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Clima está chegando a um ponto sem volta, diz chefe da ONU

2 de dezembro de 2019

Antes da abertura da COP25 em Madri, António Guterres pede um fim à "guerra contra a natureza" e mais esforços por parte dos maiores emissores de CO2. Para ele, são necessários compromissos mais ambiciosos pelo clima.

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres: "Nossa guerra contra a natureza tem que acabar"Foto: Getty Images/AFP/C. Quicler

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou em entrevista coletiva em Madri que o combate à crise climática está chegando a um "ponto sem retorno".

Na véspera da abertura oficial da 25ª edição da Cúpula do Clima (COP25), que começa nesta segunda-feira (02/12) na capital espanhola, Guterres explicou que sua mensagem não é de desespero, mas de esperança, embora seja necessário que as pessoas parem de agredir a natureza.

"Somos confrontados com uma crise climática global, e o ponto sem volta não está mais no horizonte, está à vista e se aproximando de nós", disse Guterres. "Nossa guerra contra a natureza tem que ter um fim, e sabemos que isso é possível."

O chefe da ONU destacou que "as mudanças climáticas estão acontecendo mais rápido que o previsto", motivo pelo qual são necessários compromissos mais ambiciosos, como aumentar o preço do carbono e acabar com usinas de combustíveis fósseis.

"Simplesmente precisamos parar de cavar e perfurar, e tirar vantagem das vastas possibilidades oferecidas pela energia renovável e das soluções baseadas na natureza", propôs.

"Também estamos vendo claramente que os maiores emissores do mundo não estão se esforçando", avisou. "Sem eles, nosso objetivo é inacessível", frisou Guterres.

O secretário-geral da ONU afirmou ser preciso "aumentar a ambição e a responsabilidade", ao dizer que os países devem "apresentar seus compromissos" no evento. O maior emissor de carbono do mundo é a China, seguida dos Estados Unidos.

Delegações de aproximadamente 200 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, organizações não governamentais, membros da comunidade científica, representantes do mundo empresarial e outros grupos se reúnem até 13 de dezembro em Madri para buscar melhorias na luta contra a crise climática.

Na cúpula climática da ONU do ano passado, em Katowice, na Polônia, os Estados-membros elaboraram um "livro de regras" para monitorar as reduções de emissões e fizeram planos para mais reduções futuras. No entanto, não houve acordo sobre elementos-chave, como estipular um preço para as emissões de CO2 que permita que os impostos de carbono sejam negociados entre países.

Na última sexta-feira, milhares de manifestantes saíram às ruas pelo mundo para exigir que líderes políticos adotem medidas concretas para combater o aquecimento global, dentro da série de mobilizações do movimento Greve pelo Futuro (Fridays for Future). Segundo os organizadores, atos ocorreram em 2.400 cidades em 157 países.

O papel europeu

A recém-empossada presidente da Comissão Europeia, a ex-ministra da Defesa alemã Ursula von der Leyen, estipulou metas climáticas arrojadas para sua gestão através de uma iniciativa política chamada Acordo Verde Europeu. Entre os objetivos estabelecidos está o plano de tornar a Europa o "primeiro continente neutro em carbono".

Ao tomar posse neste domingo, Von der Leyen saudou a COP25 como o "ponto de partida" perfeito para seus planos sobre política climática. "A Europa está liderando neste tópico, e sabemos que temos que ser ambiciosos pelo nosso planeta '', disse ela.

Nesta quinta-feira, os parlamentares europeus votaram para declarar "emergência climática" na UE, uma medida simbólica que visa aumentar a pressão sobre a Comissão Europeia e outros órgãos, no sentido de implementar políticas para deter o ritmo do aquecimento global.

MD/efe/ap/afp/rtr

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