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Mozart: um gênio de assoviar

Volker Hollmichel (ca)10 de janeiro de 2006

Em entrevista à DW-WORLD, o professor Günther Bauer, especialista em Mozart, fala da fascinação que o gênio musical, 250 anos após seu nascimento, não pára de provocar.

Mozart, aos sete anos, em um concerto em SalzburgoFoto: dpa - Bildarchiv

DW-WORLD: Professor Bauer, aceitando-se que Mozart escreveu música para pessoas de sua época, podemos então nos perguntar sobre os motivos da atualidade de seu trabalho. O senhor sabe, por acaso, por que gostamos tanto de escutar e de tocar a música de Mozart?

Bauer: Esta é uma pergunta fundamental – e a resposta é simplesmente porque esta música é incrivelmente boa.

Qual a diferença entre a imagem que temos de Mozart hoje e a que se tinha antigamente, o que influencia a nossa recepção da imagem de Mozart?

A nossa imagem de Mozart é influenciada principalmente pela enorme disponibilidade de informação através da mídia. Ou seja, atualmente podemos dispor, a qualquer hora, da completa obra de Mozart nos menores formatos, como por exemplo em CD ou em forma de imagem. Como conseqüência, vemos a imensa difusão de sua obra por todo o mundo.

Que razão faz com que esta veneração e glorificação aconteça justamente com Mozart?

Novamente pela qualidade única de sua música. É fácil de constatar.

Mas não se pode descrever estas qualidades? O mistério em torno da genialidade de Mozart não pode ser revelado?

Ele consegue nos transmitir tanto melodias populares simples, ou seja, uma música que um leigo consiga cantarolar ou assoviar e, ao mesmo tempo, sua música apresenta um entrelaçamento muito complexo e muito difícil para notação e execução musicais – sua música apresenta ambas características: tanto para o exigente amante da música clássica quanto para o homem simples da rua, que assovia o Fígaro.

Fale-se freqüentemente que o gênio Mozart caiu pronto do céu. É possível reconhecer uma linha de desenvolvimento no seu trabalho?

Linhas de desenvolvimento propriamente ditas não existem na obra de Mozart. Já a primeira composição do catálogo Köchel, que classificou cronologicamente sua obra, apresenta em seu cerne um Mozart perfeito. Neste sentido, ele não se desenvolveu, sendo então um gênio.

Na sua opinião, há a possibilidade de que surja um "novo Mozart" atualmente?

Isto não posso responder. Porém, a minha resposta pessoal é "não".

Por que, apesar das tentativas de pais maníacos, não se consegue produzir personagens como Mozart nos dias de hoje?

Primeiro de tudo, pais maníacos não nos servem para nada. Os antecedentes culturais não são os mesmos que nos tempos de Mozart. Um gênio sempre vai aparecer, mas um da dimensão de Mozart precisa de alguns séculos até que surja novamente.

O professor Günther Bauer (nascido em 1928) foi durante muitos anos reitor da Universidade Mozarteum de Salzburgo, um das principais instituições para a pesquisa de Mozart no mundo. Em seu novo livro "Mozart – Sorte, Jogo e Paixão" (Editora K. H. Bock, Bad Honnef, 2005), o professor se ocupa da paixão de Mozart pelo jogo.

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