Ator, escritor e diretor da icônica e irreverente trupe de comediantes que revolucionou o humor britânico sofria de um raro tipo de demência. Ele era considerado a inspiração para a comédia anárquica do grupo.
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Terry Jones, um dos fundadores da trupe de comédia anárquica Monty Python, morreu nesta terça-feira (21/01) aos 77 anos de idade. Ele sofria de demência frontotemporal, um distúrbio neurológico raro.
Em nota, a família informou que ele morreu em casa ao lado da esposa, após uma "longa, extremamente corajosa, mas sempre bem humorada batalha contra uma rara forma de demência".
Em seus últimos anos de vida, a doença fez com que Jones perdesse a capacidade de falar e escrever, o que seus colegas do Monty Python viram como uma crueldade para alguém que utilizava a palavra como principal ferramenta.
Terence Graham Parry Jones nasceu no País de Gales em 1942. Ele estudou na Universidade de Oxford, onde começou a escrever e atuar junto a Michael Palin, mais tarde seu colega no Monty Python. Nos anos 1960, ele trabalhou como redator de algumas séries de comédia de sucesso no Reino Unido, como The Frost report e Do not adjust your TV set.
No final da década, Jones e Palin se juntaram a Eric Idle, John Cleese, Graham Chapman e Terry Gilliam para formar a trupe de comediantes Monty Python's Flying Circus. A inspiração para a comédia surrealista do grupo e a rejeição das estruturas convencionais são atribuídas a Jones.
A partir de 1969, Jones escreveu e atuou junto com seus colegas no programa de televisão que levava o nome do grupo, exibido durante cinco anos pela emissora britânica BBC. A série marcou época, influenciou gerações de comediantes e é tida até hoje como uma das maiores referências do humor britânico.
Ele dirigiu e estrelou os três maiores sucessos cinematográficos do grupo: Monty Python em busca do cálice sagrado (1975), em parceria com Terry Gilliam, A vida de Brian (1979) e Monty Python - O sentido da vida (1983).
Entre seus colegas, Jones talvez tivesse uma presença menos marcante do que o corpulento John Cleese, de 1m95 de altura, ou o energético Eric Idle, mas era um comediante bastante hábil. Com voz estridente, ele interpretou uma série de personagens femininos na TV e nos filmes, como no hilário papel da mãe do personagem principal de A vida de Brian. "Ele não é o messias, é um menino muito travesso", dizia uma fala da personagem, que se tornaria célebre.
Jones também teve êxito em sua carreira fora do Monty Python. Em parceria com Palin, ele criou a série Ripping Yarns e escreveu livros infantis e também sobre a idade média e história clássica.
Depois de mais de três décadas desde a última vez em que haviam atuado juntos, os membros remanescentes do Monty Python – Graham Chapman morreu de câncer em 1989 – se reuniram em 2014 para uma série de apresentações ao vivo, para o delírio de milhares de fãs. Palin recorda que, nessa época, Jones já demonstrava dificuldade para se lembrar de suas falas.
Dois anos mais tarde, ele seria diagnosticado com demência frontotemporal. A doença acabaria eliminando gradualmente sua habilidade de escrever e falar. Palin considerou o diagnóstico como uma crueldade com uma pessoa "cujas palavras, ideias, argumentos e histórias tinham sido a substância da vida".
"Terry era um de meus amigos mais próximos. Ele era gentil, generoso, apoiador e apaixonado pela vida ao máximo", disse Palin, após a morte de Jones.
"Era bem mais do que um dos escritores-atores mais engraçados de sua geração. Era um comediante renascentista completo: escritor, diretor, apresentador, historiador, brilhante autor de livros infantis e a companhia mais calorosa e maravilhosa que alguém poderia desejar", lamentou.
"É algo cruel e triste", afirmou Eric Idle no Twitter. "Tantas risadas, momentos de total hilaridade dentro e fora dos palcos, que nós todos compartilhamos com ele."
"Parece estranho que um homem com tantos talentos e entusiasmo infinito possa ter desvanecido de modo tão suave", escreveu John Cleese, também no Twitter. "Dois já foram, agora restam quatro", acrescentou, se referindo aos seis fundadores do Monty Python.
"Todos nós perdemos um homem gentil, engraçado, caloroso, criativo e verdadeiramente amável, cuja individualidade descompromissada, intelecto insaciável e humor extraordinário alegraram incontáveis milhões de pessoas durante décadas", disseram em nota a esposa de Jones, Anna Soderstrom, e seus filhos Bill, Sally e Siri.
Charles Chaplin, Mr. Bean ou Loriot – todos são mestres da comédia. Em homenagem aos 125 anos do nascimento de Oliver Hardy – de "O Gordo e o Magro" – relembramos os melhores humoristas do cinema.
