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Mosquitos com bactéria para combater a dengue

Priscila Jordão
30 de agosto de 2017

Fiocruz inicia liberação de milhões de Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia no Rio de Janeiro. Objetivo é reduzir proliferação e eficácia da picada do mosquito, que também transmite zika e chikungunya.

Moskitos Aedes aegypti
Primeiros resultados importantes do projeto devem começar a aparecer a partir de 2020 a 2021Foto: Reuters/P. Whitaker

Pesquisadores iniciaram nesta terça-feira (29/08) uma nova fase de combate a dengue, zika e chikungunya no Rio de Janeiro, com o início da liberação de milhões de mosquitos Aedes aegypti e infectados com a bactéria Wolbachia.

A ação dura até o fim de 2018 e prevê a liberação dos mosquitos em áreas que abrigam 2,5 milhões de habitantes, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Leia mais: Entenda a diferença entre vírus e bactérias

A meta dos pesquisadores é promover uma substituição gradual da população dos mosquitos por espécimes portadores da Wolbachia, que reduz a proliferação e a eficácia da picada do mosquito.

A fêmea transmite a bactéria aos filhotes, perpetuando a Wolbachia nas próximas gerações. O cruzamento natural garante a perpetuação dos mosquitos com a bactéria e não exige novas liberações depois que a população de mosquitos com a Wolbachia se estabelece.

A Fiocruz, apoiada pelo Ministério da Saúde no projeto, tem no momento capacidade para produzir 600 mil ovos do mosquito com a bactéria por semana. O número deve ser expandido inicialmente para 1,6 milhão e depois para 3 milhões de ovos semanais.

Impactos no longo prazo

Os impactos no Brasil virão com o tempo, segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. "O trabalho será acompanhado por profissionais, pesquisadores e epidemiologistas, e a nossa expectativa é que resultados importantes comecem a aparecer a partir de 2020 a 2021."

O pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, líder do programa, estima que dentro de três a cinco anos seja possível avaliar realmente a dimensão e o impacto que a ação iniciada nesta semana trará para a população e até que ponto houve benefícios.

O programa, intitulado "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil", teve início em 2014 na região metropolitana do Rio de Janeiro e agora deve ser expandido em larga escala para outras áreas da cidade.

As primeiras liberações de mosquitos nesta nova fase irão beneficiar dez bairros da Ilha do Governador. Depois, toda a ilha será coberta, e o projeto se expandirá para as zonas Sul e Norte do Rio de Janeiro.

O programa no Brasil é parte do projeto mundial "Eliminate Dengue: Our Challenge", com sede na Universidade Monash, na Austrália. Além de Brasil e Austrália, também participam do projeto Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, Fiji, Vanuatu e Kiribati.

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