Mortes em acidentes aéreos caem pela metade em 2019
3 de janeiro de 2020
Acidentes envolvendo aviões comerciais de grande porte mataram 257 pessoas em 2019, sendo que vítimas da queda do Boeing 737 MAX da Ethiopian Airlines representam mais da metade das mortes. Em 2018, 534 pessoas morreram.
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O número de mortos em acidentes com aviões comerciais de grande porte caiu mais de 50% em 2019, apesar do acidente, em março, envolvendo um Boeing 737 MAX na Etiópia, afirmou nesta quarta-feira (01/01) uma empresa de consultoria holandesa de aviação.
A consultoria To70 afirmou que houve 86 acidentes envolvendo aviões comerciais de grande porte – incluindo oito acidentes fatais – resultando em 257 mortes no ano passado. Em 2018, foram 160 acidentes, incluindo 13 fatais, que causaram 534 mortos.
A To70 aponta que a taxa de acidentes fatais para aviões de grande porte no transporte aéreo comercial de passageiros foi de apenas 0,18 acidente fatal por milhão de voos em 2019. Ou seja, um acidente fatal em média a cada 5,58 milhões de voos, uma melhoria significativa em relação a 2018, quando a taxa ficou em 0,30 acidente por milhão de voos.
O número de fatalidades inclui passageiros e tripulantes, como pilotos e comissários de bordo, além de qualquer pessoa morta em terra devido a um acidente aéreo.
No levantamento, são considerados aviões comerciais de grande porte aeronaves usadas por quase todos os viajantes em companhias aéreas de todo o mundo. Ficaram de fora pequenas aeronaves como Cessna Caravan e com turboélices.
Em 23 de dezembro, a direção da Boeing afirmou que despediu seu presidente-executivo, Dennis Muilenburg, após dois acidentes fatais envolvendo o modelo 737 MAX forçarem a empresa a anunciar a suspensão temporária da fabricação de seu avião mais vendido.
O 737 MAX permanece no chão desde março, após os acidentes em outubro de 2018, na Indonésia, e em março de 2019, na Etiópia, matarem um total de 346 pessoas.
A consultoria holandesa diz que a indústria da aviação fez um esforço significativo em 2019, "concentrando-se nas chamadas 'ameaças futuras', tais como drones". Mas as quedas dos dois 737 MAX "são um lembrete de que precisamos focar no básico para fazer a aviação civil tão segura: aeronaves bem projetadas e construídas, pilotadas por tripulações bem treinadas e informadas".
A Aviation Safety Network, uma organização que monitora acidentes aéreos, afirmou nesta quarta-feira que, apesar do acidente com o Boeing 737 MAX na Etiópia, o ano de 2019 "foi um dos anos mais seguros para a aviação comercial".
As 157 vítimas fatais no voo da Ethiopian Airlines representaram mais da metade de todas as mortes no ano passado em acidentes envolvendo companhias aéreas que operam no transporte de passageiros em todo o mundo.
Nas últimas duas décadas, as mortes na aviação em todo o mundo vêm caindo drasticamente, mesmo com o aumento das viagens aéreas. A Aviation Safety Network citou, por exemplo, que em 2005 houve 1.015 mortos em acidentes aéreos envolvendo aviões comerciais em todo o mundo.
Em 2017, a aviação teve seu ano mais seguro, com apenas dois acidentes fatais envolvendo turboélices, que resultaram em 13 mortes, e nenhum acidente fatal com jatos de passageiros.
Na semana passada, 12 pessoas morreram quando um Fokker 100 operado pela companhia Bek Air, do Cazaquistão, caiu perto de Almaty após a decolagem. Em maio, um avião russo Sukhoi Superjet 100 pegou fogo ao fazer um pouso de emergência no aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, matando 41 pessoas.
Os números não incluem acidentes envolvendo voos militares, de treino, privados, operações de carga e helicópteros.
O avião é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, mas desastres aéreos, quando acontecem, costumam envolver um grande número de vítimas. Relembre acidentes dos últimos 70 anos que entraram para a história.
Foto: picture-alliance/C. Daughty
Tragédia mata time base da seleção italiana
Há 70 anos, em 4 de maio de 1949, o avião que levava o time do Torino, então tetracampeão italiano, após um amistoso contra o Benfica, em Lisboa, se chocou contra a Basílica de Superga, em Turim. O acidente matou as 31 pessoas a bordo, incluindo 18 jogadores e cinco integrantes da comissão técnica. O Torino era considerado a melhor equipe de futebol do mundo e formava a base da seleção italiana.
Foto: picture-alliance/dpa
Milagre após 73 dias perdidos nos Andes
Em 13 de outubro de 1972, 45 pessoas – jogadores de um clube de rugby e familiares –partiram de Montevidéu em um avião da Força Aérea Uruguaia rumo ao Chile. A aeronave caiu nos Andes, causando na hora a morte de 12 pessoas e de outras 17 nos dias seguintes. No entanto, 16 homens sobreviveram a 73 dias na neve e foram resgatados após dois deles terem deixado o acampamento para pedir socorro.
Foto: AFP/Getty Images
O maior número de vítimas da aviação
Em 27 de março de 1977, um Boeing 747 da KLM vindo de Amsterdã colidiu com um Jumbo da PanAm que partiu de Los Angeles na pista do aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, nas Ilhas Canárias. A explosão matou 583 pessoas, o maior número de vítimas fatais da história da aviação. Os aviões tinham sido desviados para Los Rodeos devido a um ataque a bomba no aeroporto de Las Palmas, em Gran Canária.
