MPF pede condenação de Bolsonaro por funcionária fantasma
22 de março de 2022
Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí, esteve alocada no gabinete de Bolsonaro, então deputado federal, de 2003 a 2018, mas nunca compareceu para cumprir expediente.
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O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça uma ação de improbidade administrativa acusando o presidente Jair Bolsonaro de ter mantido uma funcionária fantasma em seu gabinete na Câmara, de 2003 a 2018, quando era deputado federal.
A funcionária em questão, Walderice Santos da Conceição, ficou conhecida como Wal do Açaí, quando a história veio à tona em 2018. A imprensa revelou que, durante seu horário de expediente na Câmara, Walderice trabalhava em um comércio de açaí na mesma rua onde fica a casa de veraneio de Bolsonaro, em Angra dos Reis.
O Ministério Público pede a condenação dos dois por improbidade e solicita o ressarcimento dos recursos públicos que teriam sido desviados durante o período.
Nesta segunda-feira (21/03), a 6ª Vara Federal do Distrito Federal determinou que Bolsonaro e Walderice sejam intimados a apresentarem contestação no prazo de 30 dias.
Funcionária fantasma
Segundo a ação, embora lotada no gabinete de Bolsonaro por mais de 15 anos, Wal do Açaí nunca viajou a Brasília ou exerceu qualquer função relacionada ao cargo.
Por outro lado, neste período, Wal e marido dela, Edenilson Nogueira Garcia, prestaram serviços particulares na casa de Bolsonaro, sobretudo no cuidado com cachorros. De acordo com vizinhos, Edenilson seria o caseiro da residência do presidente.
Em 2018, quando a história veio a público, Bolsonaro negou que Wal fosse funcionária fantasma e disse que a mulher estava vendendo açaí por estar de férias do gabinete. No entanto, tempos depois, Wal foi novamente flagrada pelo jornal Folha de S. Paulo vendendo açaí no mesmo horário em que deveria estar prestando expediente na Câmara. A demissão de Wal foi confirmada em agosto de 2018, quando Bolsonaro já era candidato à Presidência.
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Movimentações suspeitas
Além dos flagrantes da imprensa, para o MP, movimentações de dinheiro vivo atípicas também são um indicativo da fraude. Uma análise do MP mostrou que, em média, 83,77% da remuneração recebida nesse período foi sacada em dinheiro vivo. Em alguns anos, esse percentual superou os 95%.
Essas movimentações, com grandes somas em dinheiro sacadas em espécie, se assemelham ao padrão de outros funcionários de gabinetes de familiares do presidente investigados pelo esquema de "rachadinha", quando a maior parte do salário do empregado laranja é sacada e devolvida ao empregador.
O MPF alega que Bolsonaro atestou falsamente o comparecimento de Waldenice ao gabinete, mesmo sabendo que ela não prestava os serviços correspondentes ao cargo. Ela deveria cumprir jornada de 40 horas semanais de trabalho.
le (ots)
Ataques de Bolsonaro contra a imprensa
"Encher tua boca de porrada", "você tem cara de homossexual", "imprensa lixo". Guerra do ex-presidente contra a mídia inclui ameaças, grosserias e xingamentos a comentários de cunho sexual contra profissionais da área.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
"Encher sua boca de porrada"
Ao ser questionado por um repórter sobre depósitos de Fabrício Queiroz e sua mulher que teriam sido feitos na conta da primeira-dama, Bolsonaro respondeu: "Vontade de encher tua boca com porrada, tá? Seu safado". A ameaça gerou uma série de críticas e notas de repúdio.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Jornalista "bundão", "só usam caneta para maldade"
Um dia depois, ele voltou à carga contra a imprensa. “Aquela história de atleta, né, que o pessoal da imprensa vai pôr deboche, mas quando pega um bundão de vocês, a chance de sobreviver é bem menor. Só sabem fazer maldade, usar a caneta com maldade”, disse em evento no Palácio do Planalto. Bolsonaro disse que jornalista ‘bundão’ tem menos chance de sobreviver ao coronavírus do que ele próprio.
Foto: AFP/E. SA
"Grande mídia publica patifaria"
“É uma manchete canalha e mentirosa, e vocês da mídia, tenham vergonha cara. A grande parte publica patifaria”, acusou, comentando matéria da Folha de S. Paulo que noticiava a troca da superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro e suposta interferência de Bolsonaro no comando da Polícia Federal.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Lopes
"Vocês inventam tudo"
Em abril de 2021, Bolsonaro se negou a falar com a imprensa na saída do Palácio da Alvorada e atacou os jornalistas presentes: “Eu não vou falar com a imprensa, porque eu não preciso falar. Vocês não distorcem mais, inventam. O que eu li hoje…Inventam tudo. Então, podem continuar inventando aí”, disse o presidente.
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Você tem cara de homossexual"
"Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual", disse o ex-mandatário em dezembro de 2020, ao ser questionado sobre possível envolvimento de seu filho Flávio em suposto esquema de rachadinha quando era deputado no Rio de Janeiro.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
"Pergunta para a tua mãe"
Na mesma ocasião, ao ser indagado sobre se teria comprovante do empréstimo de R$ 40 mil que diz ter feito a Fabrício Queiroz para justificar depósitos do então assessor de Flávio na conta da primeira-dama, retrucou: 'Pergunta para tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai'.
Foto: Reuters/A. Machado
"Imprensa lixo chamada Globo"
“Essa imprensa lixo chamada Globo. Ou melhor, lixo dá para ser reciclado. Globo nem lixo é, porque não pode ser reciclada”, disse o então presidente depois da repercussão de sua fala “E daí?”, dita quando o Brasil superou a China no número de mortes pela covid-19.
Foto: Getty Images/AFP/E. SA
"Perguntando besteira"
"Vocês da Folha têm que entrar de novo numa faculdade que presta e fazer um bom jornalismo. E não contratar qualquer uma ou qualquer um pra ser jornalista. Pra ficar semeando discórdia e perguntando besteira", afirmou o ex-presidente, ao ser questionado por uma jornalista da Folha de S. Paulo sobre o contingenciamento nos orçamentos das universidades federais.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Frazão
"Ela queria dar um furo"
“Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, ironizou o ex-presidente sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. O comentário de cunho sexual se referia à acusação, realizada sem provas, de um ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa de que a jornalista teria tentado "se insinuar" sexualmente para ele em busca de informações.
Foto: Imago Images/Fotoarena/R. Pereira
"Canalhice da Globo"
“Isso é uma patifaria, TV Globo! É uma canalhice o que vocês fazem, TV Globo. Uma canalhice, fazer uma matéria dessas em um horário nobre, colocando sob suspeição que eu poderia ter participado da execução da Marielle Franco”, acusou, em outubro de 2019, após o Jornal Nacional noticiar que o porteiro de seu condomínio dissera que Bolsonaro autorizara a entrada suposto envolvido no crime.