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Morsi insiste que não vai renunciar

3 de julho de 2013

Ao menos 16 pessoas morrem em confrontos entre adversários e apoiantes do presidente egípcio no Cairo. Na televisão, Mohammed Morsi diz que não vai renunciar. Segundo jornal, Exército prevê anular Constituição.

Foto: Reuters

O Egito viveu uma noite de violências nesta terça-feira (02/07), a poucas horas do fim de um ultimato da liderança militar do país para que o presidente Mohammed Morsi ponha fim à crise política. Ao mesmo tempo, durante a noite, Morsi insistiu que não vai renunciar ao cargo.

Em discurso difundido pela rede de televisão estatal, o primeiro presidente egípcio civil e eleito democraticamente afirmou que "daria a vida" para continuar "assumindo a responsabilidade" pelo país. Desde o fim de semana, milhões de manifestantes que tomaram as ruas do país exigem a renúncia do presidente.

A oposição criticou a permanência de Morsi no poder, enquanto confrontos violentos voltaram a acontecer na capital, Cairo. Ao menos 16 pessoas morreram e outras 200 teriam ficado feridas nas proximidades da Universidade do Cairo, de acordo com o Ministério da Saúde do Egito.

As violências aconteceram num ataque de adversários do presidente a apoiantes islamitas de Morsi, que é oriundo da Irmandade Muçulmana. Uma das principais queixas dos manifestantes contrários a Morsi é sobre o temor de uma "islamização" do Egito, com importância considerada "exagerada" para o Islã na legislação.

Mais cedo, também na terça-feira, o bairro de Gizeh foi palco de confrontos entre partidários e adversários de Morsi. Sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Houve também enfrentamentos em Alexandria e na cidade de Kaliouba, no norte do Cairo. Em Alexandria, os militares intervieram para separar os dois lados do confronto.

"Derramamento de sangue"

Segundo Morsi, que assumiu o poder há um ano, a legitimidade constitucional do cargo presidencial seria "a única garantia para evitar um derramamento de sangue". Ao mesmo tempo, o presidente alertou para que o Egito não caia numa "armadilha da violência" e convocou a oposição ao diálogo.

Manifestante tapa os ouvidos durante discurso de MorsiFoto: AFP/Getty Images

"Não se deixem intimidar, não caiam nessa armadilha, não deixem que roubem a revolução de vocês", declarou aos seus apoiantes, lembrando a revolução popular que, em fevereiro de 2011, derrubou o então presidente militar Hosni Mubarak após 18 dias de levante.

No microblog Twitter, a presidência egípcia exigiu dos militares a anulação do ultimato expedido na segunda-feira. Morsi rejeitaria todas as tentativas de violação da legitimidade do cargo executivo mais alto do país, diz o comunicado publicado na internet.

O Exército estabeleceu que Morsi deveria solucionar, até as 17h locais desta quarta-feira, a crise política que tomou o país, por exemplo convocando eleições presidenciais antecipadas. Três horas depois do pronunciamento de Morsi na televisão, o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) se disse pronto a "derramar o próprio sangue" para "defender o Egito e seu povo dos terroristas, dos radicais e dos loucos."

Desde o fim de semana, milhões de egípcios vão às ruas. Adversários pedem a renúncia de MorsiFoto: Reuters

Plano de ação

O diário egípcio Al-Ahram publicou nesta quarta-feira (03/07) a manchete "Renúncia ou Destituição" e divulgou também as linhas gerais de um plano de ação do Exército caso Morsi não tome nenhuma atitude até o ultimato expirar. De acordo com os detalhes divulgados pelo jornal, os militares anulariam a Constituição, aprovada em referendo popular controverso no final do ano passado. Esse ponto, de acordo com o diário, indicaria a destituição de Morsi, especulada por especialistas egípcios e internacionais.

O plano do Exército também prevê a convocação de eleições presidenciais e legislativas, ainda sem data.

Militares egípcios lançaram ultimato para presidente resolver crise políticaFoto: Getty Images

Fontes militares teriam dito que o Exército pretende destituir Morsi, confiando a liderança do país a um "conselho provisório" até a elaboração de uma nova lei fundamental e a organização de eleições. Essas mesmas fontes teriam assegurado que o possível novo capítulo da transição egípcia não se assemelharia aos 17 meses em que o CSFA dirigiu o país, entre a queda de Mubarak e a posse de Morsi. Não haveria informações sobre a atitude planejada dos militares caso Morsi se recuse a deixar o poder.

RK/rtr/afp/dpa/ap

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