Premiê Merkel louva correligionário democrata-cristão por marcar a política do partido e do país durante décadas. Desde 2013 na vice-presidência do Bundestag, Peter Hintze morreu de câncer aos 66 anos.
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O político alemão Peter Hintze morreu na madrugada deste domingo (27/11) aos 66 anos, das consequências de um câncer. Vice-presidente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) desde 2013, ele compunha o reduzido círculo de colaboradores de longa data da chanceler federal Angela Merkel dentro da União Democrata Cristã.
O presidente do Bundestag, o democrata-cristão Norbert Lammert, homenageou Hintze em nome do Parlamento, como político apaixonado e colega estimado, para além de todas as fronteiras partidárias. Seu grande talento teria sido "construir pontes entre diferentes pontos de vista e interesses". Além disso, nos últimos 25 anos se afirmara como uma das principais figuras da CDU, disse Lammert.
Segundo Merkel, em Hintze sua legenda conservadora perde "uma de suas personalidades de destaque", que, ao longo de décadas, marcou a política tanto do partido como do país. "Inesquecíveis são, acima de tudo, seus seis anos como secretário-geral da CDU da Alemanha", frisou, acrescentando que ele teria sido um homem das palavras francas, mas também da moderação.
No início dos anos 1990, o pastor luterano formado Peter Hintze foi secretário de Estado parlamentar no Ministério da Mulher e da Juventude, sob a então chefe de pasta Angela Merkel. Em 1994 e 1998, como secretário-geral da CDU, organizou a campanha eleitoral para o chanceler federal Helmut Kohl.
Nas eleições de 1994, contudo, Hintze foi muito criticado por sua campanha "das meias vermelhas", em que incitava os ânimos contra o Partido do Socialismo Democrático (PDS) – sucessor do SED, legenda única da Alemanha comunista, e extinto em 2007 – e o Social Democrata (SPD).
Em 1998, Hintze foi responsabilizado pela perda de poder dos democratas-cristãos, devido a sua campanha eleitoral "das mãos vermelhas", e substituído por Merkel como secretário-geral da CDU. No entanto, em breve conseguiu recuperar seu status na hierarquia de Berlim, tornando-se secretário de Estado parlamentar do Ministério da Economia em 2005, cargo que acumularia, dois anos mais tarde, com a coordenação federal da tecnologia aérea e espacial. Em outubro de 2013, assumiu a vice-presidência do Bundestag.
AV/afp,rtr,dpa
Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
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Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
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Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
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Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
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Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
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O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
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Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
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O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
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Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
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"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
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"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
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Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
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Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.