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Mudança climática deve intensificar ondas de calor fatais

20 de junho de 2017

A partir de 37ºC, mecanismos de termorregulação ficam comprometidos, e umidade agrava o perigo. Segundo cientistas do Havaí, mortes por calor podem mais do que dobrar até o fim do século, dependendo dos níveis de CO2.

Relógio de farmácia registra 40ºC no centro-leste da França
Relógio de farmácia registra 40ºC no centro-leste da FrançaFoto: Getty Images/P.Desmazes

Atualmente, cerca de 30% da população mundial já é exposta, durante pelo menos 20 dias por ano, a temperaturas e umidade atmosférica que comprometem significativamente a termorregulação do organismo, com potencial fatal.

Em artigo para a revista especializada Nature Climate Change, a equipe liderada por Camilo Mora, da Universidade do Havaí em Manoa, Honolulu, alerta que, devido ao aquecimento global, essa taxa poderá crescer nas próximas décadas.

Devido à mudança climática, até o ano 2100 poderá chegar a 48% da população a porcentagem dos seres humanos ameaçados pela morte devido ao calor, mesmo que haja uma redução drástica das emissões globais de dióxido de carbono. Caso estas se mantenham no nível atual, então até 74% da população poderá estar exposta a ondas de calor extremas.

Escolha entre o ruim e o horrível

Mora e sua equipe avaliaram estudos sobre mortes por calor publicados entre 1980 e 2014. Em 783 relatos compilados em 164 cidades de 36 países, sobretudo da Europa Meridional e centro-leste dos Estados Unidos, eles detectaram um incremento do nível de mortalidade relacionada a temperaturas altas.

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Por exemplo, durante uma onda de calor na Europa em 2003, milhares de pessoas morreram na França e na Alemanha. Em 2010, mais de 10 mil sucumbiram ao calor em Moscou. Em Chicago, em 1995, o número de vítimas foi de 740. Também Nova York, Londres, Tóquio e Toronto, entre outras, sofreram com condições meteorológicas extremas.

A fim de determinar a partir de que ponto extremos de calor passam a ser fatais, os pesquisadores do Havaí analisaram em detalhe as condições climáticas durante as épocas em questão – temperatura, umidade, velocidade do vento e níveis de radiação –, comparando-as com fases moderadas. Sua conclusão é que temperatura e umidade relativa do ar são os fatores decisivos.

Quando a temperatura externa ultrapassa a média do corpo humano, de cerca de 37ºC, ele não consegue mais liberar calor, hiperaquecendo-se. Além disso, se a umidade atmosférica é alta, deixa de funcionar o principal mecanismo de regulação térmica do organismo, a transpiração. Nesse caso, também temperaturas menos elevadas podem ser mortais.

A visão de futuro de Camilo Mora é pessimista: "No tocante a ondas de calor, temos a escolha entre ruim e horrível." Já em 2015, pesquisadores divulgaram um prognóstico sombrio para os Estados do Golfo Pérsico: devido à mudança climática, dentro de poucas décadas as temperaturas na região poderão ultrapassar regularmente os 60ºC – mesmo para indivíduos saudáveis, um calor humanamente insuportável.

AV/ots/dpa

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