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Mostra na Saxônia-Anhalt celebra imperador Oto, o Grande

13 de setembro de 2012

A época dos imperadores e reis medievais estaria perdida nas névoas do esquecimento, se não fossem os museus a trazê-la repetidamente à vida. Exposição em Magdeburg ilumina vida e obras de Oto 1º em 350 objetos.

Foto: picture-alliance/dpa

Oto, o Grande (912-973) nunca estivera em Roma até aquele dia de inverno. E mesmo assim o rei da Frância Oriental quase não teve tempo de admirar detalhadamente a cidade, pois tinha mais o que fazer. Em apenas dois dias, o homem das longínquas terras germânicas conseguiu preencher todos os pré-requisitos para que o papa João 12 o coroasse imperador na Basílica de São Pedro.

O 2 de fevereiro de 962 é um desses poucos dias que, de fato, mudaram decisivamente a história: foi quando Oto, o Grande conseguiu renovar a instituição imperial no Ocidente, a qual permaneceria ligada à coroa alemã por muitos séculos futuros.

Falta de respeito e rebeldia

A trajetória de Oto 1º – mais tarde consagrado como "Oto, o Grande" pelo historiador medieval Otto von Freising – não foi, de forma alguma, bem-sucedida desde o início. Assim que foi eleito rei, aos 23 anos, em Aachen, começaram as diversas crises que marcariam seu governo. O jovem governante entrou em choque com quase todos os seus parentes, especialmente com o irmão Henrique, que não queria enterrar suas ambições ao trono, e posteriormente chegou a se envolver numa conspiração contra Oto.

Assim, o rei bateu de frente com os grandes do reino, pois, para assegurar o poder, ele, por exemplo, interferia na escolha de quem ocuparia as posições mais influentes. As poucas fontes de informação da época levam a crer que o governante não tinha muito tato e, acima de tudo, não respeitava suficientemente a honra e posição dos outros nobres.

Aos conflitos internos, logo se acrescentou a ameaça externa de um ataque dos húngaros contra o reino. Porém quando Oto, à frente de um exército formado com tropas de todas as partes do reino, venceu seus adversários no dia 10 de agosto de 955, na lendária batalha de Lechfeld, ele passou a monarca absoluto e adorado salvador da pátria, quase 20 anos após assumir o poder. E agora a família do patriarca podia exercer plenamente e assegurar a longo prazo seu poder, agora sedimentado pelo prestígio imperial.

Livro de orações do século 9º na mostra da Saxônia-AnhaltFoto: Bayerische Verwaltung der staatlichen Schlösser, Gärten und Seen München, Schatzkammer der Residenz

Magdeburg e o imperador

Oto 1º e seus descendentes devem sua atual notoriedade entre o público interessado sobretudo ao Museu de História da Cultura de Magdeburg. Depois da reunificação da Alemanha, a herança desse período histórico foi redescoberta, e a cidade amada e apoiada por Oto se transformou num foco de atenção.

Na catedral da Magdeburg, Oto, o Grande está enterrado, e o Museu de História da Cultura já abrigou uma série de exposições abrangentes e bem-sucedidas, como Oto, o Grande, Magdeburg e a Europa (2001) e O Sacro Império Romano da Nação Alemã, 962-1806 (2006).

Agora, por ocasião dos 1.100 anos do nascimento de Oto, encerra-se a trilogia de mostras, com Oto, o Grande e o Império Romano. Aos organizadores da exposição não mais se ocupam apenas das consequências do governo de Oto sobre a subsequente história alemã, mas sim com a história da história, por assim dizer: eles se perguntam por que e através de que meios Oto, o Grande se inseriu, ao ser coroado imperador no ano de 962, numa tradição quase milenar, iniciada com o imperador romano Augusto. Portanto: como evoluiu o antigo império original até a época otoniana?

Selo imperial de Oto, o GrandeFoto: Landeshauptarchiv Sachsen-Anhalt/Hans-Wulf-Kunze

Objetos de toda a Europa

O Museu de Magdeburgo responde a essa questão com uma exposição espetacular, narrada com inteligência e excelentemente encenada: ela mostra como Otaviano, filho adotivo de César, foi pela primeira vez declarado "Augustus" (ou seja, "ilustre", "sublime"); como no século 4º surgiu em Constantinopla um novo centro de poder imperial; que frutos produziria o Reino de Bizâncio, até que, no ano 800, Carlos, o Grande anexasse o Império Romano; e por fim, como Oto, o Grande renovou e sedimentou a Idade Média alemã.

Essa história é contada através de aproximadamente 350 peças, coletadas em toda a Europa pelos organizadores dla exposição em Magdeburg: o diretor do museu, Matthias Puhle, e a coordenadora de projetos, Gabriele Köster. Na mostra estão expostas peças extraordinárias, que até então nunca haviam sido vistas na Europa: tesouros sensacionais da Roma Antiga e de Bizâncio, além de documentos da cultura carolíngia e otoniana.

É difícil destacar algum objeto, em meio a tal diversidade de peças extraordinárias. Assim, mencione-se apenas aquela que fecha a exposição: a bola de ouro que, na Idade Média, encimava o Obelisco Vaticano em Roma. Em seu interior, muitos – inclusive o próprio Oto, o Grande, durante sua permanência na cidade – supunham encontrarem-se as cinzas do imperador Júlio César. Quando as bolas foram abertas, no século 16, ficou claro que a crença não passava de uma lenda preservada ao longo dos séculos...

Cabeça de cavalo de bronze, da primeira metade do século 1ºFoto: Römisches Museum Augsburg

"Oto, o Grande e o Império Romano. Imperadores da Antiguidade à Idade Média" é uma exposição organizada pelo estado de Saxônia-Anhalt por ocasião dos 1.100 anos de Oto, o Grande, no Museu de História da Cultura de Magdeburg. A mostra fica aberta até 9 de dezembro de 2012.

Autor: Tillmann Bendikowski (sv)
Revisão: Augusto Valente

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