Moscou determina saída de centenas de alemães da Rússia
27 de maio de 2023Centenas de funcionários alemães que trabalham na Rússia deverão deixar o país até o início de junho, por determinação de Moscou.
A medida afetará o pessoal diplomático e, especialmente, professores e empregados de instituições de cultura e ensino, como o Goethe-Institut e a Escola Alemã em Moscou.
A informação foi publicada inicialmente publicada pelo jornal alemão Sueddeutsche Zeitung e confirmada neste sábado (27/07) por uma fonte do governo alemão à agência de notícias AFP.
Essa fonte descreveu a decisão como uma "declaração diplomática de guerra de Moscou" que resultará em "grande redução em todas as áreas da nossa presença na Rússia".
"Essa é uma decisão unilateral, injustificada e incompreensível", disse o Ministério do Exterior da Alemanha em um comunicado.
Em abril, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia estabeleceu um limite máximo para o número de diplomatas e representantes de organizações públicas alemãs autorizados a permanecer na Rússia, informou o Ministério do Exterior da Alemanha.
"Esse limite estabelecido pela Rússia a partir do início de junho implica em grandes cortes em todas as áreas da presença [da Alemanha] na Rússia", disse a fonte.
A pasta não forneceu um número de pessoas afetadas, mas a fonte do governo disse que a informação publicada pelo Sueddeutsche Zeitung de que centenas de pessoas seriam afetadas estava "correta".
As autoridades alemãs tentaram nas últimas semanas fazer com que o governo russo reconsiderasse sua decisão, mas não tiveram sucesso, disse o jornal.
Como resultado, autoridades alemãs e funcionários diplomáticos e consulares, mas especialmente aqueles que trabalham com cultura e educação, terão que fazer as malas nos próximos dias.
Afastamento
Até Moscou invadir a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Alemanha era um importante parceiro econômico da Rússia um grande importador de petróleo e gás russo.
Como decorrência do conflito, Berlim afastou-se de Moscou, apoiou as sanções contra o Kremlin e vem enviando apoio militar e financeiro a Kiev.
Nesse período, a espionagem russa na Alemanha cresceu a um ritmo sem precedente nos últimos anos, segundo os serviços de segurança alemães.
Em meados de abril, a Alemanha expulsou vários diplomatas russos "para reduzir a presença dos serviços de inteligência". Em reação, Moscou expulsou cerca de 20 funcionários da embaixada alemã.
Dois meses após o início da guerra, a Alemanha já havia expulsado cerca de 40 diplomatas russos que Berlim acreditava serem membros dos serviços de inteligência da Rússia e representarem uma ameaça à sua segurança.
Em outubro passado, o chefe da agência de segurança cibernética da Alemanha, Arne Schoenbohm, foi demitido depois que reportagens revelaram supostos laços dele com uma companhia ligada ao serviço secreto russo. Um mês depois, um oficial da reserva alemã recebeu uma sentença de prisão por espionar para a Rússia.
bl (AFP, AP)