Mudança climática aumenta mortes na Europa, diz estudo
23 de maio de 2024
Relatório alerta que as temperaturas no continente sobem duas vezes mais rápido do que a média global, contribuindo para elevar o número de óbitos devido a ondas de calor.
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"A mudança climática não é um cenário futuro distante e teórico. Ela está aqui. E está matando", diz o recém-publicado relatório Lancet Countdown Europe Report. Este é o segundo levantamento da série "Lancet Countdown" que trata das consequências das mudanças climáticas para a saúde, especificamente para as pessoas na Europa. O texto foi escrito por cerca de 70 pesquisadores de vários países e disciplinas. A Universidade de Heidelberg, na Alemanha, desempenhou um papel fundamental no projeto.
O estudo alerta que as temperaturas na Europa estão subindo duas vezes mais rápido do que a média global. Nos últimos dez anos, houve 45% mais dias quentes do que na década anterior. E isso contribui para o aumento de mortes devido a ondas de calor no continente. Em média, elas subiram em 17,2 mortes por 100 mil habitantes entre os anos de 2013 e 2022, em comparação ao período entre os anos de 2003 a 2012. Só no verão europeu de 2022, estima-se que 60 mil pessoas tenham morrido devido às altas temperaturas.
Grandes cidades
A Europa Ocidental é a região de maior risco, segundo o relatório. Isso se deve ao fato de que um número particularmente grande de pessoas vulneráveis vive nessa área: idosos, doentes, além de residentes de grandes cidades, as quais se aquecem rapidamente nos meses mais quentes.
"E há diferenças geográficas. A Alemanha, por exemplo, tem uma taxa de mortalidade excessiva bastante alta em decorrência de ondas de calor, especialmente entre as mulheres", acrescenta o epidemiologista, matemático e estatístico Joacim Rocklöv, um dos autores do levantamento.
O estudo também identifica injustiças sociais: por exemplo, as minorias étnicas ou as pessoas de baixa renda geralmente sofrem mais com os efeitos das mudanças climáticas.
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Patógenos se disseminam mais rápido
O relatório também identifica as doenças infecciosas emergentes como um grande risco à saúde. Isso ocorre porque alguns patógenos e seus vetores podem se espalhar mais para o norte europeu devido ao clima mais quente, especialmente no inverno.
O mosquito-tigre-asiático, por exemplo, já está se espalhando ao longo do rio Reno. Mais e mais distritos na Alemanha estão sendo declarados áreas de risco de encefalite transmitida por carrapato.
E o vírus do Nilo Ocidental, causador da febre do Nilo Ocidental, também está se tornando um perigo. No sul da Europa sobretudo, também aumenta o risco de doenças transmitidas por mosquitos, incluindo chicungunha e dengue.
De acordo com o relatório, os sistemas de saúde de quase todos os países europeus não estão bem equipados para lidar com os efeitos do aquecimento global. Muitos países carecem de planos de proteção contra o calor ou para emergências, assim como sistemas de alerta precoce para desastres climáticos. Também as adaptações no desenvolvimento urbano, por exemplo, são inadequadas em todo o continente, de acordo com o estudo.
md/le (ots)
A maior enchente da história do Rio Grande do Sul
Fortes chuvas causam inundações em 80% do estado e deixam 90 mortos.
Foto: SILVIO AVILA/AFP/Getty Images
Tragédia sem igual no Rio Grande do Sul
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram inundações em 397 dos 497 municípios do estado e dezenas de mortes. No dia 7 de maio, o total confirmado era de 90 mortes, e havia 131 pessoas desaparecidas. Na foto, a cidade de Encantado, às margens do rio Taquari.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Perdas totais para muitas pessoas
Muitas famílias perderam tudo o que tinham e tiveram que deixar suas residências, como estas pessoas em Encantado. São mais de 150 mil desalojados em casas de parentes e amigos e outras mais de 56 mil em abrigos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Resgates em todo o estado
Muitos voluntários estão participando de resgates, como em Canoas. Na cidade da região metropolitana de Porto Alegre, também fortemente atingida pelas cheias, o prefeito disse que podem se passar até dois meses para que a água baixe.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Os pets não ficam para trás
Além de esforços para salvar pessoas, voluntários também se unem para resgatar animais de estimação que ficaram em áreas alagadas. Muitos estão agora em abrigos, aguardando serem identificados pelos tutores.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Porto Alegre sem acesso por ônibus e avião
Porto Alegre, que fica às margens do lago Guaíba, foi duramente atingida. Toda a região do centro histórico e as proximidades, a exemplo da estação rodoviária, foram inundadas. Como o aeroporto também ficou debaixo d'água, a capital gaúcha ficou sem acesso por ônibus ou avião.
Foto: DUDA FORTES/AGENCIA RBS/AFP/Getty Images
Centro de Porto Alegre inundado
O nível do Guaíba chegou a 5,33 metros, superando a marca histórica da cheia de 1941, de 4,76 metros. Muitos moradores do centro de Porto Alegre e bairros vizinhos, como Cidade Baixa e Menino Deus, ficaram isolados em seus apartamentos. Faltam luz e água potável. Botes e barcos são os melhores meios para deixar o local. Em alguns prédios, a água está quase no segundo andar.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Caminhar em ruas alagadas é arriscado
Alguns moradores aproveitam uma pausa nas precipitações para sair em busca de um lugar seco, possivelmente na casa de amigos ou parentes, e tentar salvar ao menos alguns pertences. Porém, caminhar nas ruas alagadas é arriscado, pois não há como saber o que há embaixo da água. Quem não tem para onde ir, se refugia em abrigos públicos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Corrente do bem
Além das pessoas que estão ajudando voluntariamente nos resgates, muitas outras de todo o estado e de outras unidades da federação estão doando água, alimentos, roupas e material de higiene pessoal, entre outros produtos. Em Porto Alegre, 85% das pessoas estão sem água potável.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rua virou rio
Em Canoas, várias ruas mais parecem rios. Segundo a prefeitura, pelo menos dois terços da cidade foram afetados pelas enchentes.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Casas submersas
Em algumas áreas da região metropolitana, como neste bairro de Canoas, as águas deixaram casas totalmente submersas.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rio Taquari acima dos 30 metros
O rio Taquari, que passa por cidades como Lajeado, Estrela e Encantado, passou dos 30 metros e atingiu o maior nível já registrado. Autoridades pediram para as pessoas deixarem suas residências e não retornarem mesmo se o nível baixar, pois pode voltar a chover.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Cobertos pela lama
Em Encantado, estes veículos foram levados pelas águas e ficaram cobertos de lama. A Confederação Nacional dos Municípios estimou que os prejuízos com as enchentes superam meio bilhão de reais.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Lula foi ao Rio Grande do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Rio Grande do Sul, junto com uma comitiva de 18 pessoas, para acompanhar os resgates e a prestação de assistência humanitária. No domingo (05/05), ele sobrevoou Porto Alegre ao lado do governador Eduardo Leite e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Dias antes, ele havia estado em Santa Maria, também afetada pela enchente.
Esta é a quarta catástrofe ambiental em menos de 12 meses no Rio Grande do Sul. Em setembro de 2023, a mesma região do estado também foi duramente atingida pelas enchentes, com um total de 54 mortos.