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Mostra resgata cultos astecas

Simone de Mello8 de junho de 2003

Uma abrangente exposição sobre a cultura asteca, organizada pela Royal Academy of Arts, de Londres, faz estação em Berlim. Preciosidades de acervos mexicanos podem ser vistas pela primeira vez na Europa.

Máscara asteca

Uma ânfora de argila mostra o rosto do deus da chuva Tlaloc, remetendo aos rituais de prosperidade de uma sociedade agrícola; figuras votivas resgatam o vulto de guerreiros sacrificados, sinalizando o caráter bélico desta cultura; máscaras de olhos amendoados deixam entrever rituais de iniciação de uma civilização que não dissociava morte e vida. Com cerca de 450 peças, das quais a maioria provém do Museu Nacional de Antropologia e do Museu do Templo Maior da Cidade do México, a exposição “Astecas” introduz o visitante nos labirintos de uma arte que une a simplicidade arcaica à elaboração de uma alta cultura.

Do nomadismo à Conquista

A história dos astecas, que se autodenominavam Mexica, teve início no século XI d.C., de acordo com registros próprios, na localidade mítica de Aztlan. O povo nômade, que vivia de caça e coleta, emigrou para o sul, chegando em meados do século XIII ao planalto do México. Inicialmente apenas uma tribo entre tantas outras rivais, eles acabaram se estabelecendo nas ilhas pantanosas do Tezcoco, após receberem o tão esperado sinal divino: a águia sobre o cacto, com uma cobra no bico. Foi ali que eles fundaram sua cidade Tenochtitlán, em 1325.

Através de alianças militares, o povo asteca conseguiu de expandir do Atlântico ao Pacífico, enriquecendo com a cobrança de impostos e o controle de recursos naturais e mão-de-obra. Quando os espanhóis atracaram no litoral do Golfo, em 1519, Tenochtitlán era uma das maiores cidades do mundo, com 200 mil habitantes. Dois anos depois, a metrópole foi inteiramente dominada e destruída pelos conquistadores, cedendo espaço para o povoado que viria a se tornar a cidade do México.

Civilização e barbárie

Em 1978, funcionários da companhia de eletricidade responsável por obras de rotina no centro colonial da Cidade do México se depararam com uma gigantesca escultura redonda de pedra, o relevo de uma deusa. A descoberta levou à localização do Templo Maior, o sacrário de deuses, sacerdotes e guerreiros reconstituído e reencenado pela atual mostra.

O que impressionou os conquistadores espanhóis em seu primeiro contato com a civilização asteca continua exercendo fascínio até hoje: a coexistência de um alto grau de desenvolvimento técnico e rituais arcaicos de sacrifício humano. Entre os astecas, a oferenda ideal aos deuses era o coração de guerreiros aprisionados. Só assim se garantia a continuidade do mundo, de acordo com a crença. Algumas das peças mais impressionantes da exposição são os vasos onde se guardava o sangue ou a pele das pessoas sacrificadas ou as imensas esculturas de terracota representando as divindades do panteão asteca.

A contribuição de Alexander von Humboldt

A mostra, com quase cem peças provindas de museus alemães, também inclui objetos da coleção de Alexander von Humboldt. As pesquisas do estudioso alemão, realizadas entre 1803-04, são consideradas “a descoberta científica do México”. Sua coleção de objetos astecas – com trabalhos de pena, objetos de pedra e cópias manuscritas de símbolos visuais – reúne algumas das peças mais valiosas das culturas pré-colombianas. Seu acervo, ampliado por pesquisadores e viajantes do século XIX, é um dos mais significativos fora do México.

A exposição permanece até o dia 10 de agosto no Martin Gropius Bau, em Berlim, sendo transferida para Bonn de 26 de setembro a 11 de janeiro de 2004.

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