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Mortos em Gaza passam de 700 em meio a rumores de trégua humanitária

24 de julho de 2014

Israel e Hamas falam em cessar-fogo de cinco dias, segundo a mídia. ONU anuncia criação de comissão para investigar possíveis crimes de guerra por parte de Israel, que promete continuar caça a túneis.

Foto: Reuters

Pelo menos 23 palestinos morreram na madrugada desta quinta-feira (24/07), no 17° dia de ofensiva israelense na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério de Saúde palestino, 718 pessoas morreram nos ataques de Israel, e 4.553 ficaram feridas. Do outro lado, as vítimas fatais incluem 32 soldados e três civis. Em meio ao conflito, surgiram rumores de uma possível trégua humanitária de cinco dias.

Citando uma fonte do Hamas, o jornal Asharq Al-Awsat, de Londres, citou uma fonte do Hamas, que teria dito que o movimento islâmico no controle de Gaza estaria inclinado a aceitar a proposta de uma trégua humanitária de cinco dias feita pela Autoridade Palestina. O período seria utilizado para negociar um cessar-fogo definitivo. “Agora a bola está com Israel”, disse o membro do grupo, de acordo com o jornal árabe internacional.

Uma rádio israelense também afirmou ter sido informada por diversos membros do gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que o país também estaria disposto a aceitar uma trégua. Eles teriam dito, no entanto, que ainda deveria levar de 48 a 72 horas para o acordo tomar formas.

Enquanto isso, Israel continua sua ofensiva terrestre, tendo como principal alvo os túneis cavados pelos militantes do Hamas para cruzar a fronteira até o Estado judeu. Segundo o Exército israelense, até o momento já foram encontrados 31 túneis de Gaza até o sul do país e nove deles foram destruídos. Um membro do gabinete de ministros de Israel disse nesta quinta-feira que o Exército continuaria a caça aos túneis durante uma possível trégua humanitária.

O Hamas tem resistido à ideia de um cessar-fogo antes de alcançar suas reivindicações. Khaled Mashaal, líder do grupo com base em Qatar, disse nesta quarta-feira que o Hamas “não irá aceitar nenhuma proposta de cessar-fogo que não envolva a suspensão do cerco ao nosso povo” em Gaza. “Nós somos a presa, não o predador”, disse Mashaal, acrescentando que o movimento não se deixará enganar por um cessar-fogo disfarçado de trégua humanitária – a qual, porém, ele não descartou.

Mashaal também comemorou a decisão da Europa e dos Estados Unidos de suspender nesta quarta-feira os voos com destino ou origem de Israel, depois que um míssil palestino atingir uma casa a poucos quilômetros do aeroporto internacional Ben Gurion, nos arredores de Tel Aviv.

“Nós somos a presa, não o predador”, disse Mashaal, líder do HamasFoto: Gianluigi Guercia/AFP/Getty Images

Entretanto, a Associação Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos voltou atrás na noite desta quarta-feira, removendo o cancelamento aos voos para e a partir de Israel. A agência disse que continuará monitorando de perto a situação ao redor do aeroporto e tomará medidas adicionais, se necessário. Israel aprovou a decisão e disse estar em negociações com as autoridades europeias para que façam o mesmo.

Crimes de guerra

Durante um encontro de emergência em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU (HRC, na sigla em inglês) anunciou nesta quarta-feira que será criada uma comissão para investigar supostos abusos cometidos por Israel.

Os ataques israelenses abriram “uma forte possibilidade de que a legislação humanitária internacional tenha sido violada, de uma maneira que poderia ser caracterizada como crimes de guerra”, avaliou Navi Pillay, alta comissária de direitos humanos da ONU. “Uma série de incidentes, combinados com o elevado número de mortes de civis, contradiz as alegações de que todas as precauções necessárias estão sendo tomadas para proteger a vida de civis."

Netanyahu reagiu com ferocidade às declarações de Pillay. “O HRC deveria lançar uma investigação sobre a decisão do [grupo radical islâmico] Hamas de transformar hospitais em centros de comando militar, usar escolar como depósito de armas e colocar lançadores de mísseis perto de playgrounds, residências e mesquitas”, criticou o premiê num comunicado.

Ao mesmo tempo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou “indignação e pesar” diante da descoberta, pela segunda vez durante o conflito, de foguetes dentro de uma escola para refugiados mantida pela ONU. De acordo com Ban, armazenar projéteis dentro de escolas transforma os locais em “potenciais alvos militares, colocando em risco a vida de crianças inocentes”, funcionários da ONU e dezenas de milhares e palestinos que buscam refúgio em tais instituições. Ele pediu que o caso fosse investigado.

O impacto em Gaza vai além do elevado número de mortes. Segundo fontes palestinas, pelo menos 475 casas foram totalmente destruídas pelos ataques israelenses, e outras 2.644 foram parcialmente danificadas. Sete hospitais, 46 escolas e 56 mesquitas também sofreram diversos níveis de destruição.

Para Pillay, alta comissária de direitos humanos da ONU, existe a possibilidade de a legislação humanitária internacional ter sido violada por IsraelFoto: Reuters

A escalada da violência na região começou em junho, com a morte de três jovens israelenses. Na sequência, o sequestro e assassinato de um adolescente palestino foram apontados como um ato de vingança, desencadeando uma série de acusações e trocas de mísseis, culminando com o lançamento da ofensiva israelense no dia 8 de julho.

IP/dpa/rtr

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