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Morre Terry Jones, do Monty Python

22 de janeiro de 2020

Ator, escritor e diretor da icônica e irreverente trupe de comediantes que revolucionou o humor britânico sofria de um raro tipo de demência. Ele era considerado a inspiração para a comédia anárquica do grupo.

Terry Jones, um dos fundadores do Monty Python, sofria de demência frontotemporal, um distúrbio neurológico raro
Terry Jones, um dos fundadores do Monty Python, sofria de demência frontotemporal, um distúrbio neurológico raroFoto: picture-alliance/dpa/PA Wire/M. J. Kim

Terry Jones, um dos fundadores da trupe de comédia anárquica Monty Python, morreu nesta terça-feira (21/01) aos 77 anos de idade. Ele sofria de demência frontotemporal, um distúrbio neurológico raro.

Em nota, a família informou que ele morreu em casa ao lado da esposa, após uma "longa, extremamente corajosa, mas sempre bem humorada batalha contra uma rara forma de demência".

Em seus últimos anos de vida, a doença fez com que Jones perdesse a capacidade de falar e escrever, o que seus colegas do Monty Python viram como uma crueldade para alguém que utilizava a palavra como principal ferramenta.

Terence Graham Parry Jones nasceu no País de Gales em 1942. Ele estudou na Universidade de Oxford, onde começou a escrever e atuar junto a Michael Palin, mais tarde seu colega no Monty Python. Nos anos 1960, ele trabalhou como redator de algumas séries de comédia de sucesso no Reino Unido, como The Frost report e Do not adjust your TV set.

No final da década, Jones e Palin se juntaram a Eric Idle, John Cleese, Graham Chapman e Terry Gilliam para formar a trupe de comediantes Monty Python's Flying Circus. A inspiração para a comédia surrealista do grupo e a rejeição das estruturas convencionais são atribuídas a Jones.

A partir de 1969, Jones escreveu e atuou junto com seus colegas no programa de televisão que levava o nome do grupo, exibido durante cinco anos pela emissora britânica BBC. A série marcou época, influenciou gerações de comediantes e é tida até hoje como uma das maiores referências do humor britânico.

Jones (dir.) no papel da mãe do personagem principal de "A vida de Brian"Foto: picture-alliance/Everett Collection/Warner Brothers

Ele dirigiu e estrelou os três maiores sucessos cinematográficos do grupo: Monty Python em busca do cálice sagrado (1975), em parceria com Terry Gilliam, A vida de Brian (1979) e Monty Python - O sentido da vida (1983).

Entre seus colegas, Jones talvez tivesse uma presença menos marcante do que o corpulento John Cleese, de 1m95 de altura, ou o energético Eric Idle, mas era um comediante bastante hábil. Com voz estridente, ele interpretou uma série de personagens femininos na TV e nos filmes, como no hilário papel da mãe do personagem principal de A vida de Brian. "Ele não é o messias, é um menino muito travesso", dizia uma fala da personagem, que se tornaria célebre.

Jones também teve êxito em sua carreira fora do Monty Python. Em parceria com Palin, ele criou a série Ripping Yarns e escreveu livros infantis e também sobre a idade média e história clássica.

Depois de mais de três décadas desde a última vez em que haviam atuado juntos, os membros remanescentes do Monty Python – Graham Chapman morreu de câncer em 1989 – se reuniram em 2014 para uma série de apresentações ao vivo, para o delírio de milhares de fãs. Palin recorda que, nessa época, Jones já demonstrava dificuldade para se lembrar de suas falas.

Dois anos mais tarde, ele seria diagnosticado com demência frontotemporal. A doença acabaria eliminando gradualmente sua habilidade de escrever e falar. Palin considerou o diagnóstico como uma crueldade com uma pessoa "cujas palavras, ideias, argumentos e histórias tinham sido a substância da vida".

"Terry era um de meus amigos mais próximos. Ele era gentil, generoso, apoiador e apaixonado pela vida ao máximo", disse Palin, após a morte de Jones.

Michael Palin, Eric Idle, Terry Jones (c),Terry Gilliam e John Cleese se reuniram em 2014 para uma série de showsFoto: picture-alliance/Photoshot

"Era bem mais do que um dos escritores-atores mais engraçados de sua geração. Era um comediante renascentista completo: escritor, diretor, apresentador, historiador, brilhante autor de livros infantis e a companhia mais calorosa e maravilhosa que alguém poderia desejar", lamentou.

"É algo cruel e triste", afirmou Eric Idle no Twitter. "Tantas risadas, momentos de total hilaridade dentro e fora dos palcos, que nós todos compartilhamos com ele."

"Parece estranho que um homem com tantos talentos e entusiasmo infinito possa ter desvanecido de modo tão suave", escreveu John Cleese, também no Twitter. "Dois já foram, agora restam quatro", acrescentou, se referindo aos seis fundadores do Monty Python.

"Todos nós perdemos um homem gentil, engraçado, caloroso, criativo e verdadeiramente amável, cuja individualidade descompromissada, intelecto insaciável e humor extraordinário alegraram incontáveis milhões de pessoas durante décadas", disseram em nota a esposa de Jones, Anna Soderstrom, e seus filhos Bill, Sally e Siri.

RC/ap/ots

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