Foto: Imago/EntertainmentPictures
O famoso duo de palhaços
Stan & Ollie (Stan Laurel e Oliver Hardy) atuaram juntos em cerca de 200 filmes, muitos deles na época do cinema mudo. Qualquer coisa que a dupla – conhecida no Brasil como "O Gordo e o Magro" – tramasse, invariavelmente terminava em desastre. A dupla de comediantes mais bem-sucedida dos EUA foi, sem dúvida, mestre na arte de fazer rir.
Foto: Imago/United Archives
Muito além da palhaçada
Charlie Chaplin não economizou na palhaçada, por exemplo, em "O vagabundo", mas ele também teceu críticas sociais em seus filmes. Na obra "Em Busca do Ouro", de 1925, a pobreza foi o tema e seu personagem estava tão faminto que comeu solas de sapatos. "Tempos Modernos", de 1936, atacou o capitalismo e o filme "O Grande Ditador" satirizou Adolf Hitler.
Foto: picture-alliance / United Archives/TopFoto
Enlouquecer de rir
Chico, Harpo, Groucho, Gummo e Zeppo – os Irmãos Marx – foram os primeiros a realmente se concentrar na linguagem em seus filmes, revezando esquetes visuais e verbais. As observações irreverentes de Groucho, em particular, fizeram o público soltar gargalhadas. Via de regra, os filmes se passavam em ambientes fechados, como uma casa de ópera.
Foto: picture-alliance/dpa/Impress
Gatilho rápido nas piadas
Olhos escancarados, queixo protuberante e um sorriso manhoso: as expressões faciais de Bob Hope eram, por si só, engraçadas. Críticos também adoravam a sagacidade no uso das palavras, bem no estilo dos Irmãos Marx. Nos Estados Unidos, o comediante recebeu o apelido "Midas da Comédia".
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Gigante da comédia francesa
O público adorava Louis de Funès, o pequeno ator francês que explodia em ataques de loucura, o caráter colérico que prestava reverências às autoridades, mas intimidava todo mundo em seus filmes nas décadas de 60 e 70. As obras de Funès – na França, chamado pelo apelido carinhoso de "Fufu" – foram sucessos internacionais de bilheteria.
Foto: picture alliance/United Archives
Situações absurdas
Rowan Atkinson desenvolveu o personagem Mr. Bean durante dez anos, antes de estreá-lo, em 1990, no Reino Unido. Hilário, bobo, egoísta – ao todo, um fanfarrão simpático. Mr. Bean apresentava as soluções mais estranhas e desajeitadas para situações cotidianas. Ele raramente fala alguma coisa, mas compensa a falta de comunicação com caretas.
Foto: Getty Images/Stuart C. Wilson/Universal Pictures Home Entertainment
Humor inteligente
O estilo de humor do grupo Monty Python é absurdo, surreal e anárquico. A imagem acima retrata a cena legendária do filme "A Vida de Brian", de 1979, com homens crucificados cantando felizes "Always Look on the Bright Side of Life". O humor do grupo de comediantes britânicos é inteligente, combinando com referências filosóficas e históricas em seus filmes e suas muitas encenações.
Foto: picture-alliance
Rei alemão da comédia
Por décadas, Vicco von Bülow, conhecido por Loriot, entreteu milhões de alemães com peças, quadrinhos e longas-metragens. Seu humor muitas vezes se concentrava na falta ou em erros de comunicação, e ele invariavelmente ridicularizava cenários do cotidiano burguês. Loriot foi um prolífico humorista, escritor, ator e um talentoso cartunista.
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A arte da comédia cara de pau
O papel do tenente da polícia Frank Drebin catapultou o ator canadense Leslie Nielsen à fama internacional da comédia no fim da década de 80. O que parecia ser apenas um amontoado de galhofadas, a trilogia "Corra que a Polícia Vem Aí" conseguiu mais do que apenas algumas risadas. Nielsen também adorava imitar o olhar de Oliver Hardy – uma clara homenagem à dupla.
Foto: picture alliance/ZUMA Press/g49
A máscara colossal
Ninguém faz expressões faciais extremas como Jim Carrey. Ele incorporou o talento de sua marca registrada em seus personagem em "O Máscara" e "Débi & Lóide - Dois Idiotas em Apuros", dando a eles um olhar inconfundível. A comédia romântica "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", de 2004, demonstra a amplitude das habilidades de Carrey.
Foto: picture-alliance/United Archives
Sem limites
Usando acentos e disfarces para retratar os personagens fictícios Ali G, Borat ou Brüno, o ator britânico Sacha Baron Cohen faz perguntas absurdas e repletas de clichês raciais aos próprios entrevistadores. Seus "mocumentários", uma combinação de documentário e ficção, são retratos reveladores sobre a sociedade.