Foto: Getty Images/AFP
Bomba derruba aeronave no Oceano Atlântico
A explosão de uma bomba no compartimento de cargas de um Boeing 747 causou a queda do vôo 182 da Air India no Oceano Atlântico, em 23 de junho de 1985, quando ele sobrevoava a costa da Irlanda, na rota entre Montreal e Nova Déli. As 329 pessoas a bordo morreram. O ataque foi vinculado a extremistas sikhs.
Foto: Getty Images/AFP/A. Durand
O maior número de vítimas em um único avião
O acidente com o maior número de vítimas a bordo de um único avião aconteceu com o voo 123 da Japan Airlines, que fazia a rota entre Tóquio e Osaka. O Boeing 747-SR46 colidiu com o Monte Takamagahara, a 100 quilômetros de Tóquio, em 12 de agosto de 1985. Entre os 520 mortos estava o famoso cantor Kyū Sakamoto. Quatro mulheres sobreviveram, sendo duas delas crianças.
Foto: picture alliance/dpa/Toshiki Ohira
Avião atinge espectadores de show aéreo
Três aviões da esquadrilha acrobática italiana Flechas Tricolores (Frecce Tricolori) se chocaram em pleno voo durante um show de acrobacias aéreas na base militar americana em Ramstein, no sudoeste da Alemanha, em 28 de agosto de 1988. Um dos jatos caiu sobre a multidão de espectadores, matando 70 pessoas e deixando mais de mil feridas.
Foto: picture-alliance/dpa/Füger
Choque causa morte de crianças e adolescentes
Uma colisão entre um Tupolew 154 da companhia russa Bashkirian Airlines, que vinha de Moscou, e um jato da empresa alemã DHL, que viajava do Bahrein a Bruxelas, matou 71 pessoas na noite de 1º de julho de 2002 sobre a cidade de Überlingen, na Alemanha, às margens do Lago de Constança. Entre as vítimas, estavam 49 crianças e adolescentes que viajavam de férias para a Espanha.
Foto: AP
Colisão mata 154 no Brasil
Um choque no ar com um jato Legacy provocou a queda de um Boeing da Gol em 29 de setembro de 2006, a 692 quilômetros de Cuiabá (MT), matando as 154 pessoas a bordo. O voo 1907 havia saído de Manaus, faria escala em Brasília e seguiria para o Rio. O Legacy, que viajava para os Estados Unidos quando bateu, conseguiu pousar na Serra do Cachimbo, no Pará. As sete pessoas a bordo saíram ilesas.
Foto: Força Aérea Brasileira/Divulgação
Acidentes mortais da Latam
Em 17 de julho de 2007, um Airbus A320 da Latam (antiga TAM) que vinha de Porto Alegre não conseguiu parar na pista de Congonhas, atravessou uma avenida e colidiu com um prédio da TAM Express, causando 199 mortes (187 a bordo e 12 em solo). Onze anos antes, um Foker 100 que seguia para o Rio havia caído 24 segundos depois de decolar de Congonhas, matando as 96 pessoas a bordo e três em solo.
Foto: AP
Brasileiros na tragédia da Air France
Em 31 de maio de 2009, um Airbus 330-203 da Air France que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no Atlântico, matando as 228 pessoas a bordo, sendo 59 brasileiros. Partes da fuselagem e corpos foram encontrados quase dois anos depois. A investigação concluiu que a causa foi uma combinação de erros dos pilotos com problemas ocorridos por congelamento nos sensores de velocidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Míssil russo derruba Boeing na Ucrânia
Um míssil russo abateu o voo MH17 da Malaysia Airlines, causando a queda do Boeing 777 que sobrevoava a Ucrânia, em 17 de julho de 2014. As 298 pessoas a bordo morreram, a maioria holandesas – o voo havia partido de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur. Os investigadores concluíram que o míssil Bouk-Telar foi disparado de uma brigada antiaérea em Kursk, na Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia.
Foto: imago/Itar-Tass
Acidente causado por piloto da Germanwings
Uma tragédia em 24 de março de 2015 chocou a Alemanha. Um Airbus A320 da Germanwings que fazia a rota Barcelona-Düsseldorf caiu nos Alpes Franceses, matando os 144 passageiros e seis tripulantes. O desastre foi causado intencionalmente pelo copiloto, Andreas Lubitz, que omitiu da companhia tendências suicidas. Andreas trancou o piloto fora da cabine e chocou a aeronave contra as montanhas.
O presidente da Polônia Lech Kaczynski morreu em 10 de abril de 2010, quando o Tupolev 1954 em que ele estava caiu perto do aeroporto de Smolensk, na Rússia, matando também outras 96 pessoas, entre elas autoridades do primeiro escalão do governo. A comitiva polonesa viajava para a Rússia para participar de uma cerimônia em memória ao massacre de prisioneiros poloneses na Segunda Guerra Mundial.
Foto: AP
Tragédia da Chapecoense
Em 28 de novembro de 2016, o avião da LaMia que levava o time da Chapecoense, dirigentes e jornalistas caiu quando voava de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para Medellín, na Colômbia, matando 71 das 77 pessoas a bordo. A equipe disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o colombiano Atlético Nacional. A investigação revelou uma série de erros, como falta de combustível.