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Morte de Nisman foi homicídio, afirma procurador argentino

25 de fevereiro de 2016

Indícios apontariam que promotor encontrado morto antes de detalhar denúncia contra Cristina Kirchner foi assassinado. É a primeira vez que uma autoridade judicial classifica o caso de homicídio.

Alberto Nisman conduzia inquérito sobre atentado a associação judaicaFoto: Reuters/M. Brindicci

O promotor argentino Alberto Nisman aparentemente foi assassinado, disse nesta quinta-feira (25/02) o procurador-geral da Corte de Apelações Criminais de Buenos Aires, Ricardo Saenz. Nisman morreu no ano passado, poucos dias depois de acusar a então presidente Cristina Kirchner de acobertar a suposta participação do Irã num atentado a um centro judaico na Argentina.

"Os indícios até este momento sustentam a hipótese de que Alberto Nisman foi vítima de um crime de homicídio", escreveu Saenz numa recomendação para que o caso seja encaminhado às autoridades federais e tratado como uma investigação de assassinato. Foi a primeira vez que uma autoridade jurídica classificou a morte de homicídio.

Nisman foi encontrado com uma bala na cabeça e uma pistola a seu lado no banheiro de seu apartamento, em Buenos Aires, em janeiro do ano passado. Inicialmente, o caso foi classificado de suicídio – ideia rechaçada por familiares, amigos e pela maioria da população argentina.

"Não foi Alberto Nisman que disparou a arma que o matou, o que necessariamente leva a concluir que ele foi vítima de homicídio", afirmou Saenz.

Quando o corpo foi encontrado, faltava menos de um dia para que ele comparecesse perante o Congresso para detalhar a acusação, segundo a qual Kirchner tentou encobrir o suposto papel do Irã no atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 1994. O ataque, com um caminhão-bomba, deixou 85 mortos.

Nisman vinha conduzindo o inquérito a respeito do caso. Ele baseava sua denúncia num acordo de entendimento assinado pela Argentina e pelo Irã em 2013, que, segundo o promotor, teria como objetivo encobrir os suspeitos do ataque à AMIA e estimular o intercâmbio comercial de grãos argentinos e petróleo iraniano. A denúncia foi arquivada em maio do ano pasado.

Teerã negou reiteradamente qualquer envolvimento no atentado, e um juiz argentino descartou as acusações de Nisman contra a ex-presidente, considerando-as improcedentes.

A revelação de Saenz sobre o possível homicídio veio à tona em meio a uma série de mudanças realizadas desde a posse do novo presidente argentino, Mauricio Macri, em dezembro passado. Durante sua campanha eleitoral, Macri comprometeu-se a desvendar o mistério da morte de Nisman.

LPF/rtr/efe

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