Morre Ramón Castro, irmão mais velho de Fidel e Raúl
24 de fevereiro de 2016
Conhecido como "Mongo", ele se destacou ao organizar uma rede de apoio aos rebeldes que lutavam contra Fulgencio Batista e passou a vida envolvido com a agricultura.
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Ramón Castro, o irmão mais velho do líder cubano Fidel e do presidente Raúl, morreu nesta terça-feira (23/02), aos 91 anos, em Havana, informou a imprensa estatal de Cuba.
"Seus restos foram cremados e posteriormente serão trasladados ao lugar de seu nascimento", na localidade de Birán, província de Holguín, afirmou o site Cuba Debate. O local, uma fazenda comprada pelo pai dele, é o mesmo onde nasceram todos os irmãos.
Conhecido como "Mongo", o primeiro dos sete filho do espanhol Ángel Castro Argis e cubana Lina Ruz González se destacou por organizar uma rede para conseguir armas, munições, medicamentos e suprimentos como apoio à luta dos rebeldes cubanos contra a ditadura de Fulgencio Batista, na década de 1950.
Isso valeu a ele a prisão em 1953, ano do ataque ao Quartel Moncada, em Santiago de Cuba, uma ação que historiadores consideram o início da revolução liderada por Fidel Castro.
Enquanto os irmãos Fidel e Raúl continuavam lutando nas colinas do leste cubano, "Mongo" cuidava dos pais e das lavouras, administrando as terras de Ángel, um emigrante espanhol que havia chegado à ilha caribenha no início do século 20.
No livro de memórias Guerrilheiro do Tempo, Fidel recorda que era muito próximo do irmão. "Ramón sempre andava comigo, estávamos associados em todo tipo de aventuras, quase como se fôssemos gêmeos. Éramos mais ou menos contemporâneos, ainda que ele fosse um pouco mais velho do que eu."
"Mongo", casado e com cinco filhos, nasceu em 14 de outubro de 1924 e cursou engenharia agropecuária na Universidade de Havana. Depois da revolução de 1959, trabalhou como assessor nos ministérios da Agricultura e do Açúcar, além de exercer atividades agrícolas. Ele morava numa propriedade rural perto de Havana, onde se dedicava à agricultura.
AS/rtr/efe
EUA e Cuba: crônica da rivalidade
Desde a Revolução Cubana, em 1959, Cuba e os Estados Unidos estão em disputa, que já envolveu mercenários, bloqueios navais, sanções econômicas, criminosos e carros de boi.
Foto: picture-alliance/dpa
Bordel dos EUA
Antes da revolução, Cuba era, para muitos americanos, sinônimo de jogos de azar, casas noturnas e outros tipos de entretenimento – como um jantar no Havana Yacht Club (foto). "Cuba era o bordel dos EUA", definiu mais tarde o cientista político americano Karl E. Meyer. Para a população, a ditadura de Fulgencio Batista, no entanto, significava principalmente estagnação, desemprego e pobreza.
Para derrubar o regime já falido, Fidel Castro precisa de apenas um exército de guerrilha de algumas centenas de homens. Em 1° de janeiro de 1959, Batista foge de Cuba, e os rebeldes tomam Havana. Os EUA impõem sanções imediatamente, que vão sendo intensificadas nos anos seguintes. A liderança cubana, então, recorre à União Soviética.
Foto: picture-alliance/dpa
Fiasco na Baía dos Porcos
Uma tropa mercenária de cubanos exilados tentou derrubar o regime em 1961, com ajuda da CIA. A operação foi um fiasco. O Exército Revolucionário Cubano acaba com a invasão na Baía dos Porcos dentro de três dias, afirmando ter feito mais de mil prisioneiros.
Foto: AFP/Getty Images/M. Vinas
À beira de uma guerra nuclear
Devido ao relacionamento abalado entre EUA e Cuba, a União Soviética, passa, de repente, a dispor de uma base localizada a apenas cerca de 150 quilômetros dos Estados Unidos. O Kremlin quer estacionar mísseis na ilha. E, em 1962, a crise cubana deixa o mundo à beira de uma guerra nuclear. Com um bloqueio naval, os Estados Unidos impedem o transporte dos mísseis.
Foto: picture-alliance/dpa
Saúde e educação exemplares
A União Soviética não poupa esforços. Por décadas, Cuba é fortemente subsidiada, recebendo, entre outras coisas, petróleo bruto, que é reexportado pela ilha para obtenção de divisas. Cuba consegue, assim, construir sistemas de saúde e de educação exemplares.
Foto: picture-alliance/dpa
O êxodo dos marielitos
Em 1980, Fidel Castro permite que emigrantes deixem o país a partir do Porto de Mariel, com destino aos Estados Unidos. Cerca de 125 mil cubanos chegam à Flórida. Entre eles, estão alguns que haviam sido libertados pela administração cubana de prisões e hospitais psiquiátricos. A taxa de criminalidade em Miami aumenta drasticamente.
Foto: picture-alliance/Zuma Press/T. Chapman
Dependência açucarada
Por décadas, o embargo dos EUA limita a economia cubana de forma maciça. Além disso, não ocorre diversificação alguma. A cana-de-açúcar permanece sendo, mesmo após a revolução, o principal produto de exportação da ilha. Cuba continua totalmente dependente da assistência da União Soviética, algo que fica bastante claro a partir de 1990.
Foto: AFP/Getty Images/N. Barroso
"Período especial em tempo de paz"
Com o colapso da União Soviética, vem a quebra da economia cubana. Tudo passa a faltar. Fidel Castro declara a época de choque da economia cubana, a partir de 1990, como o "Período Especial em Tempos de Paz". Na ausência de combustível e peças de reposição, bois passam a ser usados como meio de transporte. Desde o final da década de 1990, a Venezuela fornece petróleo a preço baixo ao país.
Foto: AFP/Getty Images/A. Roque
O vai e vem das sanções
Desde 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas apela todos os anos para que os EUA acabem com sua política de embargo. Os EUA apertam e desapertam os parafusos das retaliações de tempos em tempos. Assim, as regulamentações do bloqueio ficam mais rigorosas em 1996 e mais relaxadas em 1999. Em 2004, o presidente George W. Bush endurece as sanções.
Foto: Getty Images/J. Raedle
Um novo capítulo se inicia
Após a libertação do prisioneiro americano Alan Gross e de três agentes cubanos presos nos EUA desde 1998, Raúl Castro e Barack Obama surpreendem o mundo ao anunciar, no dia 17 de dezembro de 2014, que normalizarão as relações diplomáticas entre os dois países e reabrirão suas embaixadas. Obama amplia as exceções ao embargo econômico e comercial sobre a ilha.
Pouco mais de seis meses após o anúncio da retomada das relações diplomáticas, Obama anuncia em 1º de julho de 2015 a reabertura das embaixadas dos EUA e de Cuba em Havana e Washington dentro de alguns dias. Desde dezembro de 2014, passos tomados para a reaproximação incluem a retirada de Cuba da lista de países que financiam o terrorismo e a libertação de presos políticos pelo governo cubano.