História do Tempo”
Hawking revolucionou a física com as suas teorias do espaço-tempo, o Big Bang e a radiação dos buracos negros, resumidos em Uma Breve História do Tempo. O livro teve mais de 25 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.
A obra serviu como base para uma série de televisão da BBC, onde o cientista trabalhou 1993 e 1996, chamada Into the Universe with Stephen Hawking ("Dentro do Universo com Stephen Hawking”, em tradução livre).
Outro livro de sua autoria, O Universo Numa Casca de Noz, explica conceitos como a supergravitação, singularidade nua e a possibilidade de um universo com onze dimensões.
Hawking sofre esclerose lateral amiotrófica (ELA) desde os 21 anos e surpreendeu os médicos ao passar dos 50 anos de idade. A doença se caracteriza pela degeneração dos neurônios motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos.
Em 1985, uma grave pneumonia fez com que ele tivesse de respirar por um tubo, o que o forçou a se comunicar através de um sintetizador de voz eletrônico. Porém, nada disso impediu Hawking de continuar a desenvolver suas pesquisas e se casar pela segunda vez. Desde 2005, ele se comunicava movendo apenas um músculo sob seu olho que acionava o sintetizador de voz.
"Sua coragem e persistência, seu brilho e humor inspiraram pessoas em todo o mundo”, disseram seus filhos após a morte do cientista."Ele disse um dia que 'este não seria um grande universo se não fosse a casa das pessoas que amamos'", acrescentaram.
RC/efe/rtr
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Stephen Hawking na cultura pop
Físico e cosmologista britânico não foi apenas um autor de bestsellers, mas também uma figura inconfundível em filmes e séries. Conheça algumas das obras que o transformaram numa espécie de pop star.
'Uma Breve História do Tempo' (1991)
Inspirado pelo bestseller de 1988 de Stephen Hawking, "Uma Breve História do Tempo", no qual o cientista apresentou suas teorias sobre cosmologia, o documentário dirigido por Errol Morris se concentra na biografia do físico. Inclui música do compositor minimalista Philip Glass.
Foto: picture-alliance
'Hawking' (2004)
Benedict Cumberbatch foi o primeiro a representar o físico nas telas. Sua atuação no filme televisivo da BBC sobre os primeiros anos de Stephen Hawking como doutorando levaram à sua primeira indicação como melhor ator no prêmio BAFTA da TV britânica. A foto mostra Hawking e Cumberbatch durante evento em apoio à Motor Neurone Disease Association (Associação de Doenças do Neurônio Motor), em 2015.
Foto: picture-alliance
'A teoria de tudo' (2014)
Eddie Redmayne venceu o Oscar de melhor ator por seu retrato de Hawking na cinebiografia britânica "A teoria de tudo". O filme de James Marsh foi inspirado no livro de memórias da ex-mulher do cientista, Jane Hawking. Ela descreve como eles se conheceram e formaram uma família, assim como seus primeiros sucessos e o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA), aos 21 anos.
Foto: Focus Features/Liam Daniel
'O Universo de Stephen Hawking' (2010)
Intitulada "Into the Universe with Stephen Hawking", em inglês, essa série-documentário composta por seis episódios explora a visão do grande cientista que, ao lado de outros especialistas, revelou suas visões sobre o Big Bang, as origens do universo e até sobre viagens no tempo e alienígenas.
Foto: picture-alliance/D.Parry
'Os Simpsons'
O popular desenho animado é conhecido por aparições de estrelas da cultura pop. Hawking foi retratado diversas vezes. No episódio "They Shaved Lisa's Brain" ("Rasparam o cérebro da Lisa"), o físico britânico salva Lisa usando sua cadeira de rodas especial, com acessórios que até o fazem voar. No capítulo, o protagonista Homer Simpson pergunta à filha se ela se divertiu com seu "amigo robô".
Foto: picture-alliance
'Futurama'
Hawking também teve várias aparições na série cômica animada de ficção científica "Futurama". Ele emprestou a voz ao seu próprio personagem. No episódio da foto, sua cabeça (e.) discute com outros intelectuais em jarras numa convenção científica sobre um rasgo no universo.
'Jornada nas Estrelas: A Nova Geração' (1993)
Na série de TV que foi ao ar entre 1987 e 1994 nos Estados Unidos, Hawking apareceu como o seu próprio holograma num episódio da sexta temporada, jogando pôquer com os hologramas de Isaac Newton e Albert Einstein. O "físico-celebridade" foi o único convidado da saga "Star Trek" a representar a si mesmo.
Foto: Paramount
'Super-Herói: O Filme' (2008)
A sátira do gênero de filmes de super-heróis inclui uma paródia deo Hawking, representado pelo ator Robert Joy. Aparecendo numa feira de ciências do ensino médio, seu personagem não apenas revela pensamentos profundos, mas também se mostra inesperadamente rude, chocando a todos na escola. Ele acaba apanhando por ser tão vulgar, mas discursa de forma emocionada no final.
'Monty Python Live (Mostly)' (2014)
Hawking fez uma aparição no show ao vivo de reencontro do grupo cult de comédia britânico Monty Python. Ele foi mostrado em "The Galaxy Song" ("A Canção da Galáxia"), um vídeo previamente gravado que o mostra em sua cadeira de rodas, cantando a música depois de ter atropelado outro físico popular, Brian Cox. Depois, ele sai viajando pelo espaço.
'The Division Bell', de Pink Floyd (1994)
A voz que se tornou a marca registrada de Hawking foi gravada pela banda inglesa de rock progressivo para a canção "Keep Talking", do álbum "The Division Bell". A voz do físico também pode ser ouvida numa outra faixa da banda, no álbum "The Endless River", de 2014. O nome da canção é "Talkin' Hawking".
Foto: DW/J. von Larcher
Versão em rádio do 'Guia do Mochileiro das Galáxias' (2018)
A voz gerada por computador de Stephen Hawking também pode ser ouvida em vários tipos de mídia, de spots publicitários a videogames. A nova série da rádio BBC Radio 4 "Hitchhiker's Guide to the Galaxy" começou a ser difundida este mês e usa a voz do físico britânico para o personagem Mark 2º.