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Morte de ciclista gera comoção em Berlim

29 de janeiro de 2018

Após primeira morte de ciclista na capital alemã em 2018, governo local anuncia medidas para aumentar segurança em cruzamento problemático. Ciclovia será ampliada, reduzindo espaço para carros.

Protesto por mais segurança para ciclistas em Berlim
Protesto no local do acidente reuniu cerca de 200 ciclistas Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken

O acidente fatal de uma ciclista na manhã da última terça-feira (23/01) gerou comoção em Berlim. Foi a primeira morte de um ciclista em 2018. A mulher de 52 anos foi atingida por um caminhão que fez uma conversão à direita. Pelas regras do trânsito, a preferência era da ciclista que seguiria reto.

Por ter ocorrido num trecho próximo à minha casa, por onde passo com frequência de bicicleta, o acidente me impressionou de maneira especial. Deu aquela sensação de poderia ter sido eu. Em diversas ocasiões, presenciei ciclistas ou pedestres quase sendo atropelados na mesma situação, por motoristas que têm pressa e se esquecem de prestar atenção a ciclistas e pedestres.

Leia também: A ilusão da bicicleta

Nas redes sociais, a falta de conhecimento das leis de trânsito por muitos motoristas e o argumento "se estou seguindo regras, o problema não é meu se quem está fazendo besteira morrer" foram o que mais chamou atenção nos comentários sobre o acidente.

Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Essa não é a primeira morte de um ciclista em Berlim. Em 2017, foram nove acidentes fatais e, em 2016, 17. No entanto, pela primeira vez desde que acompanho o tema há alguns anos, a morte parece que não será em vão e impulsionou uma reação imediata das autoridades.

No dia seguinte ao acidente, a secretária estadual de Transportes, Regine Günther, esteve no local e anunciou medidas para melhorar a segurança naquele cruzamento, além de planos para deixá-lo mais seguro. O cruzamento já era visto como problemático e há anos era alvo de um debate entre autoridades.

Atualmente, existe uma estreita marcação na rua que indica o espaço reservado para bicicletas. A marcação, porém, é frequentemente ignorada por veículos. Agora, após o acidente, o governo anunciou uma ciclovia mais larga na rua.

Essa medida reduzirá de duas faixas para uma o espaço para tráfego de automóveis, o que deve causar congestionamentos no trecho. Autoridades, porém, destacaram que esse é o preço a ser pago para aumentar a segurança de ciclistas e pedestres no cruzamento.

Günther anunciou ainda medidas para aumentar a segurança de ciclistas em outros dez cruzamentos na cidade. A iniciativa foi bem recebida por ativistas, que aproveitaram para lembrar o governo de que continuam esperando que o novo plano de mobilidade, que prioriza bicicletas e o transporte público, saia do papel.

Desde agosto, quando o plano foi apresentando, o governo tenta reunir apoio suficiente no Legislativo local para aprovar a medida de maneira que ela não possa ser desfeita pelo próximo governo. A batalha é dura, afinal, o lobby do automóvel não está disposto a ceder privilégios que conquistou.

A morte da ciclista na semana passada também gerou um protesto, como há alguns anos sempre ocorre na cidade quando alguém morre pedalando. Cerca de 200 pessoas se reuniram no local do acidente para pedir mais segurança no trânsito e homenagear a vítima. Uma bicicleta fantasma foi colocada no cruzamento em memória da ciclista.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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