MSF rejeita fundos da UE por falhas na política migratória
17 de junho de 2016
Organização Médicos Sem Fronteiras diz que não vai mais receber fundos do bloco europeu em protesto a medidas como o acordo de refugiados UE-Turquia.
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A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou nesta sexta-feira (17/06) que irá recusar fundos da União Europeia (UE) em protesto contra as políticas adotadas pelo bloco em relação à crise migratória.
Segundo a MSF, essa é uma resposta às "vergonhosas políticas de dissuasão e a intensificação dos esforços para repelir as pessoas e seu sofrimento para trás das margens europeias", diz um comunicado.
"Essa decisão tem efeito imediato e será aplicada a todos os projetos dos Médicos Sem Fronteiras em todo o mundo", disse Jérôme Oberreit, secretário-geral da organização.
Para a MSF, o acordo de refugiados entre a UE e a Turquia, firmado em março, resultou no bloqueio de 8 mil requerentes de asilo, incluindo centenas de menores, nas ilhas gregas.
Eles estão "vivendo em condições terríveis, em campos sobrelotados", denuncia a Ong. Segundo as negociações, a UE promete receber um refugiado sírio que esteja em acampamentos na Turquia, em troca de o país reassentar um refugiado que tenha chegado à Grécia.
Oberreit diz que o acordo coloca a proteção que deve ser oferecida aos refugiados "em risco".
Mais de 90% das atividades da MSF são financiadas por meio de doações privadas. Devido à crise migratória, a Ong recebeu em 2015 56 milhões de euros de instituições europeias e dos 28 países-membros do bloco.
"Estamos procurando por outros canais de financiamento", afirmou a especialista em migrações da MSF, Aurelie Ponthieu. "Não vamos cortar programas já existentes."
KG/lusa/afp
